Cartaz do filme “Casei-me com um nazista”,
reproduzido do Google, pelo blog 'Cinemateca da Saudade',
para ilustrar o presente artigo
Texto publicado originalmente no site do Portal INFONET (Blog GETEMPO), em 10/09/2015
O Cinema em Aracaju na Segunda Guerra
Por Caroline de Alencar Barbosa (blog GETEMPO) *
Trabalho apoiado pelo projeto "Quando a Guerra chegou
ao Brasil: Ataques submarinos e memórias nos mares de Sergipe e Bahia
(1942-1945)", Edital Universal CNPq 2014.
Durante o período que compreende a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) a cidade de Aracaju recebia as notícias do conflito principalmente
através das páginas dos jornais e suas manchetes. Dessa maneira criou-se a
ideia de que a guerra permanecia distante e restrita àquelas notícias.
Analisando os jornais da época como “Correio de Aracaju” e
“Folha da Manhã”, percebemos que os cinemas consistiam em locais que, além de
serem espaços de sociabilidade e entretenimento da população aracajuana,
traziam as últimas notícias acerca do conflito.
Em meados de 1942 os cine jornais, noticiários que eram
apresentados antes das exibições das películas, traziam as novidades sobre a
guerra. Em junho de 1942, no cinema REX o jornal da guerra apresentava aos seus
frequentadores “a batalha do mar de coral e outros aspectos da guerra nesses
últimos tempos” Correio de Aracaju (p.2). A batalha do Mar de Coral ocorreu
entre 4 e 8 de maio de 1942 e consistiu em um embate onde, de um lado se
apresentavam os americanos e australianos e do outro o Japão.
Mas, poucos meses depois, após os torpedeamentos a navios
mercantes brasileiros em agosto de 1942 entre os mares de Bahia e Sergipe a
guerra tornou-se um assunto do cotidiano da cidade de Aracaju. O episódio onde
corpos dos tripulantes e restos de cargas dos navios torpedeados chegam às
praias aracajuanas trouxe a consciência de que o conflito não era mais algo
distante.
Após esse fato a insatisfação popular em diversos locais do
Brasil pressiona o governo a tomar uma posição e dessa maneira o Brasil declara
guerra às potências do Eixo. Blackouts, racionamento, carestia e vigilância
constante passam a fazer parte do cotidiano da cidade.
Uma nova ordem que se estabeleceu após os torpedeamentos com
diversas restrições como, por exemplo, o toque de recolher. No que diz respeito
aos cinemas percebe-se como alguns costumes passam a ser considerados
condenáveis por parte dos cidadãos. Os cinemas deveriam exibir suas películas a
partir das 17 ½ horas e relógios deveriam ser instalados em locais visíveis ao
público. O que se anuncia a partir de uma notícia no Correio de Aracaju em 1943
é a insatisfação dos “habitués” dos cinemas em relação aos donos dos
estabelecimentos, que descumpriam as ordens vigentes. Afirmava-se que “a
projeção só começava à vontade do seu proprietário, isto é, às 19,40, 19,50 e
20 horas” (p.2).
Nesses cinemas eram exibidos filmes relacionados ao conflito
como, por exemplo, “Comboio” que fora realizado durante batalhas reais da
Marinha Inglesa e “Casei-me com um nazista”, que narra a história de uma
americana que se casa com um alemão e a partir disso passa a “sofrer com as
consequências da alucinação nazista do marido” Correio de Aracaju (p.3). Ambos
foram apresentados no cinema Rio Branco em 1943. Os jornais de guerra foram
mantidos no que se intitulava um “programa antinazista”.
Os cinemas consistem até os dias atuais em espaços de lazer
que, além do entretenimento, proporcionam ao seu público interpretações sobre
aspectos do cotidiano. Da mesma maneira, os cinemas aracajuanos durante a
Segunda Guerra Mundial se caracterizavam como espaços de socialização, além de informar
sobre os principais acontecimentos relacionados ao conflito e suas implicações.
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* Caroline de Alencar Barbosa.
Graduanda em História na Universidade Federal de Sergipe.
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS) - Bolsista Cnpq do projeto Quando a guerra chegou ao Brasil: ataques submarinos e memórias nos mares de Sergipe e Bahia (1942-1945) e-mail: caroline@getempo.org
Graduanda em História na Universidade Federal de Sergipe.
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS) - Bolsista Cnpq do projeto Quando a guerra chegou ao Brasil: ataques submarinos e memórias nos mares de Sergipe e Bahia (1942-1945) e-mail: caroline@getempo.org
Orientador - Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard
Texto reproduzido do site: infonet.com.br
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