sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Crítica do filme: “Harry e Sally – Feitos um Para o Outro”


Crítica do filme: “Harry e Sally – Feitos um Para o Outro”

Por Renato Furtado

“Harry e Sally – Feitos um Para o Outro” não é um clássico das comédias românticas à toa. Todos os clichês estão lá: o casal que, a princípio, não consegue sequer aguentar a companhia um do outro; as dificuldades; as reviravoltas; a paixão; e os longos passeios repletos de diálogos ora espirituosos, ora sinceros, daqueles que vem de lá de dentro do coração. Por outro lado, o filme une a escrita de Nora Ephron, a direção de Rob Reiner e a performance de Meg Ryan.


Ephron, indicada três vezes ao Oscar, está para as comédias românticas populares assim como Woody Allen está para as comédias (frequentemente dramédias) românticas mais “intelectuais”. A cineasta é especialista em escrever linhas da forma mais natural possível e tem um olhar afiado, que captura relações românticas de uma maneira suave e cinematográfica sem nunca tirar o pé da realidade. Ela não insere subtramas ou piadas fáceis; portanto, não complica o material: seus roteiros são simples, diretos e concisos.

Levado à tela por Reiner, diretor subestimado, o material de Ephron ganha uma vida interessante. O cineasta (responsável pelo clássico oitentista “Conta Comigo” e o cult “Isto É Spinal Tap”) realiza intervenções interessantes e inteligentes (como a tela dividida no momento em que os protagonistas acompanham um filme juntos), que elevam a película e que raramente são feitas em um gênero já tão exaurido.

Por fim, Ryan é a mestra das comédias romântica. Ainda que sua carreira tenha sofrido certo declínio do início dos anos 2000 para cá, a atriz sabe muito bem o que fazer para cativar. Ela faz com que nos apaixonemos muito facilmente por suas personagens e desenvolve uma boa com Billy Crystal – algo que parece impossível na teoria; aliás, lamenta-se apenas que o par de Ryan não tenha sido Tom Hanks, com quem ela viria a contracenar diversas vezes, inclusive nos filmes de Ephron.

É a atuação conjunta desses três nomes que torna o longa em “algo mais”. Repleto de cenas icônicas (como a sequência do “orgasmo” no restaurante), “Harry e Sally” é uma obra consciente de suas limitações e, principalmente, de seus trunfos; um filme romanticamente realista e realisticamente romântico.

Texto reproduzido do site: cinema2manos.com

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