Crítica do filme: “Harry e Sally – Feitos um Para o Outro”
Por Renato Furtado
“Harry e Sally – Feitos um Para o Outro” não é um clássico
das comédias românticas à toa. Todos os clichês estão lá: o casal que, a
princípio, não consegue sequer aguentar a companhia um do outro; as
dificuldades; as reviravoltas; a paixão; e os longos passeios repletos de
diálogos ora espirituosos, ora sinceros, daqueles que vem de lá de dentro do
coração. Por outro lado, o filme une a escrita de Nora Ephron, a direção de Rob
Reiner e a performance de Meg Ryan.
Ephron, indicada três vezes ao Oscar, está para as comédias
românticas populares assim como Woody Allen está para as comédias
(frequentemente dramédias) românticas mais “intelectuais”. A cineasta é
especialista em escrever linhas da forma mais natural possível e tem um olhar
afiado, que captura relações românticas de uma maneira suave e cinematográfica
sem nunca tirar o pé da realidade. Ela não insere subtramas ou piadas fáceis;
portanto, não complica o material: seus roteiros são simples, diretos e
concisos.
Levado à tela por Reiner, diretor subestimado, o material de
Ephron ganha uma vida interessante. O cineasta (responsável pelo clássico
oitentista “Conta Comigo” e o cult “Isto É Spinal Tap”) realiza intervenções
interessantes e inteligentes (como a tela dividida no momento em que os protagonistas
acompanham um filme juntos), que elevam a película e que raramente são feitas
em um gênero já tão exaurido.
Por fim, Ryan é a mestra das comédias romântica. Ainda que
sua carreira tenha sofrido certo declínio do início dos anos 2000 para cá, a
atriz sabe muito bem o que fazer para cativar. Ela faz com que nos apaixonemos
muito facilmente por suas personagens e desenvolve uma boa com Billy Crystal –
algo que parece impossível na teoria; aliás, lamenta-se apenas que o par de
Ryan não tenha sido Tom Hanks, com quem ela viria a contracenar diversas vezes,
inclusive nos filmes de Ephron.
É a atuação conjunta desses três nomes que torna o longa em
“algo mais”. Repleto de cenas icônicas (como a sequência do “orgasmo” no
restaurante), “Harry e Sally” é uma obra consciente de suas limitações e,
principalmente, de seus trunfos; um filme romanticamente realista e
realisticamente romântico.
Texto reproduzido do site: cinema2manos.com
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