domingo, 30 de dezembro de 2018

Entrevista | A paixão pelo cinema musical de Fernando Pompeu


Publicado originalmente no site G1 Globo/SP., em 22/06/2016

Entrevista | A paixão pelo cinema musical de Fernando Pompeu

Por André Azenha

Fernando Pompeu é cineasta de Santos, 62 anos, mais da metade deles dedicados à arte, é figura conhecida do meio teatral e musical da Baixada Santista. Maquiador, diretor, coordenador e fundador do Broadway Voices, nutre paixão imensurável pelo teatro, especialmente o musical. O que talvez muitas pessoas não conheçam é sua paixão pelo cinema. Ou não conheciam até este ano, quando ele passou a realizar, todas as sextas-feiras, sempre 16h, de forma gratuita, no Museu da Imagem e do Som de Santos, a mostra que homenageia os principais filmes musicais.

Nesta sexta-feira (24), por exemplo, será a vez do público conferir “Sinfonia de Paris” (1952), de Vincent Minelli e estrelado por Gene Kelly. O longa ganhou o Oscar de melhor filme. Aliás, todas as produções exibidas atualmente pelo projeto receberam a principal estatueta da Academia. Para as próximas sextas estão agendadas sessões de “Gigi”, “West Side Story”, “My Fair Lady”, “A Noviça Rebelde” e “Oliver!”.

Todos os filmes que integram o projeto fazem parte do acervo pessoal de Pompeu, que reúne mais de três mil títulos devidamente catalogados em seu apartamento.  “Como sempre fui fã de cinema, quando começaram a sair as fitas em VHS comecei a colecioná-las – queria ter meus filmes preferidos à mão quando quisesse assisti-los. Logo depois com o advento do DVD fui trocando os filmes, acabou virando um ‘hobby’ e agora devo ter mais de três mil títulos. Possuo um catálogo que fiz classificando por: gênero e ordem cronológica do ano de produção”, afirma.

De acordo com o organizador, a resposta do público é positiva. Antes, Pompeu costumava fazer sessões de filmes musicais para membros do Broadway Voices, o Cine BV, dentro de casa, com o intuito de aprofundar o conhecimento dos membros do grupo a respeito dos musicais. Em 2016, ele procurou a coordenadoria do MISS e levou o Cine BV para o espaço público. As exibições para o grupo continuam. E às sextas acontece a mostra “Musicais no MISS”.

Um projeto muito bacana, tocado por quem conhece do assunto e que reforça a estreita relação da sociedade santista com a sétima arte. O cinema musical, por sinal, vez ou outra é vítima de preconceito. Mas na região costuma atrair um bom público, como pôde ser visto em sessões comemorativas de 50 anos dos filmes “Mary Poppins” e “A Noviça Rebelde”, respectivamente em 2014 e 2015, realizadas no Cine Roxy, com participação por outro apaixonado por musicais, Waldemar Lopes. Ou ainda na pré-estreia do filme “Os Miseráveis”, em 2013, no Roxy 4, quando o Broadway Voices realizou um flash mob memorável.
Abaixo, um bate-papo com Fernando Pompeu sobre a mostra “Musicais no MISS” e um pouco sobre sua carreira. O Museu da Imagem e do Som de Santos fica na Avenida Pinheiro Machado, 48, piso térreo do Teatro Municipal.

Coleção de filmes de Fernando Pompeu ocupa várias estantes
  

 Quando e como surgiu a ideia de fazer uma mostra de filmes musicais no MISS?

A ideia de fazer esta parceria surgiu há dois anos, em 2014, através do Marco, que era integrante do Broadway Voices na época e conhecia a Raquel Pellegrini (coordenadora do departamento de cinemas da Prefeitura de Santos). Ele frequentava o Cine que eu fazia em casa na época. Ele conversou com a Raquel, que se interessou e pediu apenas um tempo, pois na ocasião ia começar a reforma do cinema no MISS. Este ano quando vi que o MISS já estava com programação entrei em contato com a Raquel, que imediatamente concordou que começássemos.

Desde quando você tem essa paixão por musicais e como eles têm influenciado sua vida pessoal e profissional?

Minha paixão por musicais vem desde a infância. Sempre curti muito cinema e principalmente os musicais, pois minha vida sempre foi voltada para a música (sou formado em música nível superior). O filme que primeiro me despertou este interesse em musicais foi "The Sound of Music" (“A Noviça Rebelde”). A influência na vida pessoal e profissional foi tão grande que depois de me formar em música fiz Artes Cênicas e sou Diretor Musical do Coro Cênico Broadway Voices desde 2012.

Você possui uma grande coleção de DVDs, bem organizada e catalogada. Conte um pouco como você faz pra catalogar, quantos filmes tem e como surgiu essa vontade de colecionar filmes.

Sim, tenho uma grande coleção de DVDs. Como sempre fui fã de cinema, quando começaram a sair as fitas em VHS comecei a colecioná-las – queria ter meus filmes preferidos à mão quando quisesse assisti-los. Logo depois com o advento do DVD fui trocando os filmes, acabou virando um ‘hobby’ e agora devo ter mais de três mil títulos. Possuo um catálogo que fiz classificando por: gênero e ordem cronológica do ano de produção.

Como tem sido a recepção da mostra de musicais no MISS?

A recepção tem sido muito boa. Estamos formando um público que vem aumentando a cada semana e que queremos aumentar mais ainda. Na verdade temos duas programações: o CINE BV convida que acontece sempre na primeira e terceira quartas de cada mês às 19:30 horas com uma programação escolhida pela Direção Musical do BV. É uma continuação do que vinha acontecendo em minha casa desde 2012. E também temos o "Musicais no MISS", sextas às 16h, cuja programação é feita através de mim e da Raquel Pellegrini. Começamos em abril com o Ciclo Bob Fosse, em maio tivemos o fabuloso documentário "História da Broadway e dos Musicais Americanos" em seis episódios e agora em junho e julho teremos os Musicais que Ganharam o Oscar de Melhor Filme. Para agosto estamos pensando ainda qual será o ciclo.

Os filmes musicais sofrem certo preconceito ou rejeição por parte do público e poucos filmes do gênero têm sido lançados nos últimos anos. Como você enxerga essa situação?

Os filmes musicais sempre foram mais direcionados a uma plateia mais específica de fãs do teatro musical, músicos, cantores, fãs de operetas, etc. Talvez seja por isto. Muita gente também tem um pré-conceito sem nem ao menos ter visto o filme, pois comentam: "Ah, começa aquela cantoria. Não tenho paciência". O que é uma pena pois às vezes deixam de apreciar uma obra de arte. Mesmo assim acho que em virtude de grandes sucessos do teatro musical ultimamente está acontecendo o interesse em levar para as telas as versões cinematográficas destes espetáculos como "Chicago", "Mamma Mia!", "Caminhos da Floresta", "Les Misérables", entre outros.

Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/sp

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