Fachada da Fundação Jérôme Seydoux-Pathé,
com projeto de Renzo Piano no interior.
Michel Denancé - Coll. Fondation Jérôme Seydoux-Pathé.
Candido de Faria, 1906, fonds Morieux
© Fondation Jérôme Seydoux-Pathé.
Cartaz de C. de Faria, 1907, fotografia de François Ayme
@ coll. Fondation Jérôme Seydoux - Pathé
Publicado originalmente no site pt.rfi.fr, em 15-09-2014.
Cartazes de brasileiro são destaque em nova fundação de
cinema em Paris.
Por Patricia Moribe.
Paris ganha um novo endereço exclusivamente dedicado ao
cinema, mais especificamente aos primórdios da indústria cinematográfica. É a
fundação Jérôme Seydoux-Pathé. O prédio novo, construído onde antes havia um
teatro, é assinado por Renzo Piano, um dos arquitetos mais conceituados do
momento, co-autor do Centro Pompidou, o Beaubourg. A mostra de abertura traz os
primeiros cartazes de filmes do cinema francês, assinados por um brasileiro, o
sergipano Cândido Aragonez de Faria.
A fundação tem como objetivo ser um centro de pesquisas,
exposição e projeção principalmente de filmes mudos. O nome vem da Pathé,
empresa intimamente ligada ao início do cinema e até hoje existente, comprada
em 1990 pelo grupo de Jérôme Seydoux. A presidente da fundação, Sophie Seydoux,
explica que foram preservados todos os arquivos da Pathé, criada em 1896. Além
de filmes, câmeras e projetores, a fundação conta com os documentos de
contabilidade e minutas de reuniões de diretoria.
Ilustrador brasileiro
Há também os cartazes dos primeiros filmes, tema da
exposição de abertura. Todos assinados por um tal C. de Faria, ou seja, Cândido
Aragonez de Faria, sergipano de Laranjeiras, nascido em 1849. Ele estudou na
Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro e chegou à França em 1882,
onde fez carreira e se tornou o principal ilustrador da Pathé de 1902 a 1911,
ano em que morreu, aos 62 anos. Seu filho Jacques de Faria também foi
ilustrador.
Rodin
A visita à Fundação começa do lado de fora, diante de um portal
preservado, esculpido em 1869 por um jovem estudante de Belas Artes, Auguste
Rodin. A fachada era de um teatro que foi demolido para dar lugar ao projeto de
Renzo Piano, uma bolha em vidro e aço, recoberta por painéis, lembrando a
carapaça de um tatu, como já está sendo chamado o prédio. O primeiro andar
abriga a coleção de câmeras e projetores antigos. No térreo, o hall, que traz
alguns cartazes de Cândido de Farias, desemboca em um jardim zen, de onde se
pode apreciar um outro lado da criação de Piano, envolta por prédios mais
antigos.
O aposentado Jean, acompanhado da mulher, que veio do sul da
França e fez questão de visitar o novo espaço dedicado ao cinema. “Fomos
seduzidos pela inovação arquitetural do projeto, mas tem outro aspecto muito
importante, que é a valorização do cinema mudo, uma época de enorme capacidade
inventiva”, diz o cinéfilo.
No escurinho
As projeções de tarde trazem uma seleção de obras
restauradas, acompanhadas ao vivo por um pianista, como se fazia nos tempos dos
filmes mudos. Trata-se de uma oportunidade especial para apreciar a
criatividade e humor dos primeiros cineastas, ainda com tão poucos recursos.
Texto e imagens reproduzidos do site: pt.rfi.fr
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