A direção do Palace era muito
criteriosa na escolha de sua programação. Filmes como Dr. Jivago, Ben-Hur, Os
Dez Mandamentos, O Homem Que Sabia Demais, Candelabro Italiano e Dio Come Ti
Amo, mostravam a diversidade e o cuidado na seleção. Um dia eles erraram feio.
A estréia de filmes no Cine Palace era sempre aos domingos e a primeira sessão
era a coqueluche da cidade, quando se reunia toda a juventude. Domingo tinha que
ter um novo filme, pois ir ao Palace, nesse dia, era sagrado, tal como ir à
missa. Lançaram então, um filme musical mexicano. Como o aval era dado pela
primeira sessão, a das 14 horas, o mesmo não foi aprovado, porque era um
“abacaxi de primeira”. A anarquia dos espectadores foi generalizada. À cada
cena musical, a platéia assoviava, gritava, ou começava a cantar sucessos da
época, como as músicas de Roberto Carlos. O projecionista, a fim de conter a
bagunça, acendia as luzes da sala de exibição, a platéia se acomodava e, quando
as luzes eram apagadas, tudo recomeçava. De tanto acender e apagar, o mesmo
resolveu deixar acesa todas as luzes da sala, até o final da sessão. Na segunda
feira, o filme não estava mais em cartaz.
Armando Maynard
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