sábado, 19 de setembro de 2015

Carlos Manga (1928 - 2015)


Publicado originalmente no site G1, em 17/09/2015.

Carlos Manga morre aos 87 anos.

Diretor de TV e cineasta estava em sua casa, no Rio de Janeiro.
Manga foi um dos principais diretores de cinema na época das chanchadas.

Do G1 Rio.

Morreu nesta quinta-feira (17), em sua casa no Rio de Janeiro, o diretor de televisão Carlos Manga, aos 87 anos. A informação foi confirmada pela Central Globo de Comunicação. A causa da morte não foi divulgada.

Manga fez carreira no cinema antes de se interessar por televisão e foi um dos principais diretores na época de ouro das chanchadas.

Junto com Watson Macedo, foi um dos principais diretores dos anos 1950 da Atlântida, onde esteve à frente de clássicos como "Nem Sansão nem Dalila" (1954), "Matar ou correr" (1954) e "O homem do Sputnik" (1959). Sua estreia foi em um filme produzido em 1952 pela antiga companhia, dirigido por José Carlos Burle: "Carnaval Atlântida" (1952). No total, trabalhou em 32 filmes no cinema.

“Eu só pensava em cinema. Eu via quatro filmes no sábado, quatro no domingo”, disse em entrevista a Jô Soares.

Televisão.

Na televisão, começou a carreira no início dos anos 1960. Em 1980, foi contratado pela Globo, onde dirigiu a segunda versão do humorístico "Chico City", de Chico Anysio. Ainda no humor, dirigiu também "Os Trapalhões".

Na década de 1990, já como diretor artístico de minisséries da Globo, foi responsável por produções como "Agosto" (1993), "Memorial de Maria Moura" (1994) e "Engraçadinha... Seus amores e seus pecados" (1995). Dirigiu ainda "A Madona de Cedro (1994)", "Incidente em Antares (1994)" e "Decadência" (1995), de Dias Gomes.

Manga tornou-se diretor de núcleo e foi responsável pela produção de duas novelas: o remake de "Anjo Mau" (1997), escrita originalmente por Cassiano Gabus Mendes em 1976 e adaptada por Maria Adelaide Amaral. A segunda novela foi Torre de Babel (1998), de Silvio de Abreu.

Também tem no currículo o programa "Zorra Total" (1999) e as séries "Sandy & Junior" (1999) e "Sítio do Picapau Amarelo" (2001). Em 2004, voltou a trabalhar como diretor artístico na minissérie "Em um só coração", de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.

“Eu lembro das coisas com beleza, com amor, com carinho. Mesmo os erros. E não tem nada que eu tenha que omitir, eu não tenho que esconder nada”, disse em depoimento ao Memória Globo.

 Três filhos.

Filho do advogado Américo Rodrigues Manga e de Maria Isabel Aranha, José Carlos Aranha Manga nasceu em 6 de janeiro de 1928, no Rio de Janeiro. Ele deixa três filhos: Paula Manga, Carlos Manga Jr. e Maria Eduarda Manga.

Começou a trabalhar como bancário, porém sua paixão pelo cinema logo o levaria para a indústria cinematográfica, através do cantor Cyll Farney. Foi contra-regra, assistente de montagem, assistente de revelação e, finalmente, diretor. Seu nome artístico foi sugerido pelo então presidente da companhia, Luiz Severiano Ribeiro Júnior.

O diretor morou na Itália onde trabalhou com Federico Fellini. Também foi diretor dos programas de auditório, como o Domingão do Faustão (1989), e de seriados como "Sandy & Junior" (1999) e "Sítio do Picapau Amarelo" (2001).

Repercussão.

"O grandioso Diretor Carlos Manga faleceu...Uma honra ter estreado na Tv, no seriado Sandy e Jr sob o comando dele como diretor de núcleo", postou a atriz Fernanda Paes Leme em sua conta no Twitter.

Homenagens.

O diretor foi homenageado pelo autor Silvio de Abreu  quando completou 50 anos de carreira, em 2006. Ele fez o papel dele mesmo na novela "Belíssima". Quatro anos mais tarde, participou como ator no seriado "Afinal, o que Querem as Mulheres?"

No seriado "Dercy de Verdade", Carlos Manga foi personagem. A homenagem ocorreu porque o diretor foi quem levou Dercy Gonçalves para a televisão. No especial ele foi interpretado pelo ator Danton Melo.

Em 2011, o cineasta foi homenageado com uma estátua no Cine Odeon, no Centro do Rio. Manga foi à inauguração, no dia da premiação do Festival do Rio. Aplaudido de pé, posou para os fotógrafos ao lado da reprodução e também se emocionou ao se referir à nova geração brasileira de cineastas.

"Em uma noite que tantos diretores novos precisam vencer, torço por vocês todos. Continuem tentando, porque não há nada mais lindo no mundo do que você pegar uma criança, que é um filme, e fazê-la chorar, falar e ser aplaudida. É uma profissão maravilhosa", declarou.

Veja alguns trabalhos da carreira de Carlos Manga:

Novelas:

"Anjo mau" (remake, 1997)
"Torre de Babel" (1998)
"Belíssima" (2006)
"Eterna Magia" (2007)
Minisséries
"Agosto" (1993)
"Memorial de Maria Moura" (1994)
"A Madona de Cedro" (1994)
"Incidente em Antares" (1994)
"Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados" (1995)
"Decadência" (1995)
"Um Só Coração" (2004)
"Afinal, o que Querem as Mulheres" (2010)
Seriados
"Sandy & Junior" (1999)
"Sítio do Picapau Amarelo" (2001)
Programas
"Domingão do Faustão" (1989)
"Chico City" (1973)
"Os Trapalhões" (1979)
"Zorra Total" (1999)

Cinema:
  
"Carnaval Atlântida" (1952)
"A Dupla do Barulho" (1953)
"Nem Sansão nem Dalila" (1954)
"Matar ou Correr" (1954)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"O Marginal"
"Assim era Atlântida"
"A Dupla do Barulho" (1953).
"Nem Sansão nem Dalila" (1954)
"Matar ou Correr" (1954)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"O Marginal"
"Assim era Atlântida".

Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com

Um comentário:

  1. Editor,

    Com absoluta certeza que o cinema nacional, principalmente a qualidade das ditas CHANCHADAS seriam menores sem a participação fundamental deste homem, que revolucionou este gênero de cinema nos anos 1950.

    Fez outros bons trabalhos no cinema sério, mostrando que era um diretor de alto valor, além de na TV ter feito uma minissérie que considero a mais perfeita que a Globo já criou, que foi UM SÓ CORAÇÃO.

    A derradeira viagem é um caminho que não se tem escolhas. É a meta mais certa que existe para todos seres viventes.
    Mas, não podemos deixar de lamentar e sentir a falta de um profissional competente como foi o Manga.

    Andei ouvindo comentários negativos sobre sua qualidade como pessoa humana após sua morte.
    No entanto, quem não tem defeitos neste mundo?

    Todos nós participaremos desta viaigem.
    Mas indago; quantos de nós iremos deixar para a posteridade o que este magnifico homem de TV e Cinema deixou?

    jurandir_lima@bol.com.br

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