Imagem reproduzida do site stic.com.br e
postada pelo blog, para ilustrar o presente artigo
Dos primeiros frames à novas histórias – o início do cinema
em Sergipe
Autor: Luzileide Silva
Resumo Expandido: O filme documental é o primeiro esboço de uma produção
audiovisual em Sergipe e surge tardiamente se comparada com o restante do país.
Segundo Karla Holanda Araújo (2005) em um levantamento sobre a produção de
documentários no nordeste, apenas Sergipe e Piauí não iniciam uma produção nas
primeiras décadas do século XX. Por exemplo, estados vizinhos como Bahia e
Alagoas iniciam suas produções em 1910 e 1921.
De acordo com Djaldino Mota Moreno (1988) os filmes de
Clemente de Freitas se assemelham aos primeiros registros documentais, com
planos simples e montagem quase inexistente que tratavam do cotidiano da cidade
e foram produzidos entre 1940 e 1969, feitos em bitola 16mm ou 8mm. Outro fato
que nos chama a atenção nesta produção diz respeito aos últimos filmes de
Freitas, produzidos em 1969, que se intitulavam de cineminha-jornal, nos
atentando para o fato de que mais que um hobby, como nos apontam alguns
relatos, os filmes de Freitas apresenta característica de um produto
comercializável.
Na primeira metade da década de 1960, Sergipe passa a ter
uma produção audiovisual mais efetiva através dos cinejornais produzidos por
Walmir Almeida. Mas apesar dos cinejornais impulsionarem uma determinada
produção no estado, eles se configuram como produtos institucionalizados pelo
Estado e muitas vezes destacando atividades relacionadas à políticos. Num breve
comparativo do cenário cinematográfico no Nordeste, notamos que, nesta época já
havia surgido na Paraíba, Aruanda (1960) de Linduarte Noronha, que junto com o
carioca Arraial do Cabo (1959) de Paulo César Saraceni e Mário Carneiro
retratavam o povo brasileiro em alteridade, menos idealizado e folclorizado
(RAMOS, 2008), assim criam determinadas modificações estilísticas no
documentário. As novas histórias efetivamente começam a ser contadas em Sergipe
apenas no início da década de 1970 com a produção do Super8.
É importante pontuar que pesquisar a produção
cinematográfica de Sergipe é um trabalho árduo, pois a falta de um acervo
organizado e a inviabilidade de acesso direto ás obras dificultam a busca por
informações tanto históricas quanto técnicas das produções. Apesar dos poucos
estudos alguns textos sobre o cinema foram produzidos, mas grande parte se
configura como os textos jornalísticos como os de Luiz Antônio Barreto (2010),
Vinícius Dantas (2012) e Osmário Santos (2012), que apresentam características
de um memorial, panoramas e lembranças de uma época. Também existem estudos
mais elaborados como o livro nunca publicado de Justino Alves, um dos
realizadores do ciclo Super8 e os catálogos sobre cinema sergipano de Djaldino
Mota Moreno.
Por haver poucos estudos sobre o cinema sergipano a
observação de suas primeiras produções revelam características sócio-históricas
e técnicas, além de possibilitar uma comparação das condições de produção e das
temáticas abordadas, além se criar bases para novos estudos sobre a produção
sergipana.
Bibliografia
ARAÚJO, Karla Holanda. Documentário nordestino, mapeamento
história e análise (1994-2003). São Paulo: Annablume, FAPESP, 2008.
BERNARDET, Jean Claude. Cinema brasileiro: propostas para
uma história. São Paulo: Companhia da Letras, 2009.
DANTAS, Vinícius. Primeiro Cinema em Aracaju. In: Mnemo
Cine. 2012. Disponível em: . Acessado em : 21 jul. 2015.
MORENO, Djaldino Mota. Cinema Sergipano – catálogo de
filmes. Aracaju, Sergipe. 1988.
______________________ Clemente de Freitas – o pioneiro na
arte cinematográfica em Sergipe. In: Centro de Pesquisadores do Cinema
Brasileiro –Núcleo Regional de Sergipe, 2004. Disponível em: . Acessado em: 27
mai. 2015.
MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas & pós-cinemas. Campinas,
SP: Papirus, 1997.
RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal o que é documentário? São
Paulo: Editora Senac, 2008.
SANTOS, Osmário. Walmir Almeida o cinegrafista da cidade.
JornaldaCidade.Net 14 mai. 2012. disponível em:
www:jornaldacidade.net/noticias-leitura/cinema. Acessado em: 18 ago 2015.
Texto reproduzido do site: associado.socine.org.br
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