Acendam as Luzes, O Cinema Sumiu!
Há coisas em Lagarto que o tempo não consegue apagar. Ainda
que a modernidade insista em seguir sua saga de extermínio a tudo que nos diz
respeito, a memória segue lembrando que no imaginário popular de sua gente,
existe espaço para as lembranças do inesquecível escurinho do cinema: magia
carente de atenção e revigoramento.
A História do Cinema em Lagarto ainda precisa de uma
pesquisa mais exaustiva, mas uma coisa é certa: entre os anos 60 e 80 do século
passado foi um dos entretenimentos mais representativos da vida social do
município. O Cine Pérola e o Cine Teatro-Glória já foram testemunhas de
momentos significativos da cultura lagartense.
Localizado nas proximidades da Praça Nossa Senhora da
Piedade, o Cine Pérola estava sempre lotado. Marcado pelo requinte e pelo
aspecto exótico (com figuras que lembravam o Egito Antigo). A curiosidade da
"telona" atraía um público diversificado, com forte presença de
crianças e mulheres, estas últimas a exibirem o último penteado da época. Sim,
pois Lagarto sempre fora adepto ao jeito "pavão" de viver. Aliás, não
foi diferente na cidade: o cinema ditou modas, gostos, costumes e preferências.
O jeito vila de ser da gente do Lagarto foi logo se acostumando às novidades
holliwoodianas. A geração que hoje tem entre 40 e 50 anos é, em sua grande
maioria, adepta do hábito de fumar: influência decisiva dos enlatados
americanos de então. Fumar era chique.
Com o fechamento do Cine Pérola, o saudoso Sr. Édson Dória
(ex-desportista) assume a responsabilidade de entreter a gente de Lagarto com o
Cine-Teatro Glória. O Edinho do Cinema, como ficou conhecido pela alcunha,
inovou e incrementou o negócio, com apresentações de artistas nacionais, como
Os Trapalhões e Daniel Azulai, e espetáculos de danças e de curiosidades
circenses. Conheceu o auge nos anos 80 e não resistiu à chegada do
vídeo-cassete. O prédio já teve duas sedes: uma no atual local onde funciona o
Bradesco e outra nas proximidades do Cemitério Sr. Do Bomfim, ambos na Rua
Laudelino Freire, que a exemplo do cinema, também já se chamou Glória.
Fica aqui a sugestão para que empresas, como o Grupo Brício
que hoje é inquilino do antigo prédio do Cine Teatro Glória, bem como para o
poder público, a fim de que possam encampar uma ação efetiva e cultural de
revigoramento da tradição cinematográfica em Lagarto.
Numa terra onde o teatro é celeiro de talentos, como o
Cobras e Lagartos, e o cinema uma curiosidade sempre latente, com excelentes
produtores de filmes e documentários, a exemplo da MC News e do Estudante de
História da FJAV e Funcionário Público Floriano Fonseca, não pode faltar um
espaço para o lagartense brilhar, fulgurante como uma pérola e vivaz como um
grito de glória.
Postado originalmente no Blog HISTÓRIA E CULTURA DE
LAGARTO-SE
Em: 22 de março de 2008,
Por: Claudefranklin Monteiro Santos.
Foto e texto reproduzidos do blog
historiaeculturadelagarto.blogspot
Foto do Antigo Cine Glória
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