Cartaz do filme "Pretty Baby", postado pelo blog
para ilustrar a presente crítica
para ilustrar a presente crítica
Texto publicado originalmente no blog thebelljarsgirl, em 7 de junho de 2016
Crítica do filme "Pretty Baby (1978)
A história de Violet em Menina Bonita (1978) é a mesma de
milhares de crianças que são sexualizadas desde cedo. Mesmo sendo crime, a
prostituição e pornografia infanto-juvenil se camuflam em diversas formas. Há a
justificativa que as meninas estão amadurecendo mais cedo, mas essa desculpa
ainda presente, e é a que vemos na obra do cineasta francês, Louis Malle, em
sua estreia Hollywoodiana. Ambientada num bordel em Nova Orleans por volta de
1917,a filha da prostituta Hattie (Susan Sarandon) Violet (Brooke Shields) cresceu nesse espaço
e se familiarizou com a sua rotina. Nada passa despercebido para ela, chegando
a observar sua mãe na cama com outros. O início do século XX é fortemente
marcado por uma sociedade aristocrata e patriarcal, na qual os bons costumes
ditam as regras, e aqueles à margem dela eram considerados insignificantes. Era
assim a vida das meretrizes da época. Seu único valor encontrava-se em vender o
corpo aos mais abastados da sociedade. O bordel era legalizado por ser o único
lugar autorizado a acolher a promiscuidade. Classes, política, moda, tudo era
permitido falar sobre, mas as mulheres dali não tinham voz afora.
Hattie ambiciona se tornar uma mulher '' respeitável'' .E em
que contexto as palavras respeito e mulher se encaixavam naquele tempo? Somente
no plano matrimonial, em que sua submissão e privação eram seus únicos meios de
ser vista com bons olhos pela sociedade. O pensamento ainda é atual, porém,
somente para quem vive a luz da ignorância. Deixando o bordel para se casar,
Hattie encaminha a filha para a polêmica venda da sua virgindade. Posta como
uma manequim de vitrine, Violet não teme as consequências, na verdade, ela
anseia por esse momento, brindado por todos presentes, exceto por um fotógrafo,
amigo da família. Bellocq (Keith Carradine) é fascinado pela beleza da garota,
mas a enxerga como uma criança. O tratamento entre os dois começa a se
diferenciar após Violet demonstrar sua paixão por ele. Antes receoso, Bellocq a
propõe em casamento,a fim de tirá-la daquele meio. Mesmo assim, o
relacionamento dos dois se aproxima mais a de um entre pai e filha. Com a
inocência perdida, Violet não aceita mais ser vista dessa forma, decidindo
fugir do seu novo lar. A sua falsa
independência a leva ao seu retorno ao bordel, que em meio a manifestações de
puritanos, recebe um mandato de fechamento.
O final de Violet é diferente do das prostitutas com quem
convivia. Indo morar com a sua mãe
e novo marido, a menina tem
acesso à educação e a outros espaços que antigamente não poderia alcançar. No
entanto, o close no seu olhar revela a transgressão sem volta, a ingenuidade da
sua idade havia se perdido. É esse o ponto que merece ser debatido sobre o
filme. A ideia de que pré-adolescentes já são maduras sexualmente é mascarada
por uma sociedade que não censura devidamente o alcance dos materiais ilegais
para o menor, que por falta de discernimento se deixa influenciar facilmente
pelo que lhe é exposto. Sendo assim, da
mesma forma que a obra de Louis Malle é um material de crítica social, também
serve de material pornográfico por conta das cenas de nudez da atriz Brooke
Shields. Décadas após seu lançamento, o combate a pornografia infanto-juvenil
ganha uma maior fiscalização. Porém, do outro lado, não tolerar conteúdo sexual
para o menor, pode distorcer a sua concepção e levá-lo a fácil sedução. O caso
é bem mais complexo que isso, falo aqui no sentido da sedução de menores por
maiores. Em relação a meninas que sexualizam seus corpos, esses fatores e
outros corroboram para tal. Vale
enfatizar que o respeito a diferentes orientações sexuais não se encaixa na
discussão. A visão de que a exposição desses casais em atividades não sexuais
deturpam as crianças é errônea. O único propósito de se discutir mais sobre
isso com elas é para que o respeito e tolerância ao próximo sejam motivados. A
objeção se dá pela natural sexualização de casais homoafetivos, acreditando-se
que sua união é apenas para fins sexuais e nada mais.
A crítica poderia se extender a meios em que o sexo, drogas
são difundidos e reflexo da cultura local. Mas, a problemática é geral e
precisa ser discutida considerando qual a infância de hoje. Até que ponto o
público infanto-juvenil é considerado maduro? Enfim, apesar de uma fotografia
impecável e atuações memoráveis, o filme traz uma protagonista fictícia mas que
infelizmente, foi e é o retrato de tantas meninas na vida real.
Texto reproduzido do blog: thebelljarsgirl.blogspot.com
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