sexta-feira, 12 de junho de 2020

‘…E o Vento Levou’ é retirado de streaming após campanha antirracista

 ...E o Vento Levou - Warner/Divulgação

 Scarlet OHara em E o vento levou

Publicado originalmente no site da revista VEJA, em 10  de junho de 2020

‘…E o Vento Levou’ é retirado de streaming após campanha antirracista

Longa de 1939 mostra escravos conformados e proprietários brancos como heróis

Por Eduardo F. Filho

A HBO Max, serviço de streaming do canal pago HBO, nos Estados Unidos, retirou de seu catálogo na noite desta terça-feira, 9, o filme …E o Vento Levou. Vencedor de dez estatuetas no Oscar, incluindo de melhor filme, o longa de 1939, que fala sobre a Guerra Civil americana, tem sido há tempos tratado por críticos com racista. “…E o Vento Levou é um produto de seu tempo e contém alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, têm sido comuns na sociedade americana. Estas representações racistas estavam erradas na época e estão erradas hoje, e sentimos que manter este título disponível sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria irresponsável”, afirmou um porta voz da rede sobre a exclusão. A ação acontece em meio a diversos protestos antirracistas e contra a brutalidade policial nos Estados Unidos e no mundo.

Uma das maiores bilheterias da história do cinema mundial, o longa acompanha a história de amor entre a mimada e rica Scarlett O’Hara (Vivien Leigh) e o nobre sulista Ashley Wilkes (Leslie Howard), que deve se casar com a prima de Scarlett, Melanie. Ao fundo, são retratados escravos conformados e proprietários tidos como heróis.

John Ridley, autor do também ganhador do Oscar 12 Anos de Escravidão, escreveu um artigo no jornal Los Angeles Times na segunda-feira, 8, pedindo que o filme …E O Vento Levou fosse retirado de todas as plataformas pois o longa “ignora os horrores da escravidão e perpetua alguns dos estereótipos mais dolorosos das pessoas negras”.

A HBO Max garantiu que a produção voltará ao catálogo junto com uma discussão de seu contexto histórico, porém sem uma data definida, e que o longa não sofrerá alterações ou cortes. “Se vamos criar um futuro mais justo, equitativo e inclusivo, nós devemos primeiro reconhecer e entender nossa história”, afirmou.

Hattie McDaniel, que interpretou o papel de Mammy, criada da protagonista, venceu o primeiro Oscar entregue a uma pessoa negra da história. Na ocasião, ela se sentou separada dos demais artistas, já que negros não poderiam participar da cerimônia.

A retirada do filme acontece em meio aos protestos contra o racismo nos Estados Unidos após a morte brutal do ex-segurança negro George Floyd no dia 25 de maio, que aumentou as tensões por todo o planeta, culminando na derrubada de estátuas que representam personalidades históricas que colaboravam com a escravidão, como aconteceu com a estátua do traficante de escravos Edward Colston na Inglaterra.

Texto e imgens reproduzidos do site: veja.abril.com.br

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