Texto publicado originalmente no site G1 GLOBO, em 6 de julho de 2020
Ennio Morricone, maestro e compositor italiano, morre aos 91
anos
Ao longo da carreira, o artista ganhou dois Oscars e dezenas
de outros prêmios por trilhas de filmes, marcando a história do cinema.
Por G1
Ennio Morricone durante sessão de
fotos em dezembro de 2013
Foto: AP Foto/Michael Sohn, arquivo
Ennio Morricone, maestro e compositor de trilhas sonoras que
marcaram a história do cinema, morreu aos 91 anos, nesta segunda-feira (6), na
Itália.
Segundo a agência Reuters, o artista estava internado há
alguns dias em uma clínica em Roma após sofrer uma queda e fraturar o fêmur.
Um comunicado divulgado por Giorgio Assuma, advogado e amigo
do artista, informa que o maestro italiano morreu "nas primeiras horas de
6 de julho no conforto de sua família". De acordo com a nota, Ennio
Morricone "permaneceu lúcido e com grande dignidade até o fim" e
"se despediu de sua amada esposa Maria".
Morricone nasceu em 10 de novembro de 1928, em Roma, e
começou a compor aos seis anos. Em 1961, aos 33 anos, estreou no cinema com a
música de "O Fascista", de Luciano Salce.
Morricone escreveu para outras centenas de filmes, programas
de televisão, canções populares e orquestras, mas foi sua amizade com o diretor
italiano Sergio Leone que lhe trouxe fama, com partituras para Spaghetti
Westerns estrelado por Clint Eastwood na década de 1960.
Entre as mais de 500 trilhas sonoras para cinema e televisão
em seu currículo, há composições para filmes como "Três Homens em
Conflito", "A Missão", "Era uma Vez na América",
"Os intocáveis", "Cinema Paradiso", entre outros.
"A música de 'A Missão' nasceu de uma obrigação. Tinha
que escrever um solo oboé, se passava na América do Sul no século XVI, e tinha
a obrigação de respeitar o tipo de música do período. Ao mesmo tempo, eu tinha
que compor uma música que também representasse os índios da região. Todas as
obrigações me prendiam (...) Mas também fizeram com que saísse algo
claro", recordou o compositor em uma entrevista à AFP em 2017.
Ao longo da carreira, Ennio ganhou dois Oscars e dezenas de
outros prêmios, incluindo Globos de Ouro, Grammys e BAFTAs.
Ennio Morricone conduz a Orquestra Filarmônica
Nacional
Húngara em apresentação em julho de 2009
Foto: AP Photo/Boris Grdanoski, arquivo
Em 2007, recebeu um Oscar honorário por sua abundante e
elogiada carreira musical. Na ocasião, segundo a agência Deutsche Welle,
dedicou o prêmio à esposa Maria Travia, com quem era casado desde 1956 e
considerava sua melhor crítica. "Ela não tem treinamento formal em música,
mas julga meu trabalho como o público o faria. Ela é muito rígida."
Seu último Oscar foi em 2016, melhor trilha sonora original
de "Os Oito Odiados", de Quentin Tarantino. Ele primeiro recusou o
trabalho, mas depois cedeu, exigindo que Tarantino lhe permitisse uma
"ruptura total com o estilo dos filmes ocidentais".
Além de Leone e Tarantino, Ennio também trabalhou com nomes
como Roman Polanski, Terrence Malick e os italianos Giuseppe Tornatore e
Bernardo Bertolucci.
No início de junho, Morricone foi anunciado o vencedor, ao
lado do também compositor John Williams, com o prêmio Princesa das Astúrias das
Artes na Espanha. A entrega do prêmio aconteceria em uma cerimônia, em outubro.
Ao lado de Clint Eastwood, o compositor italiano
Ennio
Morricone recebe o Oscar Honorário
por sua contribuição à arte da música
cinematográfica, em 2007
Foto: AP Photo/Mark J. Terrill, arquivo
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