sábado, 1 de março de 2014

Do meu velho Cine Barlan.


Do meu velho Cine Barlan.
Por André Setaro.

Era exatamente como este pequeno projetor que a imagem mostra: manivela verde, aparelho marrom, tudo igual. Em 1960, ainda com 9 anos de idade, ganhei este projetor com o qual passei anos a brincar com ele de exibição de filmes. Estes eram feitos de papel-manteiga desenhados com duas imagens e duas opções de movimento. Chamava-se Cine Barlan. Geralmente, os filmes, que eram girados pela manivela que se vê na foto, que, na verdade, girava-se apenas de cima para baixo e de baixo para cima, tinham em seus títulos: Ali Babá e os quarenta ladrões, Branca de Neve e os sete anões, O chapeuzinho vermelho etc. Que destino levou a minha máquina Barlan? Creio que, com o tempo, foi se quebrando e se destruiu.

Interessante observar que um objeto desses, na época de hoje, não despertaria nenhuma atenção com os novos suportes existentes: DVDs, internet etc. Mas, naquela época, o cinema tinha uma magia que não existe mais, pois as imagens em movimento eram exclusivas das salas de projeção. Ter um arremedo de cinema em casa já era uma maravilha mesmo que apenas por dois movimentos em cada quadro. Havia uma estupefação quando se via, pela primeira vez, um filme ou, melhor dizendo, quando se ia ao cinema pela primeira vez. Armando Maynard, de Aracaju/Sergipe, que tem um blog quase arqueológico sobre o cinema (http://fetichedecinefilo.blogspot.com/), deve ter conhecido o Cine Barlan, assim como o pessoal de minha geração.

Não duvido nada que Jonga Olivieri e Romero Azevedo também devam ter conhecido o Cine Barlan. Foi, para mim, um presente comprado nas Lojas Duas Américas da famosa rua Chile em Salvador, quando a Bahia era a Bahia com B maiúsculo e não a terra arrasada, violenta, dos tempos atuais. Havia, nas Lojas Duas Américas, um departamento de cinema e fotografia. Algumas pessoas da classe média alta compravam, neste, máquinas de fotografias caras e projetores na bitola 16mm. Constituía-se um luxo a família que possuía o projetor 16mm. Os filmes podiam ser alugados nas distribuidoras. A Metro Goldwyn Mayer, por exemplo, tinha um departamento exclusivo para o aluguel de fitas em 16mm, procuradas por famílias mais abastadas (eram muito caras) e clubes sociais. Outros tempos!

Foto e texto reproduzidos do blog: setarosblog.blogspot.com.br

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