O cineasta Fábio Barreto (Foto: André Coelho)
Publicado originalmente no site do jornal O GLOBO, em 20/11/2019
Morre Fábio Barreto, diretor de 'Lula, o filho do Brasil' e
'O quatrilho', aos 62 anos
Cineasta estava em coma desde 2009 devido a um grave acidente
de carro
O Globo
RIO – Morreu na noite desta quarta-feira, no Rio, o cineasta
Fábio Barreto, diretor de filmes como "Lula, o filho do Brasil" e
"O quatrilho". Ele tinha 62 anos e estava em coma desde dezembro de
2009, após capotar o carro na Rua Real Grandeza, em Botafogo, Zona Sul do Rio.
Fábio estava internado no Hospital Samaritano de Botafogo, e
o velório está marcado para sexta-feira de manhã, no Memorial do Carmo, no
Caju. À tarde, o diretor será cremado.
Filho dos produtores Luiz Carlos e Lucy Barreto, irmão do
cineasta Bruno Barreto, Fábio começou a trabalhar como diretor de cinema em
1977, fazendo curtas-metragens — o de estreia foi "A história de José e
Maria", quando ele tinha 20 anos.
Foi foi assistente de direção do também cineasta Cacá
Diegues em "Bye bye Brasil" (1979) e dirigiu seu primeiro longa em
1982, Índia, a filha do sol", com Gloria Pires, que foi exibido no
Festival de Cannes.
Ao longa da carreira, o cineasta dirigiu 13 filmes. O
longa-metragem de maior sucesso de Fábio foi "O quatrilho" (1995),
baseado no livro homônimo de José Clemente Pozenato. Estrelada por Gloria Pires
e Patrícia Pillar, a produção foi indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro
no ano seguinte.
Seu trabalho mais recente também gerou forte repercussão: a
cinebiografia "Lula, o filho do Brasil", baseado no livro de Denise
Paraná, que estreou em janeiro de 2010. O longa conta a história da vida do
ex-presidente, vivido nas telas por Rui Ricardo Dias, na época do sindicalismo.
Além de diretor, Fábio Barreto também atuou em
"Memórias do cárcere" (1984) e "For all - O trampolim da
vitória" (1997).
— Muito triste... Fábio foi um grande companheiro e diretor
talentoso e delicado em "O quatrilho", filme que tive o grande prazer
em fazer e que foi candidato ao Oscar de Melhor filme estrangeiro. Todo meu
carinho à família — escreveu Patrícia Pillar no Twitter.
No dia 19 de dezembro de 2009, Fábio capotou com sua Pajero
Mitsubishi dourada na Rua Real Grandeza, próximo ao acesso do Túnel Velho,
quando voltava do Aeroporto Internacional Tom Jobim. Segundo uma testemunha, o
cineasta, que estava sozinho no carro, teve o veículo fechado por um automóvel
e despencou de uma altura de de quatro metros, para a outra pista. No acidente,
Fábio sofreu politraumatismos, com predominância de traumatismo
cranioencefálico
Integrante de um dos clãs mais importante do cinema
brasileiro, Fábio recebia no hospital a visita dos pais pelo menos três vezes
por semana, como Barretão revelou ao GLOBO em 2018, ao completar 90 anos. Eles
testavam no filho tratamentos de ponta, como o uso de estímulos extracranianos
elétricos.
Fábio Barreto deixa a mulher, a atriz Debora Kalume, e
quatro filhos.
Texto e imagem reproduzidos do site: oglobo.globo.com
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