Publicação compartilhada do Facebook/Lilian Rocha, de 3 de dezembro de 2021
Por Lilian Rocha
“Assim que desci do táxi, na esquina da praça do palácio, parei diante dele. Um suntuoso prédio de andar, transformado em uma loja de roupas populares, chamada “Center Pálace”. Não resisti e entrei. Mas não entrei no ‘Center Pálace’. Entrei no meu velho e querido “Cine Pálace”, para tentar reencontrar algum vestígio do passado e acalmar minha saudade que já começava a doer...
No enorme hall de entrada, onde ficava a bilheteria, havia dezenas de araras repletas de camisas masculinas, à espera de um comprador. Continuei em frente, fingindo que estava entrando no cinema mais elegante de Aracaju, do meu tempo de adolescência. O único com “ar refrigerado e “cadeiras acolchoadas”, um verdadeiro luxo!
Procurei vestígios das pinturas de Jenner Augusto nas paredes e, lá no fundo, busquei o palco e a imensa cortina vermelha, ainda fechada, esperando o filme começar. De repente, eis que as luzes se apagavam e o prefixo musical se fazia ouvir. Nosso coração batia forte. Era o sinal de que o filme ia começar...
E lentamente, a cortina de veludo ia se abrindo, enquanto nossos olhos continuavam aflitos, procurando reconhecer, no escuro, se aquela pessoa que estava chegando atrasada era finalmente aquela por quem tanto estávamos esperando... “
Sempre que passo por lá, ainda revejo o meu querido Cine Pálace. Quantas lembranças guardo dali!
Foi ali que comecei a namorar pela primeira vez, quando, subitamente, no meio do filme, ele puxou minha mão e a entrelaçou na dele. “Pegar na mão”, naquele tempo, era a certeza de que a gente estava namorando.
Passei o resto do filme assim: dura, estatelada, com o coração disparado, mas a alma em festa...
(Trechos extraídos do livro “Minha Companheira de dentro” - Lilian Rocha – 03.12.21)
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Lilian Rocha
Link do post original no Facebook > https://bit.ly/3YVYgdW
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