quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Benjamin, uma vida voltada para o cinema de Estância/SE.


Publicado originalmente no site de A Tribuna Cultural, em 29/02/2012.

Momento de Saudade - Benjamin, uma vida voltada para o cinema de Estância/SE. 

Benjamin de Souza Alves nasceu em Vila Cristina, hoje Cristinápolis/Se, no dia 29 de setembro de 1923 (no mesmo ano da fundação do Cine-Teatro São João). Com cinco anos de idade veio com seus pais residir em Estância, onde aos seis anos iniciou seus estudos no Grupo Escolar ‘Gumersindo Bessa’.

Quando completou oito anos de idade, foi estudar na escola da professora Ofenísia Soares, que ficava na Rua do Pompeu (caminho do Porto), e aos nove anos para ajudar a família, tornou-se vendedor de jornais e revistas, tais como: Carioca, O Molho, O Imperial, etc. Logo depois passou a trabalhar com Elias Gringo, como era conhecido o comerciante mascate, que andava pelas ruas, batendo um metro de madeira, divido ao meio por uma dobradiça, sempre acompanhado de um senhor que carregava um baú na cabeça, cheio de tecidos e bijuterias.

Com a idade de onze anos, conseguiu um emprego com o então Lauro Santana, proprietário do jornal “Voz do Povo”, como aprendiz de Dionísio.

Em 1935, deixou “Voz do Povo”, para trabalhar na loja “Flor da Síria”, pertencente ao árabe Abdon Uehbe, casa especializadas e, fazendas e bijuterias, localizada na rua Capitão Salomão.

No Cinema. 

Aos 13 anos, apaixonou-se pelas imagens cinematográficas ao ver na tela do cinema do cinema “São João” o filme ‘Tarzan, o filho das selvas’, foi a primeira vez que assistira um filme. Aproximou-se do funcionário do cinema conhecido por João Barriga, para ver a possibilidade de varrer a casa de diversões nos dias de domingo e com isso ter acesso às matinês, gratuitamente, o que de imediato conseguiu.

Benjamin foi convidado pelo proprietário Diógenes Freire Costa para ser bilheteiro do cinema nas sessões da noite. Durante o dia, permaneceu no seu atual emprego com o árabe Uehbe.

Com o passar do tempo despediu-se da loja ‘Flor da Síria’. Daí passou a trabalhar com Díogenes em seu armazém de secos e molhados durante o dia, e à noite, como bilheteiro do cinema.

No cinema, durante meses após a prestação de contas das soirês, ele subia à cabine para aprender os segredos das projeções. Treinava artesanalmente com ardor na colagem e rebobinamento das partes dos filmes. Quem ensinou essa arte a Benjamin foi um senhor por nome de João de Deus.

O batismo de Benjamin, como operador cinematográfico aconteceu numa certa noite de domingo de 1937, motivado pela falta do operador João de Deus ao serviço.

Três anos mais tarde, em 1940, foi comprado outro aparelho, e Benjamin passou a ser a operador cinematográfico definitivo. Aos 17 anos de idade estava oficializada a sua profissão, da qual até hoje ele se orgulha.

Benjamin deu seu adeus Cine-Teatro ‘São João’ no dia 20 de agosto de 1980, dando sua última projeção com o filme “Os Discípulos de Shao Lin”. No dia seguinte, o, o cinema foi fechado definitivamente pelos irmãos Renato e Nivaldo Silva Carvalho. Foram 43 anos de trabalho e carinho dedicados a este cinema. Um triste fim para este local de saudade, onde fomos felizes em empolgamento proporcionados por essa figura humana notável.

Benjamin continuou trabalhando no depósito da empresa dos irmãos Silva que foram seus últimos patrões.

Renato e Nivaldo Silva também compraram o Cinema Guarani (o último de Estância), e mantiveram o velho operador durante o dia trabalhando no depósito e a noite no cinema, como gerente e porteiro.

Benjamin de Souza Alves atualmente vive com um baixo salário como funcionário da Prefeitura Municipal de Estância.

Este homem de sete instrumentos que fazia de tudo no Cine-Teatro ‘São João’ e que com suas mãos bem treinadas nos deu a alegria daqueles momentos sedutores do fluir dos fotogramas nas matinês, matinais e soirês jamais será esquecido por todos aqueles que um dia assistiram um filme no Cine-Teatro “São João” projetado por este manipulador de emoções.

Redação A Tribuna Cultural.com.br

Texto e imagem reproduzidos do site: atribunacultural.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário