Crítica de Roberto S.
Não dá para analisar "Barbarella" sob a ótica de
quem acaba de assistir "Gravidade" ou qualquer filme de sci-fi
recente. A produção, lembremos, é de 1968; pode-se compará-lo, claro, com
"2001 - Uma Odisseia no Espaço", do mesmo ano. Só que o filme de
Kubrik é, de fato, uma produção puramente sci-fi, dispondo de todos os recursos
disponíveis na época. Já "Barbarella" nada mais é do que a
transposição, para a tela, de uma personagem de HQ, com toda a ambientação
original. A intenção de Vadim e De Laurentis era produzir uma comédia sci-fi, e
não uma superprodução cheia de efeitos especiais (o resultado, tecnicamente, é
risível, claro; mas, repito: falamos de 1968). O melhor é esquecer os efeitos
especiais e só se divertir com as situações engraçadinhas - além, óbvio, da
exuberância de Jane Fonda, no auge da forma física.
Texto reproduzido do site: adorocinema.com
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Jane Fonda e o feminismo | A liberdade sexual de Barbarella
No longínquo ano de 1962, uma história em quadrinhos
escandalizou a sociedade francesa, chegou a ser proibida, mas aos poucos
conquistou o país. Ganhou um filme em 1968 e se espalhou pela Europa e pelo
mundo, onde virou ícone do movimento feminista nos anos seguintes.
Podemos afirmar que Barbarella, protagonizado pela linda
Jane Fonda (Ganhadora de 2 Oscar por ‘A Noite dos Desesperados’ de 1969 e
‘Klute – O Passado Condena’ de 1971), foi o primeiro filme de uma super-heroína
na história do cinema. Barbarella aos poucos se transformou em um clássico cult
da ficção-cientifica erótica, tendo sucesso mundial, e elevando Jane Fonda à
categoria de sex-symbol.
Em um futuro longínquo, a humanidade conquistou o espaço e
trouxe paz e amor a toda a galáxia. Um cientista chamado Duran-Duran (Milo
O’Shea) desafiando a lei, cria uma arma destruidora chamada “raio positrônico,”
e foge com esta arma para o planeta Tau Ceti com objetivos escusos. A
astronavegadora Barbarella é chamada então para cuidar dessa ameaça à paz,
sendo que no caminho cai por diversas vezes nas mãos dos bandidos, e ao ser
salva, recompensa os mocinhos realizando todos seus desejos.
No universo do filme, sexo é feito com uma pílula e toque de
mãos que geram orgasmos nas duas partes. No início Jane Fonda consegue nos
mostrar uma Barbarella incrivelmente inocente e pura, que prega os valores de
paz e amor, mas após ter relação sexual de forma tradicional, se dá conta dos
prazeres do sexo e parte em busca de sua autoafirmação sexual, chegando ao
decorrer do filme, inclusive, salvando sua própria vida ao ser capturada e
encarcerada dentro de um órgão musical que mata suas vítimas levando-as ao
orgasmo supremo.
Graças ao seu talento, a atuação de Jane Fonda consegue nos
levar a crer na mudança psicológica de sua personagem, já que desde o início do
filme, o diretor, que na época era seu marido, tinha apenas a intenção de
passar uma imagem sexy de Barbarella. A cena dos créditos iniciais com o
strip-tease em gravidade zero é uma das cenas mais sensuais que já feitas no
cinema, nos mostrando de forma abundante todos os predicados da atriz, que até
para os padrões de hoje são bastante altos.
Jane Fonda conseguiu ser extremante fiel a personagem dos
quadrinhos, onde ela é representada como um James Bond espacial de saias. Mas a
atuação dos demais personagens é rasa e os diálogos são comparáveis com as
melhores linhas de um filme pornô, como por exemplo, quando Barbarella é salva
por um caçador no meio da geleira, e ela pergunta o que ele quer de recompensa,
ele se limita a dizer – “quero fazer amor com você.”
O único ator que merece um pouco mais de destaque é John
Phillip Law. Seu personagem surge no cenário de Sogo, em clara alusão as
cidades bíblicas de Sodoma e Gomorra, uma cidade com ruas rodeadas de tudo que
é mal e vil na sociedade, como drogas, sexo e violência, e que inclusive tem
final parecido com a das cidades bíblicas. Ele interpreta um anjo, cego pela
maldade do tirano da cidade, mas com um imenso potencial de bondade e
compaixão, o que é evidenciado em sua frase mais impactante – “anjos não fazem
amor, anjos são amor”.
Apesar de ótimas frases aqui e ali, os diálogos em sua
maioria tem a profundidade de um pires, Phillip convence bem como um cego,
porém o restante, são apenas personagens caricatos em busca de satisfazer suas
próprias ambições e desejos carnais. O filme, assim como os quadrinhos
europeus, tem uma narrativa diferente dos americanos, em diversos ocasiões
diminui o ritmo e apela para o lado sensual, onde percebemos claramente que ele
foi filmado para um público mais adulto, dando foque total ao masculino,
principalmente na sequencia da gaiola dos periquitos, que serve apenas para
mostrar o lindo corpo da Jane Fonda.
Barbarela filme é uma aventura psicodélica, onde em certas
partes parece que o diretor tomou LSD e resolveu filmar, o que se pode perceber
devido ao excesso de tomadas com fundo daqueles líquidos com óleos que não se
misturam, comuns do movimento hippie da década de 60, sendo extremamente fiel a
obra original, desde as cenas na planície de gelo, passando pela cidade
labirinto subterrânea e por fim a cidade cosmopolita de Sogo.
O público atual vê o filme como uma comedia erótica, tanto
pelos atores canastrões, quanto pelas situações surreais, que parecem servir
apenas para mostrar os dotes da Jane Fonda. Porém, graças a sua forte atuação e
carisma, sua personagem conseguiu sair de um simples objeto sexual utilizado
para sustentar as fantasias de milhares de homens, para uma mulher forte e
decidida com uma alta dose de liberdade sexual. Levantando assim, já na década
de 60, que o corpo da mulher é dela e ela faz o que quer com ele, transando com
quem quer, quando tem vontade, sem precisar ser taxada pela sociedade como
prostituta ou pior.
Texto reproduzido do site: cinelogin.wordpress.com
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Análise crítica do filme "Barbarella"
Por Breno Cinéfilo
Inspirado na obra
em quadrinho do francês Jean-Claude Forrest(1930-1998). Cuja primeira
publicação saiu em 1962. Ela fez uma
grande revolução no mercado de quadrinhos na época, sendo
responsável pelo surgimento de uma nova leva de quadrinhos eróticos
femininos, produzido por desenhistas europeus, criando assim uma “Era de Ouro”
dos quadrinhos eróticos europeus. Na onda dela vieram Valentina, Jodele entre
outras no mercado de quadrinhos eróticos.
O filme apresenta uma atmosfera muito envolvente onde logo
de cara pode se notar bem a essência dela e o tamanho reflexo que ela bem representava
para o cenário da época revolucionária e conturbada que surgiu como foi a
década de 1960 no mundo. Mesmo o cenário sendo surreal, no espaço com aqueles
toques de escapismo bem sci fi, o roteiro trazia muitos elementos que bem
refletiam principalmente para a juventude rebelde da época como por exemplo, o
movimento hippie, a música da contra cultura e a revolução sexual muitas coisas
que a tornaram uma grande sex symbol daquela época. Mostrando a heroína
flutuando em sua nave fazendo striptease ao som de uma envolvente balada com
bons arranjos da época tocadas pela banda The Glitterhouse, que também contou com a produção musical de Bob Crewe(1930-2014) responsável por
cantar "An Angel is love" nas cenas dos créditos finais do filme,
a parte musical também contou com
a colaboração de Charles Fox, do francês
Michel Magne(1930-1984), James Campbell(1932-2010) e de Geoff Love(1917-1991) responsáveis pelos
arranjos instrumentais de cada cena.
Dirigido pelo francês Roger Vadim(1928-2000), diretor do
consagrado E Deus Criou a Mulher(1956), estrelada pela sensual Brigitte Bardot.
Com roteiro de Terry Southern(1924-1995), famoso na época pelo seu estilo de
escrita satírico. Com a produção do italiano Dino de Laurentiis(1919-2010),
responsável por ter comprado os direitos autorais, para adaptação ao cinema.
Por fim estrelada pela bela Jane Fonda, filha do ator Henry Fonda(1905-1982), e
irmã do também ator Peter Fonda, que por causa da personagem viraria uma
símbolo sexual, e também, esposa do diretor Roger Vadim. Curioso analisar que antes do papel ficar com
Jane Fonda, outras duas belas atrizes europeias, que eram também consideradas as símbolos sexuais, musas
nos anos 1960, como a francesa Brigitte Bardot, ex de Vadim, e a italiana Sofia Loren tinham sido
as escaladas para protagonizar
Barbarella, mas ambas acabaram recusando. E foi ao saber disso, que
Vadim entusiasmado, conseguiu convencê-la a aceitar o papel. Pode se dizer que a junção destes diferentes
elementos, foram os responsáveis por terem transformado o filme numa obra-prima
do Cult movie, apesar do fracasso das bilheterias na época, mas serviu
inclusive de referências para a cultura pop, como por exemplo, a banda inglesa
Duran Duran, tirou o seu nome em referência ao vilão do filme, vivido pelo
ator Milo O´Shea(1926-2013), inclusive
fizeram uma música chamada de Eletric Barbarella para o seu Medazzaland lançado
em 1997. Conquistando a admiração de muitos fãs do gênero, chegando a
considerar esse filme uma obra-prima cult.
Posso descrever sobre o filme,
ele foi bastante inovador para a época, conseguindo transpor a uma
atmosfera única, mesclando pitadas de
comédias, cenas de tiroteio espacial, e muita, mas muita imaginação criativa,
para uma época de recursos tecnológicos tão escassos para se trabalhar na
construção dos cenários gravados tudo no
chroma key e depois fazer a montagem e a edição de cada cena mesmo não
sendo nada sofisticado e limitado, eles souberam como brincar com a arte do surrealismo do cenário escapista espacial,
com pitadas psicodélicas nesse filme, com direito a algumas pitadas de
erotismo. Eu posso definir que Barbarella é de todas as heroínas das HQs, é a
que tem mais apelo erótico, do qual ela consegue se manter de forma atemporal.
Ainda que não seja um bom exemplo de filme de heroína a quem muitos esperam
ver, por causa do tom sexista, ainda mais nesse tempo presente de valor ao
empoderamento feminino e do politicamente correto, mesmo assim vale a pena dá
uma conferida neste filme, pelo menos pela curiosidade.
Sobre o formato do seu enredo, ele até que trazia uma
proposta bem interessante e que prometia ser envolvente, ainda trazendo um
toque detetivesco para a personagem, que remetia as bond girls dos filmes de
James Bond naquele ambiente futurista espacial.
Barbarella foi encarregada pelo seu chefe a missão de investigar o
desaparecimento do cientista Duran Duran.
É durante esta sua jornada detetivesca, que acompanhamos ela
passar pela situações mais imprevisíveis e inusitadas possíveis, principalmente depois que a sua nave sofre
uma pane, e cai num planeta habitado por seres de comportamento um tanto
bizarro, é então que a coisa vai ocorrendo por um outro patamar, que para uns
pode não fazer nenhum sentido. Por este motivo recomendo ver este filme com a cabeça aberta, para assim vocês poderem entrar no clima da
viagem cósmica a que o filme se propõe e principalmente no que ela representava
para a época. Se você tiver um olhar muito atento vai poder perceber que do
inicio ao fim ela troca constantemente de vestuário. Numa dessa situações
ocorre quando sua nave entra em pane e cai em um planeta desconhecido. Onde lá vai se deparar com situações bem
inusitadas, peculiares e bizarras.
Como o fato de ser abordado por duas meninas gêmeas falando
um idioma estranho. Estas meninas jogam
uma pedra na cabeça dela que a faz cair. E no que ela cai, as duas a levam para
um local onde se concentram outras crianças gêmeas como elas. E essas crianças
nada boazinhas a amarram num pilar para ela ser devorada por uns bonecos
assassinos, numa cena muito tensa. Por sorte, aparece um caçador chamado Mark
Hand(Ugo Tognazzi) e este cara lhe dar uma carona para ela voltar a sua nave e
lhe indica o caminho até um reino chamado Sogo,
localizado no subterrâneo daquele planeta, e ao cair lá e com sua nave
quebrada, ela conhece outros inusitados amigos em sua jornada para procurar o
Dr. Duran Duran. Como o Professor Ping(Macel Marceau) responsável por consertar
a sua nave quebrada, o anjo cego Pygar(John Phillip Law), o atrapalhado
revolucionário Dildano(David Hemmings) que quer acabar com a tirania da Rainha
Negra(Anita Pallenberg) e tem uma cômica e inusitada cena de sexo com a
protagonista, assim como a Rainha Negra que se apresenta para ela como uma
caçadora de recompensas e o próprio Duran Duran que lhe é apresentado num
momento importante que gera todo o ponto da reviravolta da trama. Digo isto
porque, no momento em que ele é apresentado no filme, ele é sujeito que
trabalha para a Rainha Negra, mas depois se descobri qual o real plano que ele
planeja um golpe de estado com um plano bem mirabolante usando as lavas do
Maximos para criar um apocalipse em Sogo.
O formato da trama do
filme pode não fazer nenhum sentido a primeira
vista, é um tanto quanto bagunçado,
mas de todo jeito é preciso deixar que ele seja apreciado com a cabeça
aberta, para poder compreender como era a visão da época viajando na atmosfera
cósmica ao qual a crítica não gostou, mas com o tempo foi virando referência
cult, curiosamente além de já mencionar
a banda inglesa Duran Duran ter o seu nome em referência ao vilão e criaram uma
canção chamada Eletric Barbarella em
homenagem a heroína. O filme também serviu para outra inspiração musical,
no caso do videoclipe da canção Put
Yourself in my place lançado em 1994 da australiana Kylie Minogue onde ela
representa uma astronauta fazendo um striptease até ficar completamente
pelada na sua espaçonave em órbita
espacial assim como a Barbarella fazia na abertura do filme, um fato curioso
sobre esta cantora é que ela nasceu em 1968, mesmo ano que Barbarella era
lançado nos cinemas.
Mesmo não sendo um exemplo de obra-prima cinematográfica do
gênero de ficção científica,
principalmente pela precariedade da produção que foi produzido nos estúdios do
produtor Dino de Laurentiis em Roma e as caracterizações de alguns personagens
beiram um pouco ao ridículo do cafona de tão brega que ficaram junto a
tosqueira do cenário de Sogo ao ponto de parecerem muito mais uma alegoria
carnavalesca em um circo de quinta categoria ou mesmo um teatro burlesco do que
um filme aventuresco de ficção científica.
Ainda assim é um filme que tem seus méritos, principalmente pelo elenco. Além de contar com a bela Jane Fonda como
protagonista, desempenhando razoavelmente bem a personagem, principalmente no
jeito da ingenuidade mesclado com uma sensualidade mais sutil e usando suas
deduções detetivescas mais cômicas, meio pastelão. Ainda que aqui ela esteja um
pouco aquém do esperado mesmo assim ela até que se esforça para fazer a
Barbarella poder sustentar a trama. O filme também com uma variedade de atores
multinacionais para interpretar algumas camadas de personagens nas subtramas
apresentadas no filme. O francês Marcel Marceau(1923-2007), famoso mundialmente
como mímico no papel do Professor Ping mostra um bom desempenho no papel dentro
do limite imposto pelo roteiro mostrando um tom sereno com sua versatilidade
para se tornar o aliado dela, o italiano Ugo Tognazzi(1922-1990) responsável
pelo papel do caçador Mark Hand desempenha razoavelmente bem o papel desse
sujeito que se aproveita para transar com a heroína, mas cuja importância para
o arco da construção do enredo foi bastante irrelevante. O irlandês Milo O´Shea
no papel do vilão Duran Duran, surpreende neste filme principalmente quando
ocorre a reviravolta no climax do enredo dele ser a grande ameaça. O britânico
David Hemmings(1941-2003) no papel do atrapalhado revolucionário Dildano o
representa de uma forma bem caricata,
beirando ao ridículo. A italiana
Anita Pallenberg fazendo a Rainha de Sogo faz uma excelente interpretação da
personagem principalmente nas diferentes facetas que ela se apresenta para a
Barbarella, por fim, destaco o americano John Phillip Law(1937-2008), no papel
do anjo cego Pygar que o representa
bem de uma forma mais dramática, as
vezes parecendo um pouco canastrão, talvez pela imposição do roteiro. Mas mesmo
assim, pode se notar pela expressão facial serena dele um convencimento ao
papel.
Num balanço geral, Barbarella pode não ser dos melhores
exemplos de obras-primas adaptados de quadrinhos, pode também não ser o melhor
exemplo de filme estrelado por uma heroína, ou mesmo ser o melhor exemplo de um
filme do gênero ficção científica. Mas, de todo jeito é uma obra que tem o
mérito de ser bem atemporal e ter por assim dizer despertado o interesse ao
escapismo espacial. Curioso imaginar que naquela mesma época que o filme foi
lançado nos cinema, foi também a época que o até hoje cultuado filme de Stanley Kubrick(1928-1999) 2001-Uma
Odisseia no Espaço chegava aos cinemas e trouxe um legado maior ao gênero da
ficção ao qual pode se assim que muitos anos mais tarde, por exemplo, George
Lucas bebeu dessa fonte ao criar a sua célebre franquia de Star Wars e no ano
seguinte, o mundo ficava pasmado com a chegada do Homem a Lua.
FONTE:
Barbarella 50 anos, mas com corpinho de 25,
Matéria da
edição de Maio de 2012 da Revista Playboy.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbarella
http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbarella_%28filme%29

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