sábado, 12 de janeiro de 2019

Crítica do filme: "Mary Poppins"

Imagem divulgação - postada pelo blog

Texto publicado originalmente no site OVEST, em 4 de novembro de 2017 

Crítica | Mary Poppins (1964)
Por Thiago Ranieri  
   
Mary Poppins era muito vaidosa e gostava de estar vestida sempre da melhor maneira possível. Assim, ela tinha a certeza de nunca se parecer com nenhuma outra pessoa.

Em 1934, a escritora australiana Pamela Lyndon Travers (ou P.L. Travers) lançou o primeiro de uma série de oito livros infanto-juvenis chamado Mary Poppins. A história se passava em Londres e tinha como protagonista uma babá mágica inglesa, que se responsabilizava pelas crianças da família Banks. As filhas do visionário Walt Disney amaram a história, o incentivando a trazê-la para os cinemas. O longa de mesmo nome estreou em 1964, porém a batalha foi árdua para convencer Travers a lhe dar os direitos de sua história. Ela finalmente cedeu no começo da década de 1960, quando os livros não vendiam tanto como antes. Mesmo assim, a escritora sempre reclamava de algo (tanto que a realidade da produção foi adaptada para o filme Walt Disney nos Bastidores de Mary Poppins, com Tom Hanks e Emma Thompson). Travers odiou o resultado, entretanto, Mary Poppins foi um sucesso estrondoso de crítica e bilheteria. E muitos o consideram como o melhor live-action da Walt Disney Pictures.

A babá na versão de Travers era muito mais fria, e isso com certeza não iria encantar os espectadores (ainda mais sendo um lançamento dos estúdios Disney). Bert pouco aparece nos livros e substitui outros personagens que foram cortados. Essas mudanças, propostas por Walt Disney e o trio Robert Stevenson (um dos diretores mais famosos da Disney na época, vindo de sucessos como O Diabólico Agente D.C. e O Fantástico Super-Homem), Bill Walsh  e Don DaGradi ajudaram bastante a melhorar a história.

O ano é 1910. George Banks (David Tomlinson) e sua esposa querem contratar uma nova babá para seus filhos,  Michael e Jane (Matthew Garber e Karen Dotrice), após a última ter se demitido. Numa noite, enquanto escrevia um anúncio procurando uma nova profissional, as crianças lhe apresentam seu próprio anúncio apresentando as características de uma babá perfeita. A carta chega até a fantástica Mary Poppins (Julie Andrews), que junto de seu amigo Bert (Dick Van Dyke), fascinam os dois jovens com muita música e magia.

Supercalifragilisticexpialidoce
Sei que o som dessa palavra não é nada doce

Andrews ficou eternamente marcada no papel. Ela trouxe tudo que a personagem exigia e um pouco mais, ouso dizer. O talento musical dela é espetacular, e não é a toa que ela mostrou isto novamente ao público em A Noviça Rebelde (1965). Van Dyke é, ao meu ver, a melhor coisa do longa e se solta bastante nas cenas musicais. Ele também vive o velho Senhor Dawes (o antagonista), eu eu particularmente não o reconheci de tão bem que foi sua performance. David Tomlinson entrega a figura de um pai autoritário com maestria e facilidade (visto que ele já era um ator veterano).

A Spoonful Of Sugar, Feed the Birds e Supercalifragilisticexpialidocious são, ao meu ver, as melhores músicas. A última citada possui um nome complicado, mas depois que você assiste o filme, consegue dizê-la facilmente. Essas e muitas outras canções saíram da cabeça dos irmãos Richard e Robert Sherman. A combinação de desenho animado com live-action funcionou perfeitamente e naturalmente (algo que a autora também odiou). Quanto aos efeitos especiais, eles não envelheceram mal. A maior parte é bem convincente, e para aquela época então, eram de outro mundo.

Mary Poppins é um verdadeiro clássico atemporal. Estes 30 anos de trabalho (e brigas) para levá-lo às telas de cinema valeram muito a pena. Um resultado satisfatório para Walt Disney, que provou ser um gênio não só nas animações, mas também em filmes live-action.

Mary Poppins Mary Poppins – EUA, 1964, cor, 139 minutos.
Direção: Robert Stevenson. Roteiro: Bill Walsh, Don DaGradi (baseado no romance de P.L. Travers). Cinematografia: Wally Pfister. Edição: Cotton Warburton. Música: Richard M. Sherman, Robert B. Sherman e Irwin Kostal. Elenco: Julie Andrews, Dick Van Dyke, David Tomlinson, Glynis Johns, Hermione Baddeley, Reta Shaw, Karen Dotrice, Matthew Garber, Elsa Lanchester.


Texto reproduzido do site: ovest.com.br

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