segunda-feira, 30 de maio de 2022

O Cinema mais velho do mundo

Legenda da foto: Imagem reproduzida do blog aracajusaudade e publicada pelo blog cinematecadasaudade, para ilustrar a presente notícia

Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 25 de setembro de 2002 

O Cinema mais velho do mundo

O prédio do Rio Branco, denominado então de Teatro Carlos Gomes, foi inaugurado no dia 4 de abril de 1904, durante as comemorações da Semana Santa – mas, de fato, desde o ano anterior, já funcionava como um dos mais modernos teatros do Nordeste do Brasil. O cinema ainda engatinhava naquele ano, mas em 1909, sob a denominação de “Kinema Sergipe”, começou a funcionar ali, regulamentar, o primeiro cinema de Sergipe. Desde então, e sem interrupção – senão por poucos dias, para uma reforma em 1917 que lhe deu o formato atual e a denominação de Rio Branco – o espaço foi, ao mesmo tempo, cinema, teatro, cassino e auditório. Naquele espaço do Rio Branco prevalecia a democracia: todos os partidos políticos faziam suas convenções por lá. Os melhores atores brasileiros, como Procópio Ferreira, gente da música – como Bidú Sayão e Tito Schipa – se apresentaram no Rio Branco. Em 1955, uma reforma trouxe o Cinemascope para Aracaju. Mas, exatamente aí, começa a decadência do Rio Branco. Inaugura-se o Cine Palace com ar condicionado e a freqüência do Rio Branco diminui. A morte de Juca Barreto, o seu principal incentivador, em 1961, é decisiva para a reta final do cinema, que se completa em 1980. Naquele “anão”, o Rio Branco adota uma programação pornográfica que prosseguiu até o final da semana passada.

O fim do Cinema Rio Branco

Agora é o fim do Cinema Rio Branco, que pertence na sua quase totalidade à Construtora Celi. A demolição do cinema começou há dois dias, pegando o sergipano de surpresa. Pessoas ligadas à construtora dizem que uma parte do telhado caiu, arrastando um outro pedaço do teto, determinando a demolição de toda a parte interna do Cinema. De pé ficou apenas a fachada. Se as pessoas passarem em frente ao Rio Branco, no Calçadão da Rua João Pessoa, não notarão nada de frente. Se quer o cinema já não exibe mais nada, nem se permite que ninguém tenha acesso à sua parte interna. Chega melancolicamente ao fim a vida do cinema mais antigo do mundo.

Textos reproduzidos do site: infonet.com.br

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