20th Century Fox: estúdio foi comprado pela Disney em 2017
Imagem: 20th Century Fox/Divulgação
Publicado originalmente no site da revista EXAME, em 18 de janeiro de 2020
Para se afastar de Trump, Disney tira o nome “Fox” do
estúdio 20th Century
A Disney está apagando qualquer vestígio da Fox na
companhia, com medo da polarização trazida pela emissora homônima
Por Carol Oliveira
Uma das marcas mais renomadas do mundo do entretenimento
deixou de existir. A Disney anunciou nesta sexta-feira 17 que vai deixar de
usar o nome “Fox” no estúdio 20th Century Fox, que a companhia comprou em 2017.
A companhia agora passará a se chamar somente 20th Century Studios.
O estúdio fazia parte do grupo 21st Century Fox (cujo nome
está um século adiante). O conglomerado de mídia inclui de séries como Os
Simpsons e canais como National Geographic. O nome geral do grupo já havia
deixado de existir com a fusão, quando seus departamentos foram incorporados à
outros braços da Disney. Agora, chegou a vez do estúdio 20th Century Fox.
A mesma mudança anunciada nesta semana valerá também para o
estúdio Fox Searchlight, que passará a se chamar Searchlight Pictures.
A aquisição do grupo 21st Century Fox custou à Disney 71,3
bilhões de dólares e só foi finalizada em 2019, após aprovação de órgãos
reguladores em diversas partes do mundo.
Segundo o jornal The New York Times, boa parte da motivação
para abolir o nome “Fox” das empresas vem do desejo de se afastar das polêmicas
do canal de notícias Fox News, que pertence ao empresário Rupert Murdoch e é
grande apoiador do presidente americano, Donald Trump.
O movimento acontece sobretudo em um cenário em que a
comunidade cinematográfica vem se unindo em torno de movimentos como o “Me Too”
(que pede a valorização das mulheres no cinema e fim do assédio), que tem
declarações anti-feministas de Trump como alguns dos alvos. A mudança de nomes
feita pela Disney acontece também no mês em que estreou no mundo inteiro o
filme “O escândalo”, sobre um ex-executivo da Fox acusado de assédio.
A Fox News fazia parte do grupo 21st Century Fox, mas não
foi comprado pela Disney e hoje faz parte do grupo de empresas que continuou
com Murdoch após a venda. O atual grupo de Murdoch passou a ser chamado de Fox
Corporation.
A história da Fox
Murdoch tomou controle da 21st Century na década de 80. O
estúdio 20th Century Fox, um dos seis maiores produtores de sucessos de
Hollywood, era um dos principais ativos do conglomerado de mídia.
O estúdio surgiu oficialmente em 1935, mas o nome “Fox”
passou a ser presença constante em filmes de Hollywood já em 1915. Na ocasião,
o imigrante húngaro William Fox fundou um estúdio que levava seu nome, batizado
de Fox Film Corporation. A crise de 1929 fez a empresa ter de se juntar a uma
concorrente, a Twentieth Century Pictures, o que levou à criação do 20th
Century Fox em 1935.
A mudança no nome feita pela Disney veio para valer, e o
e-mail dos funcionários do estúdio já foi alterado. O nome “Fox” também vai
sair dos logos das empresas, mas a imagem do logo, já clássica no mundo do
cinema, vai permanecer.
A nova cara da empresa vai ser mostrada ao público pela
primeira vez em fevereiro, quando estreiam os filmes “Downhill”, pela
Searchlight Pictures, e “The Call of the Wild”, com participação do ator
Harrison Ford, pela 20th Century (os filmes ainda não possuem nome em português).
O ano de 2020 tende a ser de consolidação para a Disney.
Além de fazer a digestão de todos os produtos da 21st Century comprados há dois
anos, a empresa verá os primeiros resultados do Disney+, serviço de streaming
que foi ao ar em novembro e juntou todo o imenso portfólio da empresa para
brigar com concorrentes como Netflix, HBO e Amazon Prime Video.
Com a fusão, o Disney+ conta tanto com clássicos da Disney
(e de suas empresas, como a Pixar) quanto com produtos da 21st Century, como a
série de desenhos “Os Simpsons”. Em dois meses no ar em países como Estados
Unidos e Canadá — e ainda sem chegar à Europa e ao Brasil –, o Disney+ já teve
mais de 40 milhões de downloads somente em celulares.
Streaming à parte, a produção de conteúdo também teve cifras
recordes na Disney nos últimos meses: com sucessos como O Rei Leão e Aladdin
refeitos, e sequências como Frozen 2, a empresa superou 11 bilhões de dólares
em bilheteria.
Texto e imagem reproduzidos do site: exame.abril.com.br
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