Legenda da foto: Viola Davis conversa com Maju Coutinho. — (Crédito da foto: Lethicia Amâncio/Fantástico)
Publicação compartilhada do site do FANTÁSTICO, de 18 de setembro de 2022
Viola Davis fala sobre ‘A Mulher Rei’ no Fantástico: ‘O Brasil e os portugueses são uma parte importante do filme’
Atriz ganhadora do Oscar esteve no palco do Show da Vida para falar sobre seu novo longa. Em conversa com Maju Coutinho, ela também falou sobre a vida, carreira e sobre sorte.
Por Fantástico
Viola Davis fala sobre a infância na pobreza, a carreira e o treino pesado para interpretar uma guerreira no cinema
O palco do Fantástico recebeu uma visita ilustre: Viola Davis. A atriz norte-americana está no Brasil para divulgar o filme "A Mulher Rei" e bateu um papo com Maju Coutinho. Veja a entrevista completa no vídeo acima.
Maju Coutinho recebe Viola Davis no palco do Fantástico
No longa, Viola interpreta Nanisca, a general de um exército só de mulheres, que existiu no século XIX. Guerreiras habilidosas - conhecidas como Amazonas - elas combateram colonizadores, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. A história se passa no Reino de Daomé, onde hoje é o Benim.
O filme foi todo gravado na África do Sul, com um elenco majoritariamente negro.
Maju Coutinho: Vamos começar falando dessa experiência transatlântica. Como foi fazer a travessia de volta para o continente africano para contar essa parte da história, que a gente não conhece, que não é contada nos livros de história, nas escolas?
Viola Davis: Foi bom estar na África. Não seria possível recriar aquilo em um estúdio em Los Angeles. Toda vez que eu vou à África, eu sinto como se estivesse indo para casa. Eu não tenho aquela sensação de sempre ter que me explicar para alguém.
Mais de 1,5 milhão de pessoas escravizadas foram levadas da região onde ficava o Reino de Daomé para as Américas, entre os séculos XVI e XIX. A região só perde para Angola em números de escravos trazidos para o Brasil.
Maju: Você fala desse senso de se sentir em casa. Eu fui convidada para fazer um teste de DNA e eu tenho 'um pé' lá no Benim. Você sabe as suas origens africanas?
Viola: Sim! Eu fiz um teste de DNA e eu sou 96% preta (risos). Tenho origens no Quênia, na República de Camarões, Namíbia e Botsuana.
Maju: Como você sente essa travessia Estados Unidos-África do Sul para gravar o filme e agora esse retorno para o Rio de Janeiro, que abrigou o maior porto que recebeu escravizados nas Américas?
Viola: O Brasil e os portugueses são uma parte importante do filme. Doze milhões de escravos vieram da África Ocidental para o Brasil, o Caribe e o Sul dos Estados Unidos. O que eu sinto é essa conexão entre todos nós, entre as pessoas pretas. Nós estamos a apenas um porto de separação. Existe essa impressão de que somos distantes, mas, na realidade, não somos.
Ao longo da conversa, Viola também falou sobre sua vida, seu livro autobiográfico ‘Em Busca de Mim’ e sobre sorte.
Maju: Para você, o que vem primeiro: ser mulher ou ser negra?
Viola: Para mim, é difícil separar as duas coisas. Eu diria que, primeiro, ser mulher. Depois, ser uma mulher preta. E mais ainda: uma mulher preta de pele escura. É preciso especificar isso. As pessoas nem se dão conta que certas coisas que elas dizem para uma mulher de pele escura são muito ofensivas.
Maju: Apesar de reconhecer seu próprio talento, seu trabalho duro, você destaca o papel da sorte na sua trajetória. Qual o papel da sorte na sua história?
Viola: A taxa de desemprego entre atores é de 95%. Apenas 0,4% dos atores são famosos. Eu trabalhei muito, estudei durante dez anos, me apresentei em todos os palcos que você possa imaginar. Mas a parte da fama, de ser catapultada e, de repente, todo mundo sabendo meu nome, aí teve um pouco de sorte, sim. Mas, para mim, sorte é gratidão. Eu sou grata que Deus me escolheu em algum momento para ser catapultada nesse mundo.
Maju: Eu que sou grata por ter você aqui. Tenho a sorte de tê-la aqui.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/fantastico

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