Vladimir Carvalho, cineasta e documentarista, morre aos 89 anos em Brasília
Segundo amigos, cineasta estava internado há três semanas por causa de problemas renais e não resistiu. Entre obras dele estão 'O País de São Saruê', 'Conterrâneos velhos de guerra', e 'Barra 68'.
Por Morena Pinheiro, Morillo Carvalho, TV Globo
O cineasta Vladimir Carvalho morreu, nesta quinta-feira (24), aos 89 anos em um hospital de Brasília. Foram mais de 50 anos dedicados ao cenário cinematográfico brasiliense e brasileiro. A informação foi confirmada pela TV Globo. Segundo amigos de Vladimir, ele estava internado há três semanas por causa de problemas renais e não resistiu.
O velório será nesta sexta (25), no Cine Brasília, das 9h30 às 13h30. O cineasta será sepultado às 14h30 no jazigo dos Pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Vladimir nasceu em Itabaiana, na Paraíba. No Distrito Federal, foi professor da Universidade de Brasília (UnB) por mais de 20 anos. Ele fundou a Associação Brasileira de Documentaristas e, em 1994, criou a Fundação Cinememória, que abriga o acervo do artista.
O artista era irmão do também cineasta Walter Carvalho. Entre as obras de Vladimir Carvalho, representante do movimento chamado Cinema Novo, estão "O País de São Saruê", de 1971; "Conterrâneos velhos de guerra, de 1991"; e "Barra 68", de 2000.
As mais de 20 obras do cineasta sobre política e história brasileira levaram Vladimir Carvalho a se tornar um dos nomes mais importantes do cinema do Brasil.
A reitora da UnB, Márcia Abrahão, lamentou a morte do artista. "Ele nos deixa um grande legado, não só da sua produção cinematográfica, mas também do seu olhar crítico sobre a ditadura militar, e foi também um dos que resistiram naquele momento de muitas dificuldades para a nossa universidade", disse Márcia Abrahão.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) também lamentou a morte do cineasta nas redes sociais e anunciou luto oficial de três dias no Distrito Federal. "Referência do cinema brasileiro, o professor Vladimir Carvalho dedicou sua arte para denunciar injustiças e dar voz aos desassistidos numa época de censura e de perseguição política", disse o chefe do Executivo.
Texto reproduzido do site: g1 globo com/df
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BIOGRAFIA
Vladimir Carvalho nasceu em Itabaiana, no estado da Paraíba, em 31 de janeiro de 1935. Ainda criança é conduzido à Recife, aonde vive aos cuidados da tia materna, para cursar o primário. Em 1949 volta à Paraíba e se estabelece João Pessoa. Neste ano nasce seu irmão, Walter Carvalho. Terminado o ginásio, em 1954, onde foi aluno de geografia de Linduarte Noronha, que ainda não era cineasta e ingressa no curso clássico. Fazia um programa de rádio, Luzes do Cinema, em 1959 e colaborou na imprensa local como crítico iniciante, ganhando o apelido de Vladimir Vorochenko por conta da mania de filmes russos-soviéticos. Neste mesmo ano Linduarte Noronha o convida para escrever o roteiro de Aruanda, do qual seria, depois, também assistente de direção, com João Ramiro Mello. Após terminar o secundário, em João Pessoa, começa o curso universitário de filosofia na Universidade Federal da Paraíba. A fim de ir ao encontro de um dos grandes núcleos do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), transferiu sua matrícula da faculdade para a Universidade da Bahia, em Salvador. Lá conheceu Glauber Rocha e integrou o chamado movimento do Cinema Novo, sendo parte da vertente documentarista do movimento. Com João Ramiro e produz, em 1962, seu primeiro filme, Os Romeiros da Guia, um curta-metragem, filmado em preto e branco, com uma câmera de 35 mm. Em 1964, Vladimir é convidado por Eduardo Coutinho, para ser seus assistente de direção do seu filme Cabra Marcado para Morrer (1964/1984). Com o golpe militar de abril de 1964, Vladimir Carvalho e Eduardo Coutinho interrompem as filmagens de Cabra Marcado para Morrer e passam a viver na clandestinidade. Vai então para o Rio de Janeiro, onde é apresentado a Arnaldo Jabor, jovem cineasta do movimento cinemanovista carioca, que o convida a ser seu assistente de direção no documentário Opinião Pública (1966), sobre a juventude da classe média carioca em tempos de regime totalitário. Em 1967, durante o Festival de Brasília rencontra seu companheiro deCabra Marcado para Morrer, o fotógrafo Fernando Duarte, que lhe convida para continuar em Brasília com o objetivo de realizar o projeto do núcleo de produção de documentários do centro-oeste pela Universidade de Brasília. Vladirmir torna-se então professor da Universidade de Brasília, aonde leciona até hoje. Sua obra cinematográfica é constituída por documentários que totalizam 23 títulos e vários prêmios. Fundou, em Brasília, a Associação Brasileira de Documentaristas e em 1994 cria a Fundação Cinememória, que abriga todo o seu acervo.
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