terça-feira, 12 de novembro de 2024

André Setaro (Registro de Notícia Publicada em 06/08/2011)

Legenda da foto: André Setaro revela dificuldades financeiras e recebe doações em dinheiro - (Crédito da foto: Bnews/Divulgação)

Publicação compartilhada do site BNEWS, de 6 de agosto de 2011 

Professor da UFBA faz apelo apelo pelo Facebook

Redação Bocão News

O professor André Setaro, da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, é a maior referência no estado quando o assunto é cinema. Amado por uns e odiado por outros, ele formou diversas turmas e goza do prestígio de ser o critico mais antigo em atividade na Bahia. Apesar do status e do salário de R$ 6.800, Setaro surpreendeu a todos quando revelou através do Facebook que passava por dificuldades financeiras. O professor da UFBA garante que dispõe apenas de R$ 4.400 líquidos por mês e que o valor não dá para manter as despesas da casa, sustentar a família, pagar aluguel e comprar remédios.

A situação gerou grande polêmica nas redes sociais. Alguns ex-alunos se sensibilizaram e ofereceram dinheiro. Outros criticaram a exposição e disseram que quem não tem dinheiro não pode morar no Jardim Apipema, bairro nobre da capital baiana. O professor - que é “safenado, hipertenso, e diabético” - revelou ainda que perdeu o plano de saúde há seis meses e que, em 10 anos, o salário teve reajuste de apenas 10% enquanto a inflação no mesmo período foi de 800%.

Por fim, ele pediu ajuda: “Quem se interessar em adquirir o meu box de três livros chamado ‘Escritos sobre Cinema: Trilogia de um tempo crítico’ pode se comunicar comigo no telefone 88067572 ou pelo e-mail setaro@gmail.com O preço, promocional, é de 60 reais.

Texto e imagem reproduzidos do site: www bnews com br

Entrevista com André Setaro (1950 - 2014)


Publicação compartilhada do site CONVERSA DE BALCÃO, de 12 de julho de 2014

Uma entrevista com André Setaro

Em novembro de 2007, o professor e crítico de cinema participou da Mostra Cinema Conquista e foi entrevistado para o jornal do evento. 

O crítico de cinema e professor de jornalismo, André Setaro, faleceu nesta quinta-feira, 10 de julho, em Salvador. Setaro havia sofrido um infarto no miocárdio na madrugada de quarta e estava internado desde então.

Em 2007, o crítico participou da Mostra Cinema Conquista e foi entrevistado pelo jornal do evento. Eu, ainda estudante de jornalismo na Uesb, participei, ao lado dos colegas Rafael Carvalho e Ian Kelmer, desta entrevista e compartilho aqui com vocês.

Para ampliar, basta clicar sobre a imagem.

Texto e facsimile reproduzidos do site: conversadebalcao com br

Despedida de André Setaro (Notícia de 12/07/2014)

REGISTRO DE NOTÍCIA publicada em 12/07/2014

Legenda da foto: A jornalista Helô Sampaio se despede do crítico de cinema da TribunaFoto: Francisco Galvão (@leiamaisba)

Publicação compartilhada do site LEIA MAIS BA, de 12 de julho de 2014 

Amigos e familiares se despedem do crítico de cinema André Setaro

Colunista fixo de cinema da Tribuna da Bahia desde 1974, Setaro foi ícone de profissionalismo na Tribuna

A jornalista Helô Sampaio se despede do crítico de cinema da Tribuna

Foi com muita emoção que dezenas pessoas entre familiares, amigos e admiradores de André Setaro se despediram do professor de artes visuais da Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom) e crítico de cinema respeitado na Bahia, durante enterro realizado no Campo Santo, na Federação, na manhã de ontem. Ele morreu na última quarta-feira (9), aos 64 anos, vítima de um infarto do miocárdio. Setaro chegou a dar entrada no Hospital Santa Izabel, onde sofreu dois infartos e uma parada cardíaca.

Colunista fixo de cinema da Tribuna da Bahia desde 1974, Setaro foi ícone de profissionalismo no jornal. “Ele colaborava com a Tribuna escrevendo sobre aquilo que ele mais gostava, que era o cinema. Ao longo desses 40 anos, manteve uma frequência quase semanal de comentários sobre o assunto. Sempre tive admiração muito grande por ele, pelos seus conhecimentos a cerca da arte cinematográfica e pela forma bem aprofundada com que ele preparava seus artigos”, destacou o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e diretor-presidente da Tribuna, Walter Pinheiro.

Professor da Facom por 35 anos, ele deixa amigos que se inspiraram com sua alegria de viver. “André era uma pessoa muito especial, muito alegre. Tinha uma amizade muito grande com os alunos. Passava seu profissionalismo e ética para eles. Ele era da turma dos práticos, apesar de achar que a teoria era muito importante. Vai ser uma perda muito grande para a Bahia,” disse Helô Sampaio, amiga pessoal e colega de profissão.

Com uma amizade fortalecida pelo amor ao cinema, José Humberto destaca que Setaro vinha se sentindo bastante só nos últimos meses. “Nos últimos tempos ele estava se sentindo muito solitário, isso acredito decorrente da doença dele. Mas eu acho que essa solidão dele, essa morte, foi muito assumida. Ele já havia chegado a uma compreensão da vida. Tinha uma visão muito irônica, que ele aprendeu com Machado de Assis,” contou o amigo.

De acordo com o irmão do crítico de cinema, João Setaro, o mais importante é que sejam preservadas as obras deixadas por André. “Os livros dele, a cultura que ele deixou, as biografias que ele escreveu, eu queria que fossem preservadas pela Facom. Ele foi o maior conhecedor de cinema da Bahia,” pediu. Dentre os trabalhos mais marcantes está o livro “Escritos sobre cinema: trilogia de um tempo crítico”, em que Setaro reúne informações, análises e reflexões sobre a arte cinematográfica produzidas ao longo dos anos de críticas publicadas no jornal da Tribuna.

O amor pelo cinema também envolvia os alunos, que passavam a admirar a sétima arte após algumas aulas de Setaro. “Ele era fantástico. Falava sobre cinema com uma paixão tão grande que a gente acabava se apaixonando também. Ele me ensinou a ter um olhar mais apurado pelo cinema”, contou a ex-aluna Luci Maria Cândida.

Vida dedicada ao jornalismo

Natural do Rio de Janeiro, André Setaro era formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia (1974) e possuía mestrado em História e Teoria da Arte pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (1998). Além disso, ele administrava um blog sobre cinema e uma coluna no Terra Magazine. Setaro também era pesquisador.  Recentemente ele fez a reedição da obra Panorama do Cinema Baiano, publicado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia.

A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) divulgou nota de pesar sobre a morte do professor. A Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), decretou luto e paralisação das atividades acadêmicas e administrativas ontem. Em nota, a Facom  lamentou a perda do professor, que era o mais antigo em atividade na instituição.

“É com grande pesar que anunciamos o falecimento do nosso professor decano André Olivieri Setaro, de infarto, na tarde desta quinta-feira (10/07/2014). A Faculdade de Comunicação – estudantes, servidores técnico-administrativos e professores – lamenta profundamente e manifesta sinceros sentimentos e solidariedade aos seus familiares e amigos. Muito querido pelos alunos, o professor André Setaro foi um dos maiores críticos de cinema da Bahia, atuando em jornais, revistas e sites. Deixa um legado de escritos sobre o cinema baiano,” informaram.

Texto e imagem reproduzidos do site: leiamaisba.com.br

Crítico de cinema, André Setaro (1950 - 2014)

Legenda da foto: "Para se ter boas críticas é necessário boa produção de filmes na Bahia" , defende o crítico André Setaro

Texto publicado originalmente por Circuito de Cinema Sala de arte em Clube da Crítica, Festival, de 14 de outubro de 2009

Sem papas na língua, o crítico André Setaro participa da estréia do Clube da Crítica

O primeiro Clube da Crítica, evento realizado pelo 6° Festival Internacional de Cinema de Salvador, contou com a presença do crítico de cinema André Setaro. O debate foi iniciado logo após a exibição do filme Crítico do diretor Kleber Mendonça. O próximo encontro do Clube da Crítica será realizado no dia 21 de outubro às 19h no Cinema do Museu com a exibição do filme Tudo isso me parece um sonho do cineasta Geraldo Sarno.

O longa Crítico reúne uma série de depoimentos colhidos entre os anos de 1998 e 2007, onde diversos críticos e cineastas, brasileiros e estrangeiros, apresentam seus pontos de vista quanto às experiências com críticas sobre seus próprios filmes. Nomes como João Moreira Salles, Cláudio Assis, Daniel Filho, Fernando Meirelles, Walter Salles, Gus Van Sant, Tom Tykwer, Richard Linklater, Eduardo Coutinho, dentre outros, compõem o rol de convidados. Na opinião de Setaro, “um bom filme, principalmente pela quantidade de depoimentos preciosos”. A lógica da montagem do filme se rege por uma coerência interna, mas não há necessariamente uma postura de oposição entre as falas. O que é dito antes pode, ou não, ser contestado pelo depoimento posterior.

Em seu discurso, Setaro aponta a deficiência da boa crítica fora do eixo Rio de Janeiro – São Paulo. Falando mais precisamente da Bahia, declara que a falta de críticas relevantes se deve à incipiente boa produção de filmes no estado. E também afirma que “se tivesse crítica na Bahia, não teria influência significativa na vida das pessoas que frequentam o cinema”. A partir desse pressuposto, analisa o atual comportamento do público, em que a escolha dos filmes se faz de forma aleatória e a ida ao cinema se insere na programação do passeio ao shopping. Defende que, hoje em dia, a prática de “shoppear” se sobressai em relação às atividades culturais, onde o cinema está inserido. Fazendo comparações com o cinema feito nos anos 60 e 70, aborda o entusiasmo dos críticos em analisar os filmes, devido à rica produção e, onde a febre dos blockbusters nem imaginava ter espaço. “Atualmente, há uma mediocridade da produção, uma decadência e crise no processo criativo”, enfatiza. Questionado por um dos participantes do debate sobre como equilibrar a relação de amizade com cineastas baianos e o ofício de produzir críticas, Setaro responde que a situação é difícil, mas que não pode ser paternalista, já que acredita que a crítica tem a função de barrar uma má produção, forçando-a a se aprimorar.

Texto e imagem reproduzidos do site: circuitosaladearte wordpress com

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Homenagem a André Setaro (1950 - 2014)


Observatório Cineclubista Brasileiro

Morreu André Setaro

By artigos, Observatório

Tristeza. Um sentimento de perda com danos colaterais. Perdeu a Bahia e o Brasil. Perdeu o  cinema. O nosso Cinema, o baiano e o brasileiro. A Jornada da Bahia, o jornalismo, a crítica. Morreu um bom brasileiro baiano – apesar de ser carioca. Um amigo. Companheiro de tantas lutam houveram para serem lutadas por aqueles que contribuíram para o fortalecimento do nosso audiovisual. Baiano, brasileiro, nacional, latino-americano. 

Morreu André Setaro.

Por João Baptista Pimentel Neto*

João Baptista Pimentel Neto. Perfil DiálogosSetaro havia sofrido um infarto no miocárdio na madrugada de quarta-feira, 9, e estava internado desde então. Não resistiu. Partiu. Foi visitar Glauber Rocha. Ou não, já que costumava dizer que era anarquista e ateu. Cardíaco e fumante inveterado. Irreverente, irônico e amante da polêmica. Setaro andava preocupado. Principalmente depois da morte do também crítico de cinema, João Carlos Sampaio, vítima de infarto. Em sua coluna no Terra Magazine do dia 5 de maio, Setaro comparou o infarto fulminante sofrido pelo amigo com o de seu pai, que morreu com a mesma idade. “O enfarte fulminante, que tirou a vida de João Carlos Sampaio, é traiçoeiro, e a morte não manda aviso nem recado.Desde criança, ficava apreensivo quando alguém morria do coração. Os médicos sempre diziam que o fator genético é importantíssimo”, registrou.

Depois em posts de seu perfil do facebook, insistiu no assunto e enumerou as vezes que teve problemas do coração e precisou ser operado, até terminar dizendo: “Oito anos já se passaram e continuo carregando minha ‘barca’, ainda que em companhia do inseparável Marlboro e dos goles gulosos na cerveja aos fins de semana”. Parecia preocupado. Parecia quase saber. E assim foi, se foi… Adeus companheiro!

Um pouco sobre

Natural do Rio de Janeiro, Setaro se formou em Direito na Universidade Federal da Bahia. Professor adjunto da Faculdade da Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba) por 35 anos, Setaro era também crítico de cinema do jornal Tribuna da Bahia, uma coluna no Terra Magazine e editor do seu famoso seu Setaro´s Blog.

O crítico analisa o cinema no baiano e nacional e elege Glauber Rocha e sua obra-prima Deus e o Diabo na Terra do Sol como o melhor diretor e respectivamente maior obra cinematográfica do país.Tendo também atuado como assistente de direção e ator em algumas produções baianas, nesta entrevista ao programa Visão de Mundo falou sobre a arte que ele diz ter aprendido a gostar com prazer e sofrimento. “Você não pode só ter prazer, você precisa sofrer para conhecer”, afirmou.

Texto, imagem e vídeo reproduzidos dos sites: observacine wordpress com e youtube com

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Confira a Entrevista de Setaro a Sandro Santana publicada no Caderno de Cinema:

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

"Ainda estou aqui", ganha prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza

Texto compartilhado do site G1 GLOBO, de 23 de outubro de 2024

'Ainda estou aqui' faz de história pessoal inspiradora um sensível alerta contra o fascismo; g1 já viu

Fernanda Torres brilha em filme do reencontro de Fernanda Montenegro e o diretor Walter Salles. Adaptação de livro de Marcelo Rubens Paiva estreia em 7 de novembro.

Por Cesar Soto, g1

Apesar de adaptar o livro de memórias de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, "Ainda estou aqui" faz da história muito pessoal da família do escritor um alerta bem universal sobre os perigos do fascismo.

Com o olhar sensível do diretor Walter Salles – um breve reencontro com Fernanda Montenegro – e a interpretação hipnotizante de Fernanda Torres, se junta à lista de filmes brasileiros que marcam gerações, como "Central do Brasil" (1998) e "Cidade de Deus" (2002).

Depois do prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, diversos elogios da imprensa estrangeira, e algumas exibições disputadas na Mostra de SP, a obra estreia no país em 7 de novembro como a maior chance de indicação nacional ao Oscar em mais de duas décadas.

Uma história resumida

É possível resumir o filme como a história da mãe do escritor, Eunice Paiva (Torres), uma dona de casa de uma família influente que é obrigada a se reinventar após o assassinato de seu marido pela ditadura militar nos anos 1970.

Sinopses são inevitavelmente reducionistas, mas essa parece ainda mais do que o normal. "Ainda estou aqui", dividido pelo desaparecimento do engenheiro e ex-deputado federal Rubens Paiva (Selton Mello), vai muito além.

A primeira metade é o retrato ensolarado de um casal apaixonado e seus cinco filhos, com uma bela casa na beira da praia no Rio de Janeiro.

Na segunda, cortinas se fecham e o lar se esvazia com a ausência de Rubens – e a interpretação imensa de Torres preenche esse espaço com o propósito furioso, porém contido de uma mãe que se recusava a chorar na frente dos filhos.

Mulheres notáveis

Salles não precisa mostrar os horrores aos quais o engenheiro foi submetido até sua morte. O desespero da família com a falta de respostas e a absoluta falta de decência e respeito do regime estampadas na tela são mais do que suficientes para mostrar os perigos do fascismo e calar – com algum otimismo – aqueles que pedem o retorno de uma ditadura.

A sensibilidade do cineasta e dos roteiristas, Murilo Hauser e Heitor Lorega, impedem que o alerta soe enfadonho. Mesmo assim, o projeto não seria nada sem essas duas mulheres notáveis.

A história de Eunice – que se torna uma das ativistas de Direitos Humanos mais importantes do país após voltar à faculdade com mais de 40 anos, ao mesmo tempo em que luta para que militares reconheçam o que fizeram com seu marido – sempre daria um grande filme.

Mas Torres eleva sua interpretação à altura da retratada e, com isso, alça a obra a patamares ainda mais altos. Com elas, Salles, o roteiro sem gorduras e um elenco dos mais competentes, "Ainda estou aqui" é muito mais do que a soma de suas partes – uma espécie de progressão geométrica da qualidade.

E Fernandona?

Todo mundo vai encontrar algo com que se identificar e se relacionar em "Ainda estou aqui". Quando a trama avança, é difícil segurar as lágrimas diante da felicidade absurda da protagonista que se recusa a não sorrir, a deixar que tomem sua dignidade.

A vitória simbólica sofre contraste ainda maior com a cena final, na qual Montenegro toma o papel da filha. A atriz veterana prova em poucos minutos por que é a maior que temos, sem falas e um olhar perdido por causa do Alzheimer.

A forma de Eunice a essa altura pode ser muito diferente da mulher esbelta e elegante do começo do filme, mas o filme mostra que sua situação é a mesma, cercada pelo amor dos familiares como as primeiras cenas – mesmo que a memória não registre mais.

Texto reproduzido do site: g1 globo com/pop-arte

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sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Vladimir Carvalho, cineasta e documentarista, morre aos 89 anos


Publicado originalmente no site G1 GLOBO DF, de 24 de outubro de 2024 

Vladimir Carvalho, cineasta e documentarista, morre aos 89 anos em Brasília

Segundo amigos, cineasta estava internado há três semanas por causa de problemas renais e não resistiu. Entre obras dele estão 'O País de São Saruê', 'Conterrâneos velhos de guerra', e 'Barra 68'.

Por Morena Pinheiro, Morillo Carvalho, TV Globo

O cineasta Vladimir Carvalho morreu, nesta quinta-feira (24), aos 89 anos em um hospital de Brasília. Foram mais de 50 anos dedicados ao cenário cinematográfico brasiliense e brasileiro. A informação foi confirmada pela TV Globo. Segundo amigos de Vladimir, ele estava internado há três semanas por causa de problemas renais e não resistiu.

O velório será nesta sexta (25), no Cine Brasília, das 9h30 às 13h30. O cineasta será sepultado às 14h30 no jazigo dos Pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

Vladimir nasceu em Itabaiana, na Paraíba. No Distrito Federal, foi professor da Universidade de Brasília (UnB) por mais de 20 anos. Ele fundou a Associação Brasileira de Documentaristas e, em 1994, criou a Fundação Cinememória, que abriga o acervo do artista.

O artista era irmão do também cineasta Walter Carvalho. Entre as obras de Vladimir Carvalho, representante do movimento chamado Cinema Novo, estão "O País de São Saruê", de 1971; "Conterrâneos velhos de guerra, de 1991"; e "Barra 68", de 2000.

As mais de 20 obras do cineasta sobre política e história brasileira levaram Vladimir Carvalho a se tornar um dos nomes mais importantes do cinema do Brasil.

A reitora da UnB, Márcia Abrahão, lamentou a morte do artista. "Ele nos deixa um grande legado, não só da sua produção cinematográfica, mas também do seu olhar crítico sobre a ditadura militar, e foi também um dos que resistiram naquele momento de muitas dificuldades para a nossa universidade", disse Márcia Abrahão.

O governador Ibaneis Rocha (MDB) também lamentou a morte do cineasta nas redes sociais e anunciou luto oficial de três dias no Distrito Federal. "Referência do cinema brasileiro, o professor Vladimir Carvalho dedicou sua arte para denunciar injustiças e dar voz aos desassistidos numa época de censura e de perseguição política", disse o chefe do Executivo.

Texto reproduzido do site: g1 globo com/df

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BIOGRAFIA

Vladimir Carvalho nasceu em Itabaiana, no estado da Paraíba, em 31 de janeiro de 1935. Ainda criança é conduzido à Recife, aonde vive aos cuidados da tia materna, para cursar o primário. Em 1949 volta à Paraíba e se estabelece João Pessoa. Neste ano nasce seu irmão, Walter Carvalho. Terminado o ginásio, em 1954, onde foi aluno de geografia de Linduarte Noronha, que ainda não era cineasta e ingressa no curso clássico. Fazia um programa de rádio, Luzes do Cinema, em 1959 e colaborou na imprensa local como crítico iniciante, ganhando o apelido de Vladimir Vorochenko por conta da mania de filmes russos-soviéticos. Neste mesmo ano Linduarte Noronha o convida para escrever o roteiro de Aruanda, do qual seria, depois, também assistente de direção, com João Ramiro Mello. Após terminar o secundário, em João Pessoa, começa o curso universitário de filosofia na Universidade Federal da Paraíba. A fim de ir ao encontro de um dos grandes núcleos do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), transferiu sua matrícula da faculdade para a Universidade da Bahia, em Salvador. Lá conheceu Glauber Rocha e integrou o chamado movimento do Cinema Novo, sendo parte da vertente documentarista do movimento. Com João Ramiro e produz, em 1962, seu primeiro filme, Os Romeiros da Guia, um curta-metragem, filmado em preto e branco, com uma câmera de 35 mm. Em 1964, Vladimir é convidado por Eduardo Coutinho, para ser seus assistente de direção do seu filme Cabra Marcado para Morrer (1964/1984). Com o golpe militar de abril de 1964, Vladimir Carvalho e Eduardo Coutinho interrompem as filmagens de Cabra Marcado para Morrer e passam a viver na clandestinidade. Vai então para o Rio de Janeiro, onde é apresentado a Arnaldo Jabor, jovem cineasta do movimento cinemanovista carioca, que o convida a ser seu assistente de direção no documentário Opinião Pública (1966), sobre a juventude da classe média carioca em tempos de regime totalitário. Em 1967, durante o Festival de Brasília rencontra seu companheiro deCabra Marcado para Morrer, o fotógrafo Fernando Duarte, que lhe convida para continuar em Brasília com o objetivo de realizar o projeto do núcleo de produção de documentários do centro-oeste pela Universidade de Brasília. Vladirmir torna-se então professor da Universidade de Brasília, aonde leciona até hoje. Sua obra cinematográfica é constituída por documentários que totalizam 23 títulos e vários prêmios. Fundou, em Brasília, a Associação Brasileira de Documentaristas e em 1994 cria a Fundação Cinememória, que abriga todo o seu acervo.

domingo, 20 de outubro de 2024

Documentário: "Super/Man: A História de Christopher Reeve"



Sinopse

Super/Man: A História de Christopher Reeve é um documentário que explora a ascensão meteórica de Christopher Reeve ao estrelato com sua interpretação icônica de Superman, e como sua vida se transformou após um acidente que o deixou tetraplégico. A partir de imagens de arquivo e registros inéditos, o longa revela a trajetória do ator, desde seu papel definitivo como Clark Kent/Superman, que redefiniu os super-heróis no cinema, até seu envolvimento em diversos projetos cinematográficos. O documentário inclui entrevistas exclusivas com amigos próximos, como as atrizes Susan Sarandon e Glenn Close, além de relatos emocionantes de sua esposa, Dana Reeve, e de seu filho, Will Reeve. A amizade profunda entre Reeve e o ator Robin Williams também é destacada. Após o acidente, Reeve tornou-se um líder carismático na luta pela cura de lesões na medula espinhal e um defensor incansável dos direitos das pessoas com deficiência, continuando a atuar e a dirigir filmes. O filme oferece uma narrativa tocante, e proporciona uma visão íntima e inspiradora da vida e do legado de Christopher Reeve.

Fonte: Do site www adorocinema com

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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Anselmo Duarte > O galã que conquistou Cannes

Artigo compartilhado do site ALMANAQUE BRASIL

Anselmo Duarte

Escrito por Bruno Hoffmann   

O galã que conquistou Cannes

O garoto que sonhava ser projecionista no interior de São Paulo tornou-se uma das figuras mais importantes do cinema nacional. Maior galã das nossas telas, enfrentou preconceito de tudo que é lado quando resolveu ir para trás das câmeras. Mas tornou-se nosso único vencedor em Cannes.

Quando pequeno, ele tinha uma certeza na vida: queria seguir a profissão do irmão Alfredo, projecionista do Cine Pavilhão, em Salto, no interior de São Paulo. Era o auge do cinema mudo, e o menino se encantava assistindo aos sucessos da época. Até que conseguiu um emprego: era o novo molhador de telas da sala local – ofício que consistia em umedecer o tecido que recebia a projeção, evitando que ele se queimasse. Mal sabia que chegaria bem mais longe do que o irmão. Anselmo Duarte seria um dos maiores – se não o maior – galã do cinema brasileiro, e o único diretor a conquistar a Palma de Ouro, em Cannes.

Seu caminho rumo ao sucesso foi vertiginoso. Aos 14 anos, mudou-se para São Paulo. Entre outros bicos, tornou-se dançarino de cassinos. Logo partiu para o Rio de Janeiro. Na cidade, foi figurante do lendário É Tudo Verdade, documentário inacabado sobre o Brasil, dirigido pelo diretor norte-americano Orson Welles.

Com talento e pinta de galã, foi se encaixando em outros filmes. A partir de 1946, brilhou nas chanchadas da Cinédia e da Atlântida, em filmes como Terra Violenta, Carnaval no Fogo e Pinguinho de Gente. Muitas vezes, no papel principal. Em 1951, assinou contrato com a Vera Cruz – com direito ao maior salário da companhia. Mas o galã que fazia as donzelas suspirarem aspirava por projetos ainda maiores.

Atrás das câmeras

Ao mesmo tempo em que a fama de galã lhe abria portas, também trazia dificuldades. De todos os tipos. Costumava se dar mal ao encontrar valentões na rua, dispostos a encarar o bonitão mais famoso da cidade. Talvez por isso tenha se tornado praticante de judô e faixa preta de jiu-jitsu, chegando inclusive a fazer apresentações no Maracanãzinho ao lado de Hélio Gracie, um dos grandes disseminadores da luta no País. “Todo mundo queria me bater”, disse, anos mais tarde, se divertindo.

Mas não pense que Anselmo tinha orgulho de ser galã. Era algo que lhe incomodava, principalmente pela carga pejorativa do termo. Numa entrevista à revista Época, em 2003, confessou que não se sentia à vontade sequer atuando, quanto menos como o mocinho dos enredos. “O meu azar foi ser galã. Eu era tímido. Nunca desejei ser ator. Queria ser diretor de filmes. Então me definiria, sem soberba, com honestidade e coragem, depois de 55 anos de cinema, como um realizador de filmes. Aqui ou em qualquer parte do mundo. Essa é minha profissão.”

E o grande preconceito que encontrou foi justamente quando resolveu ser diretor. Em 1957, rodou a comédia Absolutamente Certo – sucesso de público que lhe rendeu muito dinheiro. A crítica e os diretores, no entanto, torceram o nariz. Perguntavam-se, num tom carregado de deboche: “Como é que pode um mero galãzinho se atrever a ser diretor de cinema?”

As desconfianças aumentaram ainda mais quando comprou os direitos de filmagem de O Pagador de Promessas, peça de Dias Gomes que discutia a reforma agrária, preconceito de classes e intolerância religiosa. Até o autor ficou desconfiado. Chegou a anunciar que, dependendo do resultado nas telas, tiraria seu nome dos créditos.

As consequências todos sabem: o filme no qual ninguém acreditava, com Leonardo Villar interpretando o papel principal, levou a Palma de Ouro em Cannes, em 1962. Até hoje, Anselmo é o único diretor brasileiro a realizar a proeza. Boa parte da intelectualidade da época torcia por Anjo Exterminador, do politizado diretor espanhol Luís Buñuel. Anselmo respondeu às críticas décadas depois, numa entrevista ao site Memória Viva: “Eles não admitiam que eu tinha ganho do Buñuel. Para mim, melhor que o Buñuel tinha uns cinco lá. Gostavam dele porque falava mal dos Estados Unidos, falava mal do patrão. Mas os filmes dele são primários. O Anjo Exterminador era uma fita chata, imbecil. Vai sofrer assim nos quintos dos infernos. Cinema não foi feito pra isso”.

“Se vencer, não presta”

A vida seguiu, e Anselmo continuou rodando filmes: Vereda de Salvação (1964), Um Certo Capitão Rodrigo (1971), baseado em O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, O Crime do Zé Bigorna (1977). Alguns elogios no exterior, muitas críticas no Brasil, principalmente do pessoal oriundo do Cinema Novo. Ele desabafava: “No Brasil, se você não é o vencedor, você é formidável. Mas se você ganhar, dizem: ‘Não era tudo isso’. Brasileiro não gosta de quem vence”.

Com o tempo, passou a filmar menos, a ser menos falado. Mas sua produção o fez um dos mais atuantes cineastas da história do Brasil. Entre ator, diretor e redator, participou de quase 50 filmes, de todos os gêneros. Poucos chegaram a números parecidos.

Dias depois de sua morte, em 7 de novembro de 2009, Glória Menezes, uma das atrizes de O Pagador, declarou: “Todos tínhamos profundo respeito por Anselmo. Seguro, determinado, sem pose de gênio, sem gritos, sem exibições megalomaníacas”. E lembrou, com um quê de puxão de orelha nos críticos: “Lamento por quem não conheceu Anselmo. Perdeu suas histórias, perdeu suas mentiras, perdeu seu afeto e amizade”.

Texto reproduzido do site: almanaquebrasil com br

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Maggie Smith, atriz de 'Harry Potter'... morre aos 89 anos

Texto compartilhado do site G1 GLOBO, de 27 de setembro de 2024 

Maggie Smith, atriz de 'Harry Potter' e 'Downton Abbey', morre aos 89 anos

Filhos da atriz disseram que ela morreu 'pacificamente no hospital' e causa não foi informada. Ela ganhou dois Oscars, quatro Emmys, três Globos de Ouro, um Tony e sete Baftas.

Por g1

Maggie Smith, atriz de "Harry Potter" e "Downton Abbey", morreu aos 89 anos. A informação foi confirmada por seus filhos, Toby Stephens e Chris Larkin. "É com grande tristeza que informamos a morte de Maggie Smith", informou o comunicado. A causa da morte não foi informada.

"Ela morreu pacificamente, no hospital, na manhã desta sexta-feira (27). Uma pessoa intensamente reservada, esteve com seus familiares e amigos até o fim. Ela deixa dois filhos e cinco amados netos que estão devastados com a enorme perda de sua extraordinária mãe e avó."

A família ainda agradeceu a toda a equipe médica que cuidou da atriz e as mensagens carinhosas e ainda pediu privacidade neste momento.

Maggie Smith, atriz de Harry Potter e Downton Abby, morre aos 89 anos

Nascida em 28 de dezembro de 1934 em Ilford, Essex (sudeste da Inglaterra), Margaret Smith debutou nos palcos da Oxford Playhouse no início dos anos 1950. Em seguida, ingressou na trupe teatral londrina de Old Vic, depois na do Royal National Theatre, onde teve muito sucesso ao lado de seu marido, o ator Robert Stephens.

Sua carreira no cinema decolou na década de 1960 e ela ganhou, em 1969, o Oscar de Melhor Atriz por "Primavera de uma Solteirona". A atriz ainda é vencedora de um segundo Oscar, por "California Suite", de 1979. Além disso, ganhou quatro Emmys, três Globos de Ouro, um Tony e sete Baftas.

Durante sua longa carreira, "Dame Maggie" assumiu papéis diversos. Foi de madre superiora ao lado de Whoopi Goldberg em "Mudança de Hábito" (1992) à professora de "transfiguração" Minerva McGonagall nos filmes da saga "Harry Potter". Ela foi uma acompanhante neurótica em "Uma Janela para o Amor" (1986) e uma idosa sem-teto em "A Senhora da Van" (2015).

Ícone do teatro e do cinema britânicos, Maggie Smith conquistou o carinho de um vasto público internacional no papel da rabugenta, mas cativante condessa Lady Violet na série "Downton Abbey".

Lady Violet, com seus comentários ácidos, fez com que ela se tornasse uma celebridade ainda mais global. "Eu vivia uma vida perfeitamente normal antes de Downton Abbey", disse ela, em 2017, no British Film Institute (BFI). "Ia ao teatro, galerias de arte, coisas assim, sozinha. Agora já não posso mais", lamentou.

A atriz interpretou a exigente aristocrata por seis temporadas da série, entre 2010 e 2015. Depois de inicialmente se recusar a participar da adaptação da série para o cinema, finalmente concordou em encarnar novamente a aristocrata inglesa.

Vida pessoal

Na vida pessoal, foi casada com Robert Stephens, alcoólatra, infiel e depressivo. Com ele, ela teve dois filhos, Chris Larkin e Toby Stephens. Maggie e Stephens se divorciaram em 1975. Ela se casou pouco depois com o dramaturgo Beverley Cross, com quem foi viver e trabalhar no Canadá.

Maggie Smith foi nomeada Comandante da Ordem do Império Britânico em 1990 e Companheira de Honra em 2014, uma recompensa pelos serviços prestados ao país no campo das artes.

A atriz sobreviveu ao diagnóstico de câncer de mama em 2007 e participou das filmagens de "Harry Potter e o Enigma do Príncipe" (2009) enquanto fazia quimioterapia. Ela também sofria da doença de Graves, uma condição autoimune da tireoide que causa o movimento do olho para fora de sua órbita.

Entre seus colegas, Maggie era conhecida por seu humor e sua preocupação com a perfeição.

"É verdade que eu não tolero imbecis e, portanto, eles não me toleram. Por isso eu me irrito. Talvez seja por isso que sou boa o suficiente para interpretar velhas tolas", confessou ao jornal "The Guardian" em 2014.

Texto reproduzido do site: g1 globo com/pop-arte

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Cinemas de Estância: o Centro Educativo Gonçalo Prado

 



Post compartilhado da fanpage do Facebook/Memórias de Estância, de 9 de agosto de 2020 

Cinemas de Estância: o Centro Educativo Gonçalo Prado

Um dos cinemas mais charmosos de Estância, o Centro Educativo Gonçalo Prado foi inaugurado em 16 de dezembro de 1944. O idealizador e realizador da obra foi o empresário Júlio César Leite (1896-1990), à época diretor da Fábrica de Tecidos Santa Cruz. O seu objetivo era dotar o bairro operário de um espaço que acolhesse de forma confortável um significativo público e que permitisse, do ponto de vista técnico, a apresentação das grandes companhias teatrais que percorriam o Brasil, assim como a exibição dos grandes sucessos do cinema naquele período. 

Ao longo das décadas de 40, 50, 60 e 70, apresentaram-se no Centro Educativo Gonçalo Prado artistas consagrados, como Luiz Gonzaga, Orlando Silva, Vicente Celestino, Dalva de Oliveira e Grande Otelo. Além disso, foram projetados clássicos a exemplo de Os Brutos Também Amam (faroeste). 

A política de preços dos bilhetes buscava tornar o acesso à casa de espetáculos o mais democrático possível. Além disso, havia um aspecto curioso: só era permitida a entrada de homens que estivessem usando gravata. Mas, como já era de se esperar, essa regra era burlada, conforme indica o pesquisador  Carlos Modesto:

“nem sempre funcionava, porque, às vezes, a pessoa entrava com esse acessório e, pelas laterais, passava, através do muro, a gravata para algum colega que havia esquecido ou que tinha resolvido ver o filme de última hora [...] muitas vezes essa astúcia era empregada para o uso de aproximadamente dez pessoas”. 

Em 1950, a administração do Centro Educativo é passada por Júlio Leite ao seu filho, o engenheiro Jorge Prado Leite. O novo diretor empregou, em fins dessa mesma década, uma grande reforma que durou aproximadamente 2 anos e dotou o cinema da tecnologia de Cinemascope (tela larga). 

Em 1976, com a falta de público para as apresentações e projeções, Jorge Leite decidiu encerrar as atividades neste que é considerado um dos mais belos cinemas da antiga Estância. 

Imagens e informações extraídas de:

MODESTO, Carlos. Sombras da Saudade: a História dos Cinemas da Cidade de Estância. Salvador: Ponto e Vírgula, p. 135-152.

Texto e fotos reproduzidas da fanpage Facebook/Memórias de Estância.

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

“Gladiador II” ganha novos trailer repleto de ação e pôster nacional

Publicação compartilhada do site ATOUPEIRA, de 23 de setembro de 2024

“Gladiador II” ganha novos trailer repleto de ação e pôster nacional

Paul Mescal, Denzel Washington, Pedro Pascal e Joseph Quinn trazem de volta a Roma Antiga em novo trailer do aguardado “Gladiador II”, da Paramount Pictures.

Sequência do longa vencedor de 5 estatuetas do Oscar, incluindo Melhor Filme, teve a nova prévia divulgada hoje, além de um novo pôster oficial. O filme chega aos cinemas brasileiros em 14 de novembro.

“Gladiador II” continua a saga épica de poder, intriga e vingança ambientada na Roma Antiga. Anos depois de testemunhar a morte do venerado herói Maximus, Lucius (Paul Mescal) é forçado a entrar no Coliseu depois que seu lar é conquistado pelos imperadores tirânicos que agora comandam Roma com mão de ferro.

Com a raiva em seu coração e o futuro do Império em jogo, Lucius deve olhar para o seu passado para encontrar força e honra para devolver a glória ao povo romano.

Ridley Scott volta à cadeira de direção para a sequência e também assina a produção do longa, ao lado de Douglas Wick, Lucy Fisher, Michael Pruss e David Franzoni. O roteiro é assinado por David Scarpa.  A produção é da Scott Free Productions para a Paramount e Universal Pictures.

Texto, imagem e vídeo, reproduzidos dos sites: atoupeira.com.br e youtube.com

 

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

O cinema e a concorrência da internet


Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 21 de setembro de 2024

O cinema e a concorrência da internet

Filmes do grego Yorgos Lanthimos são um TikTok de segunda mão. Josias Teófilo para a Crusoé:

Primeiro veio a televisão a concorrer com o cinema. Na década de 1950, os grandes estúdios entraram em crise, a televisão começou a atrair cada vez mais o público, que podia assistir aos programas no conforto do lar.

Naquele contexto, a solução foi inovar tecnologicamente. Foi inventado, por exemplo, o Cinerama (que combinava três telas de cinema, filmadas por três câmeras, produzindo uma imagem panorâmica). Nas décadas seguintes, os grandes estúdios apostaram em cineastas jovens, com uma linguagem mais autoral – nascia assim a prestigiada Nova Hollywood.

Mas a televisão não parou de evoluir, inclusive no formato do cinema: tornou-se um pouco mais panorâmica, no formato hoje padrão no cinema, 16:9. A qualidade do que é feito para a televisão cresceu muito no começo deste século e séries como Sopranos, The Wire, Breaking Bad (essas três feitas em película 35mm), Mad Men e outras, elevaram o padrão artístico.

Hoje não é exagero dizer que as séries têm tomado a dianteira e inventado modas que depois são copiadas nos filmes – o que inverteu a ordem natural das coisas.

Mas aí o negócio se complicou ainda mais: veio a concorrência da internet e toda a sua dinâmica diferente, muito mais rápida, com excesso de cortes, que tornou obsoleta até mesmo a televisão.

Nunca esqueço do vídeo de William Bonner no Jornal Nacional pedindo para as pessoas filmarem com seus celulares na horizontal e não na vertical – o que facilitaria a difusão dos vídeos na televisão. Suponho que o pedido não teve efeito, as pessoas continuaram filmando na vertical – até porque o destinatário final são outros celulares, e não a TV.

Com a febre do Tik Tok e Reels, as pessoas – especialmente os mais jovens – ficaram viciados em vídeos curtos, com muitos cortes, legendados e com efeito emocional imediato.

Nesse contexto, a linguagem cinematográfica tornou-se obsoleta?

Noto que os filmes têm tentado emular a linguagem dos vídeos curtos da internet. Foi essa impressão que tive ao ver trailers de obras recentes, como A Substância, de Coralie Fargeat, e os últimos dois filmes de Yorgos Lanthimos (Pobres Criaturas e Tipos de Gentileza): os cortes frenéticos, a necessidade de produzir um efeito emocional imediato em cada plano, as estranhezas programadas, as tiradas que parecem memes. No filme Tipos de Gentileza tem até uma dancinha de Emma Stone que parece feita no Tik Tok.

Existe outra tendência, essa mais à direita, de chamar de documentários o que na verdade são infoprodutos. Feitos com imagens baixadas da internet, geralmente sem licenciamento, e lançados na própria internet, esses produtos têm linguagem sensacionalista e tratam de temas atuais. A produtora Brasil Paralelo se especializou em fazer esse tipo de produto. Nesse caso é a internet emulando o cinema e não ao contrário.

O fato é que a internet tem concorrido com o cinema e o cinema precisa lidar com isso de alguma forma. Emular a linguagem da internet não é um caminho, o cinema não pode ser um Tik Tok de segunda mão – como são os filmes de Yorgos Lanthimos.

O caminho, a meu ver, é o cinema se aprofundar no que ele tem de específico. Para isso, é importante agregar valor aos filmes, voltando a filmar em película, com trilhas originais gravadas por instrumentos de verdade, bons roteiros, filmes bem decupados e lançados no cinema.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com