Publicado originalmente no site Cinematográfico, em 20 de dezembro de 2016
Os Oito Odiados – Dentro da sala de projeção
“Os Oito Odiados” teve um processo de produção e exibição
bastante nostálgico, após sua finalização houve um “Roadshow” que percorreu os
EUA exibindo o filme em 70mm. O objetivo era trazer de volta um pouco da
atmosfera das décadas de 50 e 60, onde filmes faziam suas estreias e exibições
em grandes eventos, que são estes “Roadshows”.
O projecionista Matt Dickey teve a chance de trabalhar na
exibição do filme e gravou um vídeo de todo o processo (até pouco tempo
corriqueiro) de preparar um filme e projetá-lo para a plateia, ao som de Ennio
Morricone, que também assina a trilha sonora de “Os oito odiados”, o vídeo é um
convite à nostalgia.
Roadshow
Os “Roadshows” eram eventos em teatros com assentos
limitados, onde convidados não apenas assistiam ao filme, mas participavam de
um evento com programação, pausas e recepção. Vários clássicos foram lançados
dessa forma, como “E o vento levou” e “Ben-Hur”, o filme de Tarantino seguiu
todo este protocolo e foi lançando no Natal de 2015 simultaneamente nos EUA e
Canada para exibição em 70mm.
A atenção a detalhes da produção foi enorme, como a metragem
diferente entre a versão (única) exibida durante a “Roadshow” e que possuía 187
minutos e a versão “geral”, lançada com 20 minutos a menos. O filme foi gravado
em 65mm (Kodak Vision3 50D 5203, Vision3 250D 5207, Vision3 200T 5213, Vision3
500T 5219) e projetado em 70mm¹.
Mudança no Consumo
A aceleração da vida na era da informação também atingiu o
cinema, apesar do processo de produção de um filme ainda tomar meses e algumas
vezes até mesmo anos, sua exibição em si vem acelerando cada vez mais e
perdendo um pouco do peso de “evento” que possuía anteriormente.
Sem nos prendermos ao saudosismo, é preciso admitir que a
era digital trouxe inclusão ao cinema, antes apenas o blockbuster americano
produzia milhares de cópias em película e podia ter sua estreia mundial, mesmo
assim as pequenas cidades acabavam recebendo filmes até mesmo meses depois do
lançamento, exatamente pela necessidade da cópia física.
Mas é impossível dissociar a ida ao cinema da imersão que
ela sempre gerou, aquela sala com som, temperatura e tela projetadas
exclusivamente para que você sente-se e assista a uma obra que levou meses para
ficar pronta, no entanto, a aceleração da era da informação também afetou
diretamente a maneira como nos relacionamos com filmes.
É natural que os processos evoluam, mas há a perda de
“respiro” no cinema que acaba por diminuir sua força junto ao espectador, por
exemplo, há a perda dos pequenos momentos de escuridão e variação de luz na
projeção em película para a luz constante em nossos olhos na era digital.
Os esforços de Tarantino acabam sendo válidos para tentar
trazer de volta a opção por assistir a um filme em um ambiente de qualidade,
sem que seja apenas um momento em um passeio ou um encontro, assistir ao filme
passa a ser o evento de uma noite toda, com certeza isto soa muito bom para os
ouvidos de cinéfilos por aí.
Texto, imagem e vídeo reproduzidos dos sites: cinematografico e youtube
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