quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

'2001: Uma odisseia no espaço', de Stanley Kubrick, completa 50 anos

Cena do filme '2001: Uma odisseia no espaço', de 
Stanley Kubrick, que estreou nos Estados Unidos em 2 de abril de 1968 
e completa 50 anos nesta segunda-feira (2) — Foto: Divulgação

Publicado originalmente no site G1 Globo, em 2/04/2018

'2001: Uma odisseia no espaço', de Stanley Kubrick, completa 50 anos

Clássico da ficção científica com roteiro do escritor Arthur C. Clarke estreou em 2 de abril de 1968

Por G1

Nesta segunda-feira (2 de abril de 2018), faz exatamente 50 anos que "2001: Uma odisseia no espaço", de Stanley Kubrick (1928-1999), foi exibido pela primeira vez. O clássico da ficção científica é considerado um dos maiores filmes de todos os tempos e teve grande impacto cultural e social.

A première aconteceu em Washington, nos Estados Unidos, em 2 de abril de 1968. No dia seguinte, chegou ao circuito oficial americano. Nos cinemas do Brasil, entrou em cartaz no dia 29 daquele mês.

Com roteiro assinado pelo próprio cineasta em parceria com o escritor Arthur C. Clarke (1917-2008), o longa foi indicado ao Oscar em quatro categorias:

> Melhor direção de arte
> Melhor roteiro original
> Melhor direção
> Melhores efeitos visuais (só ganhou nesta)

'Obra-prima que não seja lixo'

Cena de '2001: Uma odisseia no espaço', 
de Stanley Kubrick — Foto: Divulgação 

"2001: Uma odisseia no espaço" era um projeto bastante ambicioso de seu diretor, conhecido por seu perfeccionismo meio obsessivo. Não por acaso, associou-se a um dos mais cultuados autores de ficção científica da história da época.

Em 1964, ao convidar Clarke para o projeto, Kubrik que queria "fazer o primeiro filme de ficção científica que não seja considerado lixo", informa o material de divulgação do livro " 2001: Uma odisseia no espaço – Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke e a criação de uma obra-prima", lançado agora no Brasil pela editora Todavia.

Com orçamento de US$ 12 milhões (muito dinheiro na Hollywood da década de 1960) e investimento pesado em técnicas e equipamentos de filmagem, arrecadou US$ 56,7 milhões no "mercado doméstico", que inclui Estados Unidos e Canadá.

Em valores corrigidos, isso dá US$ 365 milhões, de acordo com o site Box Office Mojo, que monitora números do setor.

Crítica dividida na época

Cena de '2001: Uma odisseia no espaço' 
Foto: Divulgação 

Mas a recepção imediata naquele 2 de abril de 1968 não foi unanimemente positiva.

A crítica Renata Adler, do jornal "The New York Times", cravou: "É algo entre o hipnótico e o imensamente chato". Nas revistas "Variety" e "The New Republic", os termos usados para avaliar o longa foram "monumentalmente sem imaginação", "um desastre", "um fiasco" e "pretensioso".

Após sessões da pré-estreia e com a produção já em cartaz, Kubrick cortou o filme, que passou a ter 149 minutos (ou 19 minutos a menos que a versão original).

Por outro lado, a prestigiosa revista "The New Yorker" descreveu "2001: Uma odisseia no espaço" como "um trabalho inesquecível".

Para a "Time", aquele era "um épico brilhantemente dirigido". O jornal "Boston Globe" foi ainda mais longe: "o filme mais extraordinário do mundo".

É para confundir, não explicar

Cena de '2001: Uma odisseia no espaço' - Foto: Divulgação
  
Na época do lançamento, Arthur C. Clarke se saiu com esta: "Se alguém entender o filme completamente, falhamos. Queríamos fazer mais perguntas do que responder".

Já Stanley Kubrick declarou à revista "Playboy", sobre a mensagem da obra: "Você gostaria que Leonardo Da Vinci tivesse escrito abaixo na 'Monalisa': 'Esta moça está sorrindo porque ela tem um dente podre'? Eu não quero que isso aconteça com '2001'".

O diretor resumia o trabalho como "uma experiência intensamente subjetiva". Ele ainda dizia: "Se o filme conseguir atingir pessoas que nunca pararam para pensar no destino do Homem, terá tido sucesso".

Curiosidade: "2001: Uma odisseia no espaço" não tem nenhum diálogo nos primeiros 25 minutos nem nos últimos 23 minutos. Contando esses longos "silêncios" e outros esparços ao longo do filme, o total é de 88 minutos sem conversas.

Do que trata '2001', afinal?

Cena clássica da primeira das quatro partes de '2001:
Uma odisseia no espaço' — Foto: Divulgação 

"2001: Uma odisseia no espaço" divide-se em quatro partes:

A aurora do homem: aqui, primatas lutam pela sobrevivência em um deserto onde há um monolito alienígena. É deste segmento a cena clássica em que um ancestral do homem descobre que pode usar um osso tanto como ferramenta quanto como arma e depois arremessa o objeto para o lato, marcando a transposição da pré-história para o futuro, com o surgimento de uma nave espacial. A trilha marcante tem "Assim falou Zaratrustra", de Richard Strauss.

Viagem à estação espacial: um avião futurista leva o doutor Heywood R. Floyd (William Sylvester) a uma estação espacial que está na órbita da Terra. Uma passagem conhecida desta parte é a videconferência entre o doutor Floyd e a filha pequena. Também há um conflito a respeito de uma epidemia em uma base lunar.

Mmissão Júpiter: aqui, vemos a rotina dos astronautas Dave Bowman (Keir Kullea) e Frank Poole (Gary Lockwood) na Discovery One. É nesta nave que está o famoso supercomputador HAL 9000, máquina sobre a qual pairam dúvidas se tem emoções humanas. Os limites da inteligência artificial em debate.

'Para além do infinito': no desfecho, Dave Bowman faz uma reveladora viagem no espaço-tempo. Fundem-se versões dele mesmo mais velho e um ser parecido com um feto humano.

O filme "2001: Uma Odisséia no Espaço", 
dirigido por Stanley Kubrick 
 Foto: Divulgação 

Livro e filme

Depois de lançar a bem-sucedida comédia "Dr. Fantástico" (1964), Kubrick ficou com vontade de rodar uma ficção científica que retratasse extraterrestres. Por isso, resolveu procurar Clarke.

Inicialmente, o autor sugeriu a adaptação de um conto que ele havia escrito, "The sentinel" – em parte, por conta de cenas na lua.

Mais tarde, já quando se decidiram por "2001: Uma odisseia no espaço", tocaram dois projetos em paralelo: o roteiro do próprio filme e um romance de mesmo nome, que Clarke acabou lançando meses depois da estreia do longa.

O diretor Stanley Kubric 
Foto: Fundação Cultural de Curitiba 


Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com

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