Cena do filme '2001: Uma odisseia no espaço', de
Stanley Kubrick, que estreou nos Estados Unidos em 2 de abril de 1968
e completa 50 anos nesta segunda-feira (2) — Foto: Divulgação
Publicado originalmente no site G1 Globo, em 2/04/2018
'2001: Uma odisseia no espaço', de Stanley Kubrick, completa
50 anos
Clássico da ficção científica com roteiro do escritor Arthur
C. Clarke estreou em 2 de abril de 1968
Por G1
Nesta segunda-feira (2 de abril de 2018), faz exatamente 50 anos que
"2001: Uma odisseia no espaço", de Stanley Kubrick (1928-1999), foi
exibido pela primeira vez. O clássico da ficção científica é considerado um dos
maiores filmes de todos os tempos e teve grande impacto cultural e social.
A première aconteceu em Washington, nos Estados Unidos, em 2
de abril de 1968. No dia seguinte, chegou ao circuito oficial americano. Nos
cinemas do Brasil, entrou em cartaz no dia 29 daquele mês.
Com roteiro assinado pelo próprio cineasta em parceria com o
escritor Arthur C. Clarke (1917-2008), o longa foi indicado ao Oscar em quatro
categorias:
> Melhor direção de arte
> Melhor roteiro original
> Melhor direção
> Melhores efeitos visuais (só ganhou nesta)
'Obra-prima que não seja lixo'
Cena de '2001: Uma odisseia no espaço',
de Stanley Kubrick —
Foto: Divulgação
"2001: Uma odisseia no espaço" era um projeto
bastante ambicioso de seu diretor, conhecido por seu perfeccionismo meio
obsessivo. Não por acaso, associou-se a um dos mais cultuados autores de ficção
científica da história da época.
Em 1964, ao convidar Clarke para o projeto, Kubrik que
queria "fazer o primeiro filme de ficção científica que não seja
considerado lixo", informa o material de divulgação do livro " 2001:
Uma odisseia no espaço – Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke e a criação de uma
obra-prima", lançado agora no Brasil pela editora Todavia.
Com orçamento de US$ 12 milhões (muito dinheiro na Hollywood
da década de 1960) e investimento pesado em técnicas e equipamentos de
filmagem, arrecadou US$ 56,7 milhões no "mercado doméstico", que
inclui Estados Unidos e Canadá.
Em valores corrigidos, isso dá US$ 365 milhões, de acordo
com o site Box Office Mojo, que monitora números do setor.
Crítica dividida na época
Cena de '2001: Uma odisseia no espaço'
Foto: Divulgação
Mas a recepção imediata naquele 2 de abril de 1968 não foi
unanimemente positiva.
A crítica Renata Adler, do jornal "The New York
Times", cravou: "É algo entre o hipnótico e o imensamente
chato". Nas revistas "Variety" e "The New Republic",
os termos usados para avaliar o longa foram "monumentalmente sem
imaginação", "um desastre", "um fiasco" e
"pretensioso".
Após sessões da pré-estreia e com a produção já em cartaz,
Kubrick cortou o filme, que passou a ter 149 minutos (ou 19 minutos a menos que
a versão original).
Por outro lado, a prestigiosa revista "The New
Yorker" descreveu "2001: Uma odisseia no espaço" como "um
trabalho inesquecível".
Para a "Time", aquele era "um épico
brilhantemente dirigido". O jornal "Boston Globe" foi ainda mais
longe: "o filme mais extraordinário do mundo".
É para confundir, não explicar
Cena de '2001: Uma odisseia no espaço' - Foto: Divulgação
Na época do lançamento, Arthur C. Clarke se saiu com esta:
"Se alguém entender o filme completamente, falhamos. Queríamos fazer mais
perguntas do que responder".
Já Stanley Kubrick declarou à revista "Playboy",
sobre a mensagem da obra: "Você gostaria que Leonardo Da Vinci tivesse
escrito abaixo na 'Monalisa': 'Esta moça está sorrindo porque ela tem um dente
podre'? Eu não quero que isso aconteça com '2001'".
O diretor resumia o trabalho como "uma experiência
intensamente subjetiva". Ele ainda dizia: "Se o filme conseguir
atingir pessoas que nunca pararam para pensar no destino do Homem, terá tido
sucesso".
Curiosidade: "2001: Uma odisseia no espaço" não
tem nenhum diálogo nos primeiros 25 minutos nem nos últimos 23 minutos.
Contando esses longos "silêncios" e outros esparços ao longo do
filme, o total é de 88 minutos sem conversas.
Do que trata '2001', afinal?
Cena clássica da primeira das quatro partes de '2001:
Uma
odisseia no espaço' — Foto: Divulgação
"2001: Uma odisseia no espaço" divide-se em quatro
partes:
A aurora do homem: aqui, primatas lutam pela sobrevivência
em um deserto onde há um monolito alienígena. É deste segmento a cena clássica
em que um ancestral do homem descobre que pode usar um osso tanto como
ferramenta quanto como arma e depois arremessa o objeto para o lato, marcando a
transposição da pré-história para o futuro, com o surgimento de uma nave
espacial. A trilha marcante tem "Assim falou Zaratrustra", de Richard
Strauss.
Viagem à estação espacial: um avião futurista leva o doutor
Heywood R. Floyd (William Sylvester) a uma estação espacial que está na órbita
da Terra. Uma passagem conhecida desta parte é a videconferência entre o doutor
Floyd e a filha pequena. Também há um conflito a respeito de uma epidemia em
uma base lunar.
Mmissão Júpiter: aqui, vemos a rotina dos astronautas Dave
Bowman (Keir Kullea) e Frank Poole (Gary Lockwood) na Discovery One. É nesta
nave que está o famoso supercomputador HAL 9000, máquina sobre a qual pairam
dúvidas se tem emoções humanas. Os limites da inteligência artificial em
debate.
'Para além do infinito': no desfecho, Dave Bowman faz uma
reveladora viagem no espaço-tempo. Fundem-se versões dele mesmo mais velho e um
ser parecido com um feto humano.
O filme "2001: Uma Odisséia no Espaço",
dirigido
por Stanley Kubrick
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Livro e filme
Depois de lançar a bem-sucedida comédia "Dr.
Fantástico" (1964), Kubrick ficou com vontade de rodar uma ficção científica
que retratasse extraterrestres. Por isso, resolveu procurar Clarke.
Inicialmente, o autor sugeriu a adaptação de um conto que
ele havia escrito, "The sentinel" – em parte, por conta de cenas na
lua.
Mais tarde, já quando se decidiram por "2001: Uma
odisseia no espaço", tocaram dois projetos em paralelo: o roteiro do
próprio filme e um romance de mesmo nome, que Clarke acabou lançando meses
depois da estreia do longa.
O diretor Stanley Kubric
Foto: Fundação Cultural de Curitiba
Foto: Fundação Cultural de Curitiba
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com
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