segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Resenha do filme: "Easy Rider" (1969)


Easy Rider – 1969

Resenha por Camila Sampaio

Antes de mais nada, vale ressaltar que essa resenha contém SPOILERS!

Easy Rider – Sem Destino – é um road movie americano de 1969, escrito por Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern. Foi o primeiro filme dirigido por Hopper, que já havia trabalhado com Fonda no filme” The Trip” (1967), escrito por Jack Nicholson. Peter já havia se tornado um ícone da contracultura por sua participação no filme” The Wild Angels” (1966) e foi observando uma imagem dele com Bruce Dern nesse filme que teve a ideia de escrever um western moderno, envolvendo dois motoqueiros que viajam pelo país. Inicialmente, o filme se chamaria The Loners, mas Terry Southner sugeriu o nome Easy Rider.

Tudo começa quando dois jovens motoqueiros, Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper), vivendo o ápice da contracultura, compram alguns quilos de cocaína no México e revendem na Califórnia. Com o dinheiro escondido no tanque da motocicleta, a dupla decide viajar pelas estradas americanas com destino à New Orleans, a tempo de participar do Mardi Gras – o carnaval americano. Durante a viagem, Wyatt e Billy conhecem diversos tipos de personagens, que transparecem a paisagem social americana da época. Depois de pararem em uma fazenda para consertar uma das motos e participarem de uma refeição com o fazendeiro e sua grande família, a dupla encontra um caminhante hippie na estrada (Luke Askew) que os convida para visitar sua comunidade.

Lá, eles presenciam alguns aspectos da cultura hippie e, na hora de ir embora, acabam ganhando um LSD de seu amigo (identificado como” Estranho da estrada” nos créditos finais). Mais tarde, depois de dirigirem perigosamente ao lado de um desfile que acontecia em uma pequena cidade, os dois são presos pelas autoridades locais. Na cadeia, fazem amizade com o advogado alcóolatra George Hanson (Jack Nicholson) que os ajuda a sair e se junta à dupla em sua viagem à Luisiana. Quando vão acampar naquela noite, Wyatt e Billy apresentam George à maconha – por ser um alcóolatra careta, George representa uma opinião comum sobre a erva na época, acreditando que aquilo” o levaria a drogas mais pesadas”. Mas o advogado logo cede e fuma com a dupla. Diferentemente das outras drogas utilizadas no filme, que não eram reais, o trio realmente fumou maconha nas filmagens.

Já na Luisiana, eles param para comer em um restaurante de uma pequena cidade, onde atraem a atenção dos moradores, que garantem que eles não vão conseguir sair dali, e as garçonetes se recusam a atendê-los. Percebendo esse desconforto, o trio deixa o local sem criar confusão e acampa nos arredores da cidade. A partir dos acontecimentos no restaurante, George comenta que os Estados Unidos costumavam ser um ótimo país, mas que os americanos falam muito do valor da liberdade sendo que, na verdade, têm medo daqueles que a exibem. Durante a noite, o mesmo grupo de moradores que estava no restaurante atacam os viajantes com cassetetes. Billy grita e ataca os moradores com uma faca. Eles fogem, deixando ele e Wyatt com ferimentos leves e George morto por espancamento. Os dois amigos embrulham o corpo em seu saco de dormir e prometem devolver os pertences de George a sua família.

Em New Orleans, eles vão até um bordel onde conhecem as prostitutas Karen e Mary e as levam para passear pelas ruas, onde está acontecendo a celebração do Mardi Gras. É aí que acontece uma das cenas mais bizarras do filme, em que os quatro, em um cemintério, tomam o LSD que Wyatt ganhou do hippie e têm uma ”bad trip”, representada na fotografia do filme por cortes rápidos, lentes olho de peixe e cenas de grande exposição.

Depois dos acontecimentos, eles decidem continuar sua viagem até a Florida (onde esperam se aposentar). É quando dois homens em uma caminhonete avistam os dois motoqueiros e decidem assustá-los com uma arma. Eles se aproximam de Billy, zombam do seu corte de cabelo e ameaçam atirar nele; Billy responde com um dedo do meio, fazendo com que o homem realmente atire. Billy fica seriamente machucado e vai parar no acostamento. Wyatt volta para prestar socorro a seu amigo, mas a caminhonete dá a volta e atira nele enquanto acelera, acertando o tanque de gasolina da moto e causando uma grande explosão.

Juntamente com Bonnie and Clyde e The Graduate, o filme deu início a fase New Hollywood, durante o final dos anos 60 e início dos anos 70, quando os grandes estúdios perceberam que poderiam fazer muito dinheiro com filmes de baixo orçamento. Easy Rider foi feito utilizando apenas 400 mil dólares e teve um lucro de 60 milhões. Grande parte desse dinheiro foi utilizado para pagar os custos de licenciamento das músicas tocadas no filme, grande parte delas clássicos do rock’n roll. O editor Don Cambern era um grande colecionador de discos e, enquanto estava montando o filme, pesquisou músicas em sua própria coleção para ilustrar as cenas. Bob Dylan foi convidado a participar da trilha, mas apesar de não se empolgar com a ideia, permitiu que sua canção ”It’s Alright, Ma (I’m Only Bleeding)” fosse utilizada na obra, em uma gravação feita por Roger McGuinn, dos Byrds. Além disso, escreveu um primeiro verso e deu aos produtores com a recomendação: ”Entreguem isso a Roger, ele saberá o que fazer”. Esse rascunho se transformou na ”Ballad of Easy Rider”, uma música emblemática do final da década de 1960.

A Dunhill, selo da Reprise Records e subsidiária da Warner, lançou o LP com a trilha do filme em agosto de 1969. Com apenas 10 faixas, que aparecem no álbum na mesma ordem em que estão no filme, o disco consegue retratar uma época inteira. O hino ”Born to Be Wild” se transformou em sinônimo de liberdade e, a partir de então, começou a ser associado ao motociclismo. Outros ícones como The Byrds, The Jimi Hendrix Experience e Fraternity Of Man também fazem parte das músicas que embalam Wyatt e Billy em sua jornada pela América, além de ajudarem a transformar o filme e sua trilha sonora em algo memorável e historicamente valioso. É, sem dúvidas, um clássico do cinema e da música que os amantes da contracultura e do motociclismo não podem deixar de assistir.

Texto e imagem reproduzidos do site: cantodosclassicos.com

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