Publicado originalmente no site HUFF POST BRASIL, 5 de maio de 2020
'Gladiador', 20 anos: 10 coisas que você não sabia sobre o
épico que se tornou clássico
Em 5 de maio de 2000 estreava nos Estados Unidos um dos
filmes mais icônicos do século 21.
By Rafael Argemon
Hoje nós sabemos que Gladiador é um dos filmes mais
celebrados da primeira década dos anos 2000, mas quando foi lançado nos Estados
Unidos, no dia 5 de maio de 2000, o filme tinha tudo para ser um grande
fracasso.
O roteiro mal tinha sido escrito quando as filmagens
começaram, no Marrocos. E elas não foram nada fáceis. Além de egos inflados e
problemas técnicos e metereológicos, nem o diretor Ridley Scott tinha lá muito
ideia do que sairia daquilo tudo, pois tinha um calendário dos mais apertados.
“Eu li o roteiro e achei que não era um filme. Mas Parkes [o
produtor J.F. Parkes] disse: ‘Se passa em 184 d.C., você é um general romano e
será dirigido por Ridley Scott’. Isso foi o suficiente para eu querer falar com
Ridley”, disse Russell Crowe, a estrela do filme, à revista Variety.
Por uma série de fatores e uma boa dose de boa fortuna, a
combinação de um cineasta casca grossa como Scott com atores não menos cascudos
e cheios de atitude acabou, ao contrário do que se esperava, dando certo. Tanto
que o fato de ter um roteiro precário foi até bom, pois foi na base da
improvisação que algumas das mais icônicas frases ditas no filme nasceram.
O sucesso foi imediato. Gladiador estreou no topo da
bilheteria e abocanhou nada menos que cinco estatuetas do Oscar em 12
disputadas. Venceu nas categorias Melhor Filme, Ator (para Crowe), Mixagem de
Som, Efeitos Visuais e Figurino. Além de ter sido a 3ª maior bilheteria do ano
de 2000, atrás apenas de O Grinch e Missão Impossível 2, o 1º e 2º lugares, respectivamente.
Gladiador conta a história de um general romano chamado
Maximus Decimus Meridius (Crowe), que é traído por inimigos do imperador Marco
Aurélio, vê sua família ser morta e é forçado à escravidão. Negociado como
gladiador, ele se transforma uma verdadeira lenda nas arenas romanas até virar
uma das grandes atrações do Coliseu. Mas sua fama atinge em cheio o ego do novo
imperador, o jovem e cruel Commodus (Joaquin Phoenix).
20 anos depois, Scott promete uma sequência, que ele afirma
estar em andamento. Mas enquanto isso não aconteceu (se é que um dia vai
acontecer), celebramos o aniversário desse épico que acabou se transformando em
um clássico com 10 coisas que você - provavelmente - não sabe sobre Gladiador.
1 - Uma imagem vale mais que mil palavras
Gladiador não é um projeto pessoal de Ridley Scott. O
cineasta foi convencido pelos produtores a dirigir o filme. Como? Eles
Mostraram a ele uma pintura do artista francês Jean-Léon Gérôme chamada Pollice
Verso. “Essa imagem me mostrou o Império Romano em toda a sua glória e
crueldade. Soube naquele momento que dirigiria o filme”, disse Scott em uma
entrevista na época do lançamento de Gladiador.
2 - Para cima ou para baixo?
Assim como mostra a pintura de Jean-Léon Gérôme e no próprio
Gladiador, o sinal com o polegar para cima e para baixo indicava os pedidos
pela misericórdia ou morte dos gladiadores nas arenas. Porém, na Roma Antiga,
esses sinais significavam exatamente o contrário. O dedão para cima queria
dizer “morte” e para baixo, “misericórdia”.
3 - No pain, no gain
Durante as filmagens de Gladiador, Russel Crowe quebrou dois
ossos do quadril, dois nos pés e lesionou o músculo dos dois bíceps. Alguns
ferimentos de seu personagem mostrados na tela são reais. Como um que aparece
em seu rosto em uma batalha no início do filme. O ator tinha levado um coice de
um cavalo.
Isso sem falar que ele teve que perder 18 quilos para o
papel, pois tinha acabado de filmar O Informante, em que ele interpreta um
químico que trabalhava para a indústria do tabaco, um homem bem mais velho e
sedentário.
Mas o sacrifício deu resultado. Tanto que logo depois de
perder o Oscar de Melhor Ator com O Informante, Crowe faturou o prêmio no ano
seguinte como o gladiador Maximus.
4 - Liberdadeeeeeeee!
Até hoje há um boato de que o papel de Maximus foi
originalmente escrito para Mel Gibson e que ele recusou por se achar velho
demais, mesmo após apenas 5 anos depois de estrelar (e dirigir) Coração
Valente. No entanto, Ridley Scott nega e já disse diversas vezes que Russell
Crowe - mesmo na época não sendo um ator tão conhecido assim - sempre foi sua
única escolha para o papel.
5 - Quem sabe faz ao vivo
Gladiador acumulou dezenas de prêmios, mas nenhum deles foi
para o seu roteiro, que, convenhamos, era uma bagunça. Apenas 32 páginas do
script haviam sido concluídas quando as filmagens começaram. O resto foi sendo
escrito durante o processo, dando muito espaço para improvisação. Tanto
que a descrição de Maximus sobre como
era sua casa era, na verdade, Crowe descrevendo sua própria fazenda, na
Austrália. Outra famosa frase totalmente improvisada foi a do imperador
Commodus (Joaquin Phoenix) para sua irmã Lucilla (Connie Nielsen): “Am I not
merciful?” (Eu não sou piedoso?).
6 - Uma família não muito unida e também muito ouriçada
Commodus - que fisicamente não tinha nada a ver com Joaquin
Phoenix, pois era descrito como sendo loiro, alto e musculoso - era conhecido
como o “Imperador Gladiador”. Isso porque, além de treinar constantemente com
gladiadores, era um habitué do Coliseu. Ele ostentava 620 vitórias nesses
combates, mas a verdade é que seus oponentes não tinham coragem de derrotar o
imperador. Mesmo assim, ele tinha o costume de matar seus parceiros de treino.
E quando começou a mandar às arenas deficientes físicos para serem mortos, sua
popularidade começou a cair. Em 182 d.C., ele sobreviveu a uma tentativa de
assassinato a mando de sua própria irmã, Lucilla.
7 - Bad boys do passado
Tanto Russel Crowe quanto Joaquin Phoenix são conhecidos
como atores de difícil convivência, acumulando vários desentendimentos e
desafetos com o passar dos anos. Mas essa dupla é fichinha perto de dois outros
colegas de elenco de Gladiador: Oliver Reed e Richard Harris.
O primeiro já era considerado um pária em Hollywood há
décadas. Suas constantes bebedeiras eram comparáveis apenas às de Harris (que
no filme interpreta o envelhecido imperador Marco Aurélio), que certa vez
comprou um pequeno pub no interior da Inglaterra apenas porque o dono queria
fechar e ele queria continuar bebendo com outro grande companheiro de copo: o
ator Peter O’Toole.
Reed, que morreu de ataque cardíaco no meio das filmagens de
Gladiador e deu um trabalhão para a finalização do filme, admitiu que só
aceitou o papel do comerciante de escravos Proximo porque ganharia uma viagem
de graça para Londres.
8 - Números Maximus
Além de muito elogiado pela crítica, Gladiador foi um enorme
sucesso de público, acumulando uma bilheteria de US$ 460 milhões. Porém, custou
uma verdadeira fortuna para a época: US$103 milhões. Tudo por conta de sua
grandiosidade e uma certa dose de megalomania. A produção utilizou mais de 10
mil figurinos, entre eles, armaduras feitas de aço! Apenas a réplica do Coliseu
romano custou mais de U$ 1 milhão. Construído basicamente de madeira compensada
e gesso, tinha 16 metros de altura. Mas apenas as duas primeiras fileiras do
Coliseu eram preenchidas com pessoas reais. O resto é efeito de computador, o
famoso CGI.
9 - Mitos e verdades sobre os gladiadores
Há muitos mitos sobre os gladiadores. Um deles é que eles se
alimentavam basicamente de carne, o que não era verdade. A maioria tinha uma
dieta vegetariana. E o motivo é o mais banal possível: porque era mais barato.
Além disso, como os esportistas de hoje, alguns deles eram verdadeiras
celebridades e endossavam produtos. Ou seja, tinham patrocinadores! Esse fato
não foi levado em conta no filme porque os produtores achavam que o público não
acreditaria que fosse algo real.
Outro fato distorcido é que, na vida real, a maioria dos
gladiadores não terminavam em morte. Claro que a função era das mais arriscadas
e gladiadores não eram famosos por ter vida longa, mas combates até a morte
eram raridade.
10 - Quem não tem rinoceronte, caça com tigre
As cenas com animais, principalmente com os tigres, ficaram
famosas em Gladiador. Mas a coisa poderia até ser ainda mais louca. No roteiro
original, havia uma sequência em que Maximus lutava com um rinoceronte. No
entanto, o bicho mostrou-se extremamente difícil de treinar. A produção até
tentou fazer uma versão em CGI, mas, na época, o resultado não ficou natural. O
jeito foi se contentar com os tigres mesmo.
Texto e imagens reproduzidos do site: huffpostbrasil.com
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