sexta-feira, 24 de junho de 2016

Exposição de Cartazes do sergipano, Cândido Aragonez de Faria

 Fachada da Fundação Jérôme Seydoux-Pathé,
com projeto de Renzo Piano no interior. 
Michel Denancé - Coll. Fondation Jérôme Seydoux-Pathé.

 Candido de Faria, 1906, fonds Morieux
© Fondation Jérôme Seydoux-Pathé.

Cartaz de C. de Faria, 1907, fotografia de François Ayme
@ coll. Fondation Jérôme Seydoux - Pathé

Publicado originalmente no site pt.rfi.fr, em 15-09-2014.

Cartazes de brasileiro são destaque em nova fundação de cinema em Paris.

Por Patricia Moribe.

Paris ganha um novo endereço exclusivamente dedicado ao cinema, mais especificamente aos primórdios da indústria cinematográfica. É a fundação Jérôme Seydoux-Pathé. O prédio novo, construído onde antes havia um teatro, é assinado por Renzo Piano, um dos arquitetos mais conceituados do momento, co-autor do Centro Pompidou, o Beaubourg. A mostra de abertura traz os primeiros cartazes de filmes do cinema francês, assinados por um brasileiro, o sergipano Cândido Aragonez de Faria.

A fundação tem como objetivo ser um centro de pesquisas, exposição e projeção principalmente de filmes mudos. O nome vem da Pathé, empresa intimamente ligada ao início do cinema e até hoje existente, comprada em 1990 pelo grupo de Jérôme Seydoux. A presidente da fundação, Sophie Seydoux, explica que foram preservados todos os arquivos da Pathé, criada em 1896. Além de filmes, câmeras e projetores, a fundação conta com os documentos de contabilidade e minutas de reuniões de diretoria.

Ilustrador brasileiro

Há também os cartazes dos primeiros filmes, tema da exposição de abertura. Todos assinados por um tal C. de Faria, ou seja, Cândido Aragonez de Faria, sergipano de Laranjeiras, nascido em 1849. Ele estudou na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro e chegou à França em 1882, onde fez carreira e se tornou o principal ilustrador da Pathé de 1902 a 1911, ano em que morreu, aos 62 anos. Seu filho Jacques de Faria também foi ilustrador.

 Rodin

A visita à Fundação começa do lado de fora, diante de um portal preservado, esculpido em 1869 por um jovem estudante de Belas Artes, Auguste Rodin. A fachada era de um teatro que foi demolido para dar lugar ao projeto de Renzo Piano, uma bolha em vidro e aço, recoberta por painéis, lembrando a carapaça de um tatu, como já está sendo chamado o prédio. O primeiro andar abriga a coleção de câmeras e projetores antigos. No térreo, o hall, que traz alguns cartazes de Cândido de Farias, desemboca em um jardim zen, de onde se pode apreciar um outro lado da criação de Piano, envolta por prédios mais antigos.

O aposentado Jean, acompanhado da mulher, que veio do sul da França e fez questão de visitar o novo espaço dedicado ao cinema. “Fomos seduzidos pela inovação arquitetural do projeto, mas tem outro aspecto muito importante, que é a valorização do cinema mudo, uma época de enorme capacidade inventiva”, diz o cinéfilo.

No escurinho

As projeções de tarde trazem uma seleção de obras restauradas, acompanhadas ao vivo por um pianista, como se fazia nos tempos dos filmes mudos. Trata-se de uma oportunidade especial para apreciar a criatividade e humor dos primeiros cineastas, ainda com tão poucos recursos.

Texto e imagens reproduzidos do site: pt.rfi.fr

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