Imagem divulgação - postada pelo blog
Texto publicado originalmente no site OVEST, em 4 de novembro de 2017
Crítica | Mary Poppins (1964)
Por Thiago Ranieri
Mary Poppins era muito vaidosa e gostava de estar vestida
sempre da melhor maneira possível. Assim, ela tinha a certeza de nunca se
parecer com nenhuma outra pessoa.
Em 1934, a escritora australiana Pamela Lyndon Travers (ou
P.L. Travers) lançou o primeiro de uma série de oito livros infanto-juvenis
chamado Mary Poppins. A história se passava em Londres e tinha como
protagonista uma babá mágica inglesa, que se responsabilizava pelas crianças da
família Banks. As filhas do visionário Walt Disney amaram a história, o
incentivando a trazê-la para os cinemas. O longa de mesmo nome estreou em 1964,
porém a batalha foi árdua para convencer Travers a lhe dar os direitos de sua
história. Ela finalmente cedeu no começo da década de 1960, quando os livros
não vendiam tanto como antes. Mesmo assim, a escritora sempre reclamava de algo
(tanto que a realidade da produção foi adaptada para o filme Walt Disney nos
Bastidores de Mary Poppins, com Tom Hanks e Emma Thompson). Travers odiou o
resultado, entretanto, Mary Poppins foi um sucesso estrondoso de crítica e
bilheteria. E muitos o consideram como o melhor live-action da Walt Disney
Pictures.
A babá na versão de Travers era muito mais fria, e isso com
certeza não iria encantar os espectadores (ainda mais sendo um lançamento dos
estúdios Disney). Bert pouco aparece nos livros e substitui outros personagens
que foram cortados. Essas mudanças, propostas por Walt Disney e o trio Robert
Stevenson (um dos diretores mais famosos da Disney na época, vindo de sucessos
como O Diabólico Agente D.C. e O Fantástico Super-Homem), Bill Walsh e Don DaGradi ajudaram bastante a melhorar a
história.
O ano é 1910. George Banks (David Tomlinson) e sua esposa
querem contratar uma nova babá para seus filhos, Michael e Jane (Matthew Garber e Karen
Dotrice), após a última ter se demitido. Numa noite, enquanto escrevia um
anúncio procurando uma nova profissional, as crianças lhe apresentam seu
próprio anúncio apresentando as características de uma babá perfeita. A carta
chega até a fantástica Mary Poppins (Julie Andrews), que junto de seu amigo
Bert (Dick Van Dyke), fascinam os dois jovens com muita música e magia.
Supercalifragilisticexpialidoce
Sei que o som dessa palavra não é nada doce
Andrews ficou eternamente marcada no papel. Ela trouxe tudo
que a personagem exigia e um pouco mais, ouso dizer. O talento musical dela é
espetacular, e não é a toa que ela mostrou isto novamente ao público em A
Noviça Rebelde (1965). Van Dyke é, ao meu ver, a melhor coisa do longa e se
solta bastante nas cenas musicais. Ele também vive o velho Senhor Dawes (o
antagonista), eu eu particularmente não o reconheci de tão bem que foi sua
performance. David Tomlinson entrega a figura de um pai autoritário com
maestria e facilidade (visto que ele já era um ator veterano).
A Spoonful Of Sugar, Feed the Birds e Supercalifragilisticexpialidocious
são, ao meu ver, as melhores músicas. A última citada possui um nome
complicado, mas depois que você assiste o filme, consegue dizê-la facilmente.
Essas e muitas outras canções saíram da cabeça dos irmãos Richard e Robert
Sherman. A combinação de desenho animado com live-action funcionou
perfeitamente e naturalmente (algo que a autora também odiou). Quanto aos
efeitos especiais, eles não envelheceram mal. A maior parte é bem convincente,
e para aquela época então, eram de outro mundo.
Mary Poppins é um verdadeiro clássico atemporal. Estes 30
anos de trabalho (e brigas) para levá-lo às telas de cinema valeram muito a
pena. Um resultado satisfatório para Walt Disney, que provou ser um gênio não
só nas animações, mas também em filmes live-action.
Mary Poppins Mary Poppins – EUA, 1964, cor, 139 minutos.
Direção: Robert Stevenson. Roteiro: Bill Walsh, Don DaGradi
(baseado no romance de P.L. Travers). Cinematografia: Wally Pfister. Edição:
Cotton Warburton. Música: Richard M. Sherman, Robert B. Sherman e Irwin Kostal.
Elenco: Julie Andrews, Dick Van Dyke, David Tomlinson, Glynis Johns, Hermione
Baddeley, Reta Shaw, Karen Dotrice, Matthew Garber, Elsa Lanchester.
Texto reproduzido do site: ovest.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário