quarta-feira, 11 de maio de 2022

'Cinema em Itabaiana 01', por José Augusto Baldock

Legenda da foto: Imagem de Luiza Gurgel e postada pelo Blog, para ilustração do presente artigo

Texto postado pelo administrador Antônio Saracura, no Grupo do Facebook/Academia Itabaianense de Letras e compartilhado pelo Blog Cinemateca da Saudade

Post: 'Cinema em Itabaiana 01'

Por José Augusto Baldock, da ASI

                      No ano de 1913 surgiu o cinema mudo em Itabaiana, com motor de explosão. Funcionava num imóvel localizado na esquina da rua do Sol (Gal. Valadão), com a rua da Vitória (Gal. Siqueira), onde foi a residência de Francisco Teles de Mendonça (Chico de Miguel). Os responsáveis dessa novidade foram Filomeno Tavares de Souza (Santinho de Tetê), avô paterno de minha professora Carminha, esposa do fotógrafo Juarez Gois; e José da Cunha Melo (Zezé da Lagoa), pai de Zé Augusto Melo e de Bobó.

                      Nos anos quarenta surge o cinema moderno na cidade serrana, sendo o ilusionista José Mesquita da Silveira (Zeca Mesquita), o responsável por esta inovação, o Cine Popular.  Localizava-se na rua do Cisco (13 de maio), onde hoje funciona a Rádio Princesa da Serra AM. A estrutura do imóvel, eram de dois pavimentos para atenderem seus espectadores, o térreo e na parte de cima, ao lado da sala de projeção. Tinha um reservado, atrás da bilheteria, reservado a família de Zeca Mesquita, sem falar da poltrona cativa, na quarta fila, a terceira da direita para esquerda, prestígio do Dr. Gileno Almeida Costa. O filme só iniciava depois de sua chegada, era quando se anunciava, em voz alta, ao operador:

- O DR. GILENO CHEGOU!!

Agora sim, já podia iniciar a película. Nunca houve uma reclamação. Se ele ainda não chegou, é porque tinha alguém necessitando dos seus cuidados.

                     Inicialmente funcionava com uma máquina de projeção de 35 mm, alimentada a carvão. Depois veio a de 16 mm, que funciona com 02 máquinas, pois uma só não suportava, e com isso, havia uma pausa para efetuar a troca.

                     O grande inovador, Zeca Mesquita, era bem informado, lia muito jornais, além de escutar a Rádio Nacional em seu rádio de marca Pilot, o primeiro a chegar de Itabaiana. A noite, diante de seus informantes, recebe a notícia que acabava de chegar no Brasil duas máquinas de projetar filmes de 16 mm única, ou seja, não haveria necessidade de duas, portanto com essa nova aquisição era desnecessária a pausa.

                   No outro dia, logo cedo, Zeca Mesquita manda Reginaldo seu filho para São Paulo comprar a máquina de projetar filmes, a pouco citada. Resultado, das duas máquinas chegada no Brasil, uma foi para Itabaiana.

                  Tinha como operadores, entre outros, Zé Silveira, Paulinho de Doci, Antônio de Doci, Petrônio, e Agnélio.

                  Depois o Cine Popular pertenceu a Tênysson Melo de Oliveira (Tênyson da Farmácia), seu genro, passando a se chamar Cine Teny, homenageando sua única filha. Foi nessa época que assisti filmes como A Árvore da Vida, E O Vento Levou, e outros. E por fim, pertenceu a José Queiroz da Costa, voltando a ser Cine Popular.

                   O Cine Popular, na época de Zeca Mesquita, não oferecia somente entretenimento da sétima arte a comunidade serrana, oferecia apresentações teatrais dirigida por Zé Bezerra, Iracema (irmã) e Didi, que formou família com Seu Zeca.

                   Tinha, também, programas de calouros, comandada pelo conjunto musical Os Piratas do Ritmo, assim composto:

Apresentador – Zé Silveira e Dadá de Percílio

Crooner – Geová (pai da dra. Diana) e Elízio Araújo

Violão – Filadelfo Araújo

Cavaquinho – Pai Veio (cunhado de Borrachinha

Clarinete – Pedro Funileiro e Sérgio (tio de Debinha)

Patrocínio – Loja Andrade (do proprietário Abílio Andrade), com o seguinte refrão:

Do alto da serra ao sertão

Do lar a cidade

Todos dizem com razão

Comprar só na Loja Andrade.

Quem recitasse esse proverbio da Loja Andrade diante da plateia, sem ler, recebia comoprêmio uma Camisa Tricoline Pauliusta de seu proprietário.

                    Mais uma do ilusionista trazendo entretenimento a comunidade serrana. Fico a imaginar, como seria Itabaiana sem Zeca Mesquita.

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Grupo Academia Itabaianense de Letras

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