sexta-feira, 17 de abril de 2020

Crônica do Filme: O Destino do Poseidon, por Lilian Rocha


Publicado originalmente na Fanpage/Facebook/Lilian Rocha, em 17 de abril de 2020

O Destino do Poseidon
Por Lilian Rocha

Durante a minha adolescência, lá pelos anos 70, houve uma moda de filmes-catástrofe: ‘Aeroporto’, ‘Inferno na Torre’, ‘Tubarão’, ‘Terremoto’, ‘Terror na montanha russa’ e por aí vai...

Numa época sem muitas opções de lazer, sem shoppings, sem internet, sem celular, sem TV a cabo, sem videocassete, o cinema de rua era uma das únicas opções viáveis pra gente. Por isso, vi quase todos esses...

Mas o meu preferido, o que me fez ir ao cinema 3 vezes, foi, sem dúvida, “O destino do Poseidon”, a história de um desastre de navio. Cerca de vinte anos depois, teríamos ‘Titanic’, superando em tudo o Poseidon...

Tudo se passa a bordo de um transatlântico chamado ‘Poseidon’, batizado assim em homenagem a Poseidon, o deus dos mares, por julgarem que o navio era grande e invencível e nunca se afundaria, o mesmo blá, blá, blá...

Pois bem, na noite de réveillon, quando todos estão no salão principal do navio, assistindo ao show de uma cantora e aguardando, felizes, a chegada do ano novo, eis que uma onda gigantesca atinge o navio, virando-o de cabeça para baixo. A partir daí, começa o filme propriamente dito.

O cenário agora é outro. O casco do navio agora está em cima, bem como a caixa de máquinas e outras coisas que ficavam embaixo. E o grande desafio das pessoas é encontrar uma saída que os leve até o casco. Não é uma tarefa fácil, a julgar pelo tamanho do navio e principalmente pelo pânico que se instalou entre as pessoas, que a toda hora se esbarra em gente afogada e vê a água entrando rapidamente no navio...

Um dos passageiros é um padre que, com muita sensatez, começa a liderar um pequeno grupo, pois ele conhece o navio e tem mais noção de qual direção todos devem seguir.

E o filme vai acontecendo, tenso, com a água entrando rapidamente e impedindo uma passagem e tendo que buscar outra e mais outra...e mais outra...

Em dado momento, o padre e seu grupo encontra outro grupo maior, se dirigindo para outra direção que ele sabe que é a errada. Com muito esforço, tenta convencê-los a não irem por aquela direção, pois a saída para o casco fica justamente para a outra direção. No entanto, o grupo repudia os conselhos dele e continua seguindo na direção errada. Quando eles acham a suposta saída e abrem a porta, todos são rapidamente tragados pelo mar...

Não vou aqui contar o filme todo, pois estragaria o prazer de quem quiser vê-lo e também de quem gostaria de se deliciar com a bela canção que ficou famosa com esse filme “The Morning After”, de Maureen McGovern, e que ainda hoje me emociona muito, sempre que a ouço...

Mas não foi por acaso que esse filme me veio à lembrança esses dias. Sinto-me também a bordo de um gigantesco transatlântico, chamado Brasil, que foi atingido por uma onda violentíssima e agora se encontra completamente perdido, literalmente, de cabeça pra baixo...

E enquanto uns mais sensatos apontam a direção correta, outro grupo mais teimoso insiste em tomar a direção contrária...

Há perigo no nosso navio. Um perigo concreto, real. E enquanto uns tentam fechar as escotilhas para a água não entrar, outros insistem em abri-las...

E em vez de um ajudar o outro a se salvar, o que tenho visto é uma enorme perda de tempo e energia de muitos discutindo política, defendendo opiniões e atitudes indefensáveis, clamando pelas forças armadas, pelo fim da democracia e mais um monte de baboseiras...

Não sei que direção vocês vão seguir e nem percam seu tempo, tentando me fazer conhecer as razões pelas quais vocês escolheram este ou aquele caminho. Não quero saber.

A única coisa que eu queria e que mais me faria feliz nessa vida era estar em outro navio, sendo liderada por alguém digno da minha confiança e do meu respeito...

Texto e imagem reproduzidos da Fanpage/Facebook/Lilian Rocha

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