...E o Vento Levou - Warner/Divulgação
Publicado originalmente no site da revista VEJA, em 10 de junho de 2020
‘…E o Vento Levou’ é retirado de streaming após campanha
antirracista
Longa de 1939 mostra escravos conformados e proprietários
brancos como heróis
Por Eduardo F. Filho
A HBO Max, serviço de streaming do canal pago HBO, nos
Estados Unidos, retirou de seu catálogo na noite desta terça-feira, 9, o filme
…E o Vento Levou. Vencedor de dez estatuetas no Oscar, incluindo de melhor
filme, o longa de 1939, que fala sobre a Guerra Civil americana, tem sido há
tempos tratado por críticos com racista. “…E o Vento Levou é um produto de seu
tempo e contém alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, têm
sido comuns na sociedade americana. Estas representações racistas estavam
erradas na época e estão erradas hoje, e sentimos que manter este título
disponível sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria
irresponsável”, afirmou um porta voz da rede sobre a exclusão. A ação acontece
em meio a diversos protestos antirracistas e contra a brutalidade policial nos
Estados Unidos e no mundo.
Uma das maiores bilheterias da história do cinema mundial, o
longa acompanha a história de amor entre a mimada e rica Scarlett O’Hara
(Vivien Leigh) e o nobre sulista Ashley Wilkes (Leslie Howard), que deve se
casar com a prima de Scarlett, Melanie. Ao fundo, são retratados escravos
conformados e proprietários tidos como heróis.
John Ridley, autor do também ganhador do Oscar 12 Anos de
Escravidão, escreveu um artigo no jornal Los Angeles Times na segunda-feira, 8,
pedindo que o filme …E O Vento Levou fosse retirado de todas as plataformas
pois o longa “ignora os horrores da escravidão e perpetua alguns dos
estereótipos mais dolorosos das pessoas negras”.
A HBO Max garantiu que a produção voltará ao catálogo junto
com uma discussão de seu contexto histórico, porém sem uma data definida, e que
o longa não sofrerá alterações ou cortes. “Se vamos criar um futuro mais justo,
equitativo e inclusivo, nós devemos primeiro reconhecer e entender nossa
história”, afirmou.
Hattie McDaniel, que interpretou o papel de Mammy, criada da
protagonista, venceu o primeiro Oscar entregue a uma pessoa negra da história.
Na ocasião, ela se sentou separada dos demais artistas, já que negros não
poderiam participar da cerimônia.
A retirada do filme acontece em meio aos protestos contra o
racismo nos Estados Unidos após a morte brutal do ex-segurança negro George
Floyd no dia 25 de maio, que aumentou as tensões por todo o planeta, culminando
na derrubada de estátuas que representam personalidades históricas que
colaboravam com a escravidão, como aconteceu com a estátua do traficante de
escravos Edward Colston na Inglaterra.
Texto e imgens reproduzidos do site: veja.abril.com.br
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