Publicado originalmente no site PLURAL, em 05 de junho de 2019
Os bastidores da censura em 1986, ao filme de Godard “Je Vous Salue Marie"
Por Aluizio Palmar
A adaptação cinematográfica da história da Virgem Maria para
o final do século 20, do renomado diretor francês Jean-Luc Godard, provocou
críticas dos católicos em todo o mundo e foi proibida de ser exibida no Brasil
em 1986.
Antes da estreia no país, a igreja católica brasileira
condenou o filme, classificando-o de obsceno e herético. A Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) deu início a uma campanha pela não exibição da
película na abertura do 2º Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro.
Cedendo às pressões, a exibidora retirou o filme na última hora.
O bispo dom Luciano Mendes de Almeida, secretário-geral da
entidade, pediu em nota oficial a censura definitiva de “Je Vous Salue, Marie”.
Logo depois, o presidente José Sarney ordenou a interdição da obra, sendo
apoiado por setores conservadores da sociedade. No início do seu governo, o
ministro da Justiça, Fernando Lyra, havia anunciado o fim oficial da censura.
“Je Vous Salue, Marie” foi o último filme vetado no Brasil.
No Carnaval do ano seguinte, 1986, o irreverente bloco de
rua brasiliense Pacotão lançou a marchinha “Je Vous Salue, Marly”, uma clara
provocação ao presidente Sarney, cuja mulher chama-se Marly.
Texto e imagem reproduzidos do site: plural.jor.br
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