quarta-feira, 17 de junho de 2020

'Psicose', 60 anos do clássico de Alfred Hitchcock



Fotos reproduzidas do Google e postadas pelo blog 
para ilustrar o presente artigo

Texto publicado originalmente no site [huffpostbrasil.com], em 16 de junho de 2020

'Psicose', 60 anos: 9 coisas que você não sabia sobre o clássico de Alfred Hitchcock

O filme mais assustador do Mestre do Suspense estreou em nova York no dia 16 de junho de 1960.

By Rafael Argemon

O texto abaixo contém spoilers de um filme com 60 anos de idade.

Poucos filmes conseguem transcender o rótulo de clássico e se transformam em ícones da cultura pop. Psicose, que completa nesta terça (16) 60 anos de sua estreia nos Estados Unidos, conseguiu fazer isso em exatos 45 segundos.

Há muitas qualidades no filme mais assustador de Alfred Hitchcock (1899 - 1980), mas desde que foi exibida pela primeira vez, em algumas salas de cinema de Nova York, a famosa cena do banho em que a estrela do filme, Janet Leigh, é morta a facadas por Norman Bates (Anthony Perkins), ela entrou de vez para o imaginário do público.

Quem, ao ouvir aqueles acordes estridentes de violino criados por Bernard Herrmann - compositor parceiro de longa data do Mestre do Suspense - não os relaciona automaticamente ao assassinato?

A crítica, porém, não recebeu o filme muito bem quando ele foi lançado. O considerou vulgar e cheio de truques. Psicose era um projeto muito diferente do filme anterior de Hitchcock, o thriller de espionagem Intriga Internacional (1959). Era um filme de baixo orçamento baseado em um livro pulp e que na metade de sua duração quebrava uma regra sagrada de Hollywood: matava sua protagonista!

A fórmula para o fracasso? Muito pelo contrário. O cineasta inglês, que bancou boa parte da produção do próprio bolso, nunca faturou tanto em sua vida. Os estúdios Paramount não acreditavam muito no projeto e Hitch abriu mão de seu salário de diretor por 60% do valor arrecada nas bilheterias. O resultado? Psicose custou parcos US$ 800 mil e faturou cerca de US$ 50 milhões. Uma soma astronômica para 1960.

Psicose marcou a quinta e última vez que Hitchcock seria indicado ao Oscar de Melhor Diretor. Sim, você leu certo: Alfred Hitchcock nunca ganhou um Oscar de Melhor Direção. A Academia concedeu a ele apenas o Irving G. Thalberg, em 1968. Um tipo de prêmio de consolação pelo conjunto da carreira.

O reconhecimento do velho Hitch como um grande diretor demorou um pouco para acontecer e veio de um lugar inesperado, da França. Diferente do rótulo de cineasta populista que tinha nos Estados Unidos, Hitchcock era endeusado por um grupo de críticos da revista Cahiers du Cinema. Entre eles, François Truffaut, Jean-Luc Godard e Claude Chabrol, que logo se tornariam os pilares de um movimento que marcou a história do cinema, a Nouvelle Vague.

A admiração deles pela obra do Mestre do Suspense era tão grande que Truffaut reuniu uma série de entrevistas que fez com Hitchcock em um livro obrigatório para qualquer fã de cinema: Hitchcock/Truffaut.

A partir daí, os filmes do diretor inglês começaram a ser revisados e o mundo acabou se dando conta da genialidade do mestre, que unia criatividade ímpar, domínio absoluto das técnicas e apelo popular. E um dos maiores exemplos dessa fórmula infalível é Psicose.

Por conta disso, e para celebrar o aniversário desse clássico, selecionamos oito curiosidades sobre Psicose que você provavelmente não conhecia:

A famosa cena do chuveiro sem música?

Hitchcock não queria música na famosa cena do chuveiro. Ele queria que ela fosse brutal e seca, mas o compositor Bernard Herrmann, seu parceiro de longa data, resolveu fazer um tema para a sequência mesmo assim. Quando ele mostrou ao diretor a icônica peça com um som de violino estridente que simula as facadas de Norman Bates, Hitchcock se apaixonou pelo tema e mudou de ideia na hora. Ainda bem, porque ninguém consegue imaginar a cena sem a música de Herrmann.

Vida privada

Não sei se você percebeu na cena... (do banho), quando pouco antes de ser morta no chuveiro, Janet Leigh usa o vaso sanitário? Essa foi a primeira vez uma uma privada foi mostrada em um filme de Hollywood.

Fato e ficção

O romance do qual o filme foi adaptado é vagamente baseado no famoso assassino Ed Gein. Como Norman Bates, Gein tinha uma mãe dominadora que ele matou e manteve seu corpo preservado em casa, além de ocasionalmente usar as roupas dela.

Gein é um dos serial killers que aparecem na segunda temporada da série Mindhunter (2017 - ). Ele ficou famoso por profanar túmulos e usar pele humana para costurar fantasias. Ele foi, aliás, uma das inspirações para a criação do serial killer Buffalo Bill, de O Silêncio dos Inocentes (1991).

Um detalhe: Gein viveu a apenas 64 km do autor do livro em que Psicose se inspirou: Robert Bloch.

Uma verdadeira Pechincha!

Hitchcock pagou apenas US$ 9 mil pelos direitos de filmagem do romance escrito por Robert Bloch, que, aliás, o próprio diretor considerava uma porcaria. Mas como ele gostava de dizer: bons livros não rendem bons filmes.

Coach motivacional do inferno

Como é sabido, Hitchcock não era uma das pessoas mais amáveis no set. Principalmente com suas atrizes. Em Psicose, para manter Janet Leigh no clima, ele escondeu diferentes versões do boneco da mãe de Norman, Norma Bates, em locais escondidos dentro do camarim da estrela.

Uma Hitchcock diferente

As aparições relâmpago de Hitchcock em seus filmes eram tão famosas que as pessoas ficavam procurando pelo diretor na tela. Algumas eram bem fáceis de achar, mas em Psicose foi bem complicado. Ele aparece de costas e usando um chapéu de cowboy do lado de fora do escritório onde trabalha Marion Crane (Janet Leigh).

Mas neste mesmo escritório há uma participação especial de outra Hitchcock. A filha do cineasta, Patricia, que no filme interpreta a colega de trabalho de Marion, Caroline.

Campanha anti-spoiler não funcionou tão bem

Apesar das muitas medidas de Hitchcock para manter o projeto de Psicose em segredo e evitar qualquer spoiler, revistas famosas como a Variety e o The Hollywood Reporter publicaram matérias que entregaram detalhes da produção.

Isso irritou tanto o diretor, que ele proibiu a liberação de fotos das principais cenas do filme e os críticos não puderam assistir Psicose antes do público. Isso, aliás, acabou prejudicando um pouco o marketing do filme em sua semana de estreia. 

Política de tolerância zero para atrasados

Você é daqueles que chegam no cinema com o filme já rolando? Então teria dificuldades para ver Psicose no cinema. O próprio Hitchcock instruiu todos as salas que exibiam o filme a não deixar absolutamente ninguém entrar após o início da sessão para não estragar a surpresa.

“Foi de propósito que matei a estrela, pois assim o crime era mais inesperado ainda. Aliás, foi por isso que insisti para que não deixassem o público entrar depois de o filme ter começado, pois os retardatários ficariam esperando o momento de ver Janet Leigh, quando na verdade ela já teria deixado a tela e morrido!”, disse o cineasta na famosa entrevista que deu para o colega François Truffaut.

De arrepiar os cabelos

Vera Miles, atriz que interpretou Lila Crane, irmã de Marion que acaba descobrindo o corpo de Norma Bates do porão da casa, usou uma peruca o filme todo. Ela tinha raspado a cabeça para fazer um papel em Cinco Mulheres Marcadas (1960), filmado pouco antes de Psicose, e não dava para esperar que seus cabelos crescessem novamente.

Texto reproduzido do site: huffpostbrasil.com

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