quinta-feira, 2 de julho de 2020

Artigo: A origem da sétima arte - Cinema


Texto publicado originalmente no site PORTAL EDUCAÇÃO

A origem da sétima arte - Cinema

A numeração das artes refere-se ao hábito de estabelecer números para designar determinadas manifestações artísticas, de acordo com a data de sua aparição. O termo "sétima arte", usado para designar o cinema, foi estabelecido por Ricciotto Canudo no "Manifesto das Sete Artes", em 1912 (publicado apenas em 1923). Assim, costumamos a nos referir como primeira modalidade de arte, a Música, em função de termos descoberto primeiro o som, em seguida; a Dança (pelo uso do movimento; em terceiro, as Artes Plásticas, com as pinturas rupestres.

A sequência continua com a Escultura, depois a representação através da Artes Cênicas e a Literatura, com o desenvolvimento da escrita. Assim, a Sétima Arte é o Cinema e a oitava a Fotografia. O marco inicial da Sétima Arte é o ano de 1895. No dia 28 de dezembro acontece a primeira sessão de cinema em paris, no Grand Café, proporcionada pelos franceses, Auguste e Louis Lumière.

Seus pequenos filmes foram apresentados para um público de cerca de 30 pessoas pagantes que assistiram A saída dos operários da Fábrica Lumière e A chegada do trem à Estação Ciotat ambos retratavam fatos do cotidiano. Segundo alguns historiadores, conforme a locomotiva aproximava-se cada vez mais da câmera, os espectadores começaram a correr do teatro, pensando que seriam atropelados pela máquina.

Sabe-se que os irmãos Lumière não foram os primeiros a fazer uma exibição de filmes pública e paga. Em 1º de novembro de 1895, dois meses antes da famosa apresentação do cinematógrafo Lumière no Grand Café, os irmãos Max e Emil Skladanowsky fizeram uma exibição de 15 minutos do bioscópio, seu sistema de projeção de filmes, num grande teatro de vaudevile Berlim. (COSTA Apud MASCARELLO: 2006, p.19).

Os Lumière ficaram sendo os mais conhecidos da história e tiveram a iniciativa de registrar várias paisagens do mundo, produzindo documentários para difundir as diferentes culturas na França. Com o tempo, os filmes começaram a ter o propósito de contar histórias. Surgem pequenos esquetes cômicos, com cenários montados em cima de um palco, tendo um ar teatral, mas com a preocupação de criar uma linguagem diferente entre teatro e cinema.

O mágico francês George Meilés, em 1902, foi o primeiro a filmar uma ideia baseada em obra literária. Ele construiu uma nave espacial e filmou o curta-metragem Viagem à Lua, sendo visto como o pai da ficção cinematográfica. Ele realizou centenas de filmes. Os Lumière, e Meilés são considerados os inventores da Sétima Arte. De acordo com Costa (2006): Na França, os Lumière tinham dois competidores: a produtora do mágico e encenador Georges Méliès, que dominou a produção de filmes de ficção durante os primeiros anos, e a Companhia Pathé.

A Star Film, produtora de Méliès, produziu centenas de filmes entre 1896 e 1912, mantendo escritórios de distribuição em Nova York e várias cidades da Europa. Mas seus filmes passaram a perder público quando o cinema encontrou uma forma narrativa própria, na segunda década, e Méliès foi à falência em 1913. A Companhia Pathé, fundada em 1896 por Charles Pathé, sobreviveu ao primeiro período, em que se estabeleceu como produtora e distribuidora de filmes, e dominou o mercado mundial de cinema até a Primeira Guerra Mundial. A Pathé comprou as patentes dos Lumière em 1902, e a Star Filme quando esta começou a mostrar sinais de fraqueza. Charles Pathé expandiu seus negócios pelo mundo, aproveitando mercados ignorados pelos outros. (COSTA Apud MASCARELLO: 2006, p. 21).

Os historiadores dividem o início do cinema em duas fases: o cinema de atrações (de 1895 a 1907) e o período de transição (de 1907 a 1915), quando o cinema deixa de mostrar fatos e passa a ter a perspectiva de narração. A partir de então, o mundo do cinema evolui para a arte. As histórias passam a ter construções narrativas com enredos, personagens e outros elementos que não existiam nas primeiras experiências, com narrativa literária, fazendo com que os filmes fossem mais longos.

Os investidores vislumbraram no cinema uma espécie de indústria e, a partir da década de 1910, passa a ter um forte apelo comercial. Com a dificuldade do público de entender as passagens temporais das cenas, surgem os intertítulos, pequenas frases que indicavam o tempo, por exemplo: "Um mês depois...". Mas, não foi o suficiente e o cinema buscava uma linguagem que após muitos experimentos, iniciou uma sequência de planos e posições da câmera que mostravam uma percepção diferente da mesma personagem.

Nesse período também surgem os efeitos da montagem, tendo sido Griffith, um dos precursores mais geniais, com uma produção em torno de 400 filmes, ele usava a montagem para fazer suspense, mostrar a motivação e o perfil psicológico da personagem, criar emoção.

Segundo COSTA, em História do Cinema Mundial (2006): Griffith desenvolveu essa técnica mais do que os diretores da Pathé, aumentando a freqüência de alternâncias entre duas e até três situações diferentes e aumentando a velocidade da montagem (encurtando a duração dos planos). Assim, ainda que Grifflth não tenha inventado" a montagem alternada, ele transformou essa técnica num método narrativo poderoso para criar cenas de suspense. Exemplo disso é o seu The lonely villa (Biograph, 1909), baseado no filme Le médecin du château, produzido pela Pathé no início de 1908 - em que ladrões atraem um médico com um falso chamado de socorro para poder invadir sua casa.

A versão de Grifflth alterna cenas dos ladrões e do médico e de sua família tentando manter os ladrões do lado de fora da casa. A sensação de simultaneidade é reforçada, porque o médico usa um telefone para falar com a família, descobrir a ameaça e decidir resgatá-los. O filme tem cerca de 50 planos, o que mostra como Griffith lançou mão da montagem alternada para criar suspense. Ele pulava rapidamente entre as três situações, realizando o que chamava de crosscutting,switch-back ou cut-back - que podem ser traduzidos como montagem paralela.

Assim, a montagem alternada também é chamada de montagem paralela, quando há alternância entre várias ações simultâneas, cada uma delas possuindo, por sua vez, recursos como montagem em contigüidade, planos subjetivos, contracampos e concordância de entradas e saídas de quadro. (COSTA Apud MASCARELLO: 2006, p. 43-44).

O Nascimento de uma Nação (1915), de D.W. Griffith foi considerado o primeiro filme comercial, com 190 minutos. É incontestável o seu caráter de preconceito racial (início da Ku Klux Klan), predominante naquela época, nos EUA, Segundo Costa (2006): Grifflth lançou o mais longo e espetacular filme que os norte-americanos já tinham visto, The birth of a nation, que tratava de um tema genuinamente nacional, a Guerra Civil. Foi lançado com grande estardalhaço publicitário nos maiores palácios de cinema da época. Esse filme começou a estabelecer o longa-metragem como norma e não mais como exceção. (COSTA Apud MASCARELLO: 2006, p. 50).

Com o início da Primeira Guerra Mundial, a produção cinematográfica migra para os Estados Unidos e Hollywood se transforma no berço de grandes estúdios, que popularizam o meio, e conseguindo verbas milionárias de publicidade, o que garantiu a entrada também no ramo da distribuição mundial e a consequente dominação do setor mesmo em países distantes.

O cinema a serviço da propaganda nazista, fascista ou comunista e ainda da industrialização da arte pelos grandes estúdios, ainda no cinema mudo, encontrou uma grande resistência, o americano Charles Chaplin. O cinema é fonte de entretenimento popular poderosa que pode educar ou doutrinar, mas sem dúvida, é um método eficaz de influenciar os cidadãos e foi perigosamente utilizada por Hitler, com objetivo de propagar o nazismo.

Texto reproduzido do site portaleducacao.com.br

2 comentários:

  1. Classificação errônea, se considerada a questão da ordem de surgimento, pois a fotografia deveria ser a sétima, sendo que surgiu antes. É claro a manifestação que fiz, quando julga-se ser o cinema, o resultado de várias imagens estáticas, fixadas (fotogramas), que quando apresentadas em uma sequência diante de nossos olhos, de forma a ser intervalo entre elas, durante tal disposição, menor que um segundo, nos trarão a sensação de movimento. Sendo mais claro, duas imagens, sem movimento (fotografias), passam diante de seus olhos, em um intervalo inferior á 1 s, nosso cérebro irá interpretá-las, através de processo biológico, como fosse um movimento . Filosoficamente falando, passado e futuro.

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